A menos de um mês de começarmos nossa viagem de volta ao mundo, muitos se perguntam sobre o roteiro —sem falar da famosa pergunta “vocês vão para xxx?”.
A primeira temporada, que prevemos durar 14 meses, engloba África e Oriente Médio, regiões onde o turismo é menos explorado. Em outras palavras, há menos informações sobre hostel/hotel e de passeios para atrações turísticas.
O início de tudo será na Tunísia, no norte da África. Queríamos, originalmente, começar no Egito —afinal de contas, nada mais legal do que o ponto de partida ser a terra natal de faraós. Porém, como contornaremos o continente em direção ao oeste, o segundo país a ser percorrido por terra seria a Líbia, palco de conflitos recentes, o que nos fez repensar o trajeto.
Mesmo começando pela Tunísia, ainda tentaremos fazer uma incursão (o famoso bate-volta) até Trípoli, caso a embaixada líbia autorize nosso visto. Na sequência, iremos para a Argélia, outro país cujo visto ainda estamos no aguardo.
A próxima parada será Marrocos, logo à esquerda da Argélia. Coisa fácil, não? Pois é, não. Os dois países estão com as relações rompidas, e não tem como atravessar a fronteira, nem mesmo por voo direto entre as duas nações. O que faremos, caso tenhamos o visto argelino, é voltar de lá até a Tunísia, para então seguir de avião (ou barco?) até Casablanca. Percebe-se que a geopolítica será uma constante em nossa viagem.
Após Marrocos, temos Saara Ocidental, um não país, ou seja, uma nação não reconhecida por outros governos (o Guilherme Canever tem um livro muito legal sobre locais em situação semelhante, como Somalilândia e Palestina). Como está a situação nessa região? Está fácil cruzar o Saara Ocidental até a Mauritânia? São questões que veremos mais pra frente.
Em outras palavras, entre os primeiros países que pretendemos visitar (Tunísia, Líbia, Argélia, Marrocos e Saara Ocidental), temos um com tensos conflitos internos, outro com problemas com dois vizinhos e dois que ainda estamos aguardando o visto –bem-vindos à nossa viagem.
Na última semana, surgiu outro problema: Burkina Faso teve um golpe e o país está fechado. Até pouco tempo atrás, essa informação em nada afetaria nosso cotidiano. Agora a situação é diferente, e temos que ficar de olho em conflitos internos e entre nações, aumento no caso de Covid ou outras doenças que podem fechar fronteiras, sem falar nos trâmites burocráticos de vistos. Algo que facilita a nossa vida é ter dupla cidadania e, assim, dois passaportes, o que favorece acionar mais governos na hora de pedir entrada.
No mapa a seguir (feito caprichosamente pela Pati), mostramos qual é a nossa projeção de roteiro. Projeção? Como escrito acima, Burkina Faso fechou as fronteiras recentemente. Pode abri-las novamente até chegarmos lá? Só o tempo dirá. Outra coisa que interfere no roteiro é a vida na estrada. Podemos encontrar pessoas que nos influenciem a mudar a rota, vistos podem ser negados ou então avaliarmos que um país gerará mais estresse do que benesses.
Ainda sobre o mapa (já falei que essa obra de arte é da Pati?), ele é meramente ilustrativo, pois as linhas não significam exatamente o nosso trajeto, e sim a sequência dos países. Além disso, marcamos as capitais, mas não quer dizer que vamos para essas cidades. Você conhece algum gringo, em visita ao Brasil, que quis ir pra Brasília, e não Rio de Janeiro ou São Paulo?
Após contornar o continente africano, vamos para o Oriente Médio. Ainda não batemos o martelo sobre nosso trajeto lá, já que a Arábia Saudita ocupa grande parte da região e provavelmente teremos que fazer múltiplas entradas no país para visitar os vizinhos Iêmen, Omã, Emirados Árabes, Qatar e Bahrein. Mais para frente avaliaremos a melhor forma de lidar com esse trecho da viagem.
Segunda temporada
Como assim, segunda temporada? Vamos dar uma pausa estratégica entre os continentes, para visitarmos famílias e amigos no Brasil e resolver possíveis burocracias, já que ficaremos mais de um ano fora. Em outras palavras, vamos tirar férias das férias.
Falando seriamente, é cansativo ficar tanto tempo na estrada. O dia a dia das pessoas é composto por inúmeras decisões: se dormir mais 5 minutos vou me atrasar? Esse leite na geladeira está com cheiro bom? Eu ligo ou espero a ligação do crush? Ainda assim, tem várias ações que fazem parte de um cotidiano que facilita a vida, como sair de casa no mesmo horário, fazer a mesma função no trabalho e usar o mesmo uniforme da escola.
A vida na estrada é composta de mais decisões (como falo “bom dia”? Será que peço informações pra essa pessoa? Esse hotel está com um bom custo-benefício? Partimos hoje ou ficamos mais um dia aqui?), o que é bem cansativo. Passar um mês com familiares será um precioso descanso mental.
Enfim. Por enquanto, a nossa ideia da segunda temporada é começar pela Rússia e de lá viajar de trem pela Transmongoliana, cruzando a Mongólia e finalizando na China. Na sequência, visitar as Coreias (sim, sabemos que há um trâmite enorme para entrar na Coreia do Norte) e o Japão.
De lá, um voo para Austrália e Nova Zelândia e depois voltar ao continente asiático? Ou então ir para o Sudeste Asiático e depois Oceania? Quem responderá? Isso, o tempo —tanto o cronológico quanto o de chuvas, porque ninguém quer viajar durante as monções, não é mesmo?
De qualquer forma, depois vem a Índia e os países dos “ãos”: Paquistão, Afeganistão, Tajiquistão, Quirguistão, Uzbequistão, Cazaquistão, Turcomenistão, Irão (como se diz em Portugal) e Azerbaijão. O último destino asiático será a Turquia. E fim? Nananinanão. Aí queremos pegar um voo até o Alasca.
Até mudamos de parágrafo pra você respirar e pensar “eita nóis” —caso seja de Mato Grosso do Sul, ou então alguma variável.
Aí, estando no Alasca, vamos com o velho ditado de “para descer todo santo ajuda”. A intenção é cruzar o continente por terra e, obviamente, visitar algumas ilhas da América Central, como Jamaica, Haiti e República Dominicana. Sim, Cuba também.
O fim da segunda temporada seria no sul da América do Sul, de onde partiremos para o Brasil. Aí o período vai ser maior. Serão, nas nossas contas, ao menos 18 meses (que podem se estender para 35? A Pati diz que não… Veremos) longe da família, e vamos querer aproveitar mais esse descanso.
Terceira temporada
A terceira temporada será mais curta, mas provavelmente num estilo diferente: uma viagem de motorhome pela Europa, com nosso cachorro, o Café. Ainda estamos bem longe de pensar nesse roteiro, já que são longos 2,5 anos até lá, sem falar que não sabemos como estará a saúde do terceiro elemento da equipe. Atualmente com 6 anos, ele deverá ter 9 ou 10 quando partirmos para a Europa.
Como visitamos muitos países no Velho Continente nos nossos mochilões e em outras viagens de férias, devemos percorrer, de carro, cidades desconhecidas para nós. Mas pode ser que queiramos bater ponto na Torre Eiffel. Mais uma vez, quem tem as respostas? Sim, o tempo.
Esperamos que esse post tenha melhorado a perspectiva de nosso roteiro por aí. Até pode ser que vocês tenham entendido melhor do que a gente. De qualquer forma, o que queremos é cair na estrada e viajar esse mundão véi de guerra!















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