O passeio de três dias para o deserto do Saara no Marrocos e um pouco de Marrakech


Visitar o deserto é um dos passeios mais famosos para se fazer no Marrocos, e nós não deixamos de fora da nossa passagem pelo país. Como recebe muitos turistas, há roteiros para todos os tipos —saindo de Fès ou de Marrakech, com três, quatro e até mesmo cinco dias, privado ou em grupo.

O tour não inclui, claro, apenas ver o deserto do Saara. Há paisagens belíssimas pelo caminho, assim como locais interessantes a se visitar. Nós optamos pelo roteiro que sai de Fès e passa uma noite no deserto, em uma tenda (bem gourmet, diga-se de passagem), e uma noite em Ouarzazate, e termina em Marrakech.


Informações práticas*:
  • Preço: 160 euros (R$ 935,80) por pessoa
  • O que inclui: transporte, hospedagens, café da manhã nos três dias, jantar nos dois dias de hospedagem e passeio de dromedário
  • Empresa: Morocco Memory Travel Experience
  • Visto: não é necessário para brasileiros, pois o carimbo na entrada dá direito a permanecer por 90 dias. Optamos por usar o passaporte europeu para entrar no país

Ir ao deserto

O passeio pelo deserto está já no primeiro dia, mas não quer dizer que seja assim fácil para chegar. São 470 km que separam Fès de Mezourga, mas levamos 8 horas e 30 minutos para completar o percurso, com algumas paradas.

A primeira delas é em Ifrane, conhecida como a Suíça marroquina. Do pouco que vimos, pois o nosso motorista só liberou dez minutos para darmos uma volta e fazer fotos, a cidade é bem agradável e bonitinha, com árvores de folhagens amareladas (já que era outono) e prédios que lembram a arquitetura do país europeu.

A praça principal de Ifrane, a Suíça marroquina

Pouco tempo depois, foi a vez de parar para ver os macacos. Há uma pessoa com amendoins para alimentá-los e é possível chegar bem perto. Em seguida, almoço. Todos os três restaurantes que paramos para almoçar giram em torno dos turistas e são caros. Neste caso, dividimos um menu com salada, tajine de carne, sobremesa, fruta, chá e água por 90 dirham (R$ 49).

A última parada antes do deserto foi um oásis, que só vimos de cima, onde havia também uma loja de souvenires cheia de bugigangas interessantes —mas não levamos nada porque haja espaço na mochila para colocar tudo o que o impulso compraria.

O deserto do Saara

Sabe todas as fotos que você vê do deserto? Ele é assim mesmo. Esplendoroso e de um alaranjado que nunca vi na vida durante o pôr-do-sol. Algumas nuvens ameaçaram a paisagem, mas na verdade fizeram com que ficasse ainda mais bonito, se é que isso é possível.

Eu poderia (e o Faraó também) ficar simplesmente sentada ali, numa canga, admirando toda essa grandeza, mas havia um passeio de camelo-árabe (ou dromedário) a ser feito. Sentamos no bicho, e ele se levantou —dica: é preciso segurar firme, porque ele vai para frente e para trás.

Passeio de camelo-árabe no deserto do Saara

Sacolejando, adentramos as dunas, levados pelo nosso guia, Youssef, nos comunicando mais por mímica do que palavras. Em determinado momento, paramos, e lá vai ele dizer as poses para tirarmos fotos, além de desenhar na areia.

Na hora de voltar, um acidente que fez acender um alerta em nós. Um dromedário que levava um dos nossos colegas de van acabou perdendo o equilíbrio em uma duna, ficando com metade do corpo em direção à descida. Não conseguindo fazer o bicho levantar, os guias literalmente o giraram duna abaixo, com ele gritando.

Não foi uma cena agradável, para dizer o mínimo, e ficamos o restante do passeio pensando: quantas pessoas esses dromedários já levaram hoje? Em quais condições eles são cuidados? Por isso, decidimos que, no dia seguinte, iríamos de carro mesmo até a van, já que poderíamos ir assim ou dar mais uma volta com os bichos.

O passeio termina no acampamento de tendas, mas antes de irmos para lá, Youssef (e os demais guias) vendem sua arte. Como os dromedários pertencem aos hotéis, essa é uma maneira de ganharem um dinheiro extra. Levamos um pequeno camelo de vidro por 100 dirham (R$ 55).

Nosso acampamento no deserto do Saara

Fomos recebidos com um chá providencial já que a noite caiu e fazia frio. Ficamos, no entanto, em um segundo acampamento, pois aquele estava cheio. O jantar, incluído, é muito bem servido, com berinjela com molho de tomate e queijo, arroz com vegetais, espetinho de frango, batata frita e pão. A bebida, no entanto, é paga a parte (mas eles não contam isso na hora de oferecer, apenas no checkout no dia seguinte).

As tendas, por sua vez, são extremamente confortáveis e espaçosas, com cama de casal gigante, cama de solteiro, chuveiro aquecido, banheiro e ar-condicionado. Além disso, há um degrau de cimento para o lado de fora, que ajuda a evitar a presença de escorpiões.

Para completar a noite, uma fogueira com batuques e cantoria sob as estrelas.

Gorges de Dadès

No segundo dia do passeio, vimos o nascer do sol (às 7h50) e saímos por volta das 9h do deserto —e avaliamos que uma noite extra seria ideal para aproveitar mais. Paramos em mais um oásis para apreciar do alto e almoço. O prato foi galia de frango —frango desfiado temperado com páprica e servido com pão e ovo— com entrada de salada e frutas de sobremesa por 100 dirham (R$ 55).

O ponto alto do dia foram os gorges de Dadès, formações rochosas de tirar o fôlego. A estrada e um riacho ficam no meio das montanhas que só imaginamos como seria subir. Foi mais uma parada rápida e sem muita explicação, mas admiramos a beleza do local, que, infelizmente, tem algumas pessoas pedindo dinheiro, algo que vimos com mais frequência no Marrocos do que na Argélia e na Tunísia.

Os gorges de Dadès

Dali, seguimos para Ouarzarzate, onde chegamos no fim do dia, paramos na praça onde fica o Museu do Cinema para tirar foto do lado de fora. Fomos para o hotel, nem de longe da mesma qualidade que a tenda no deserto (a água quente no nosso quarto não funcionava).

Para o jantar, tajine de frango, sem alternativas, o que é um problema para vegetarianos como a britânica que estava na nossa van —o pessoal do hotel, por conta própria, preparou um de vegetais para ela.

Ouarzazate e Aït Ben Haddou

O terceiro e último dia é reservado para Ouarzazate, que abriga um estúdio de cinema onde foram rodados filmes como A Múmia e Ben-Hur, e Aït Ben Haddou, cidade fortificada que data do século 11. Do primeiro, infelizmente, não podemos falar nada, e aqui entra o principal problema do passeio que fechamos com a agência em Fès.

Na hora da compra, é dito que haverá guia e os locais visitados são o deserto, os gorges, paradas nos oásis, o estúdio de cinema, Aït Ben Haddou e o Vale das Mil Kasbah. Se nosso guia era para ser o motorista, como já devem ter percebido, não adiantou muito, pois ele parava, dizia que era para tirar fotos e mais nada.

Construções de Aït Ben Haddou que datam do século 17

Além disso, ao chegar no estúdio de cinema, ele seguiu seu padrão, e ficamos “como assim? Não vamos entrar?” Ele nos disse que o ingresso não estava incluído e que não tínhamos tempo. A britânica questionou se em Aït Ben Haddou seria assim também, ele respondeu que sim, e ela reclamou. O motorista, então, chamou todos para falar que ele sempre faz assim, que não há tempo, que chegaríamos em Marrakech só à noite, mas que éramos o motorista e cabia a nós decidir. Ficou acordado que não visitaríamos o estúdio, mas queríamos tempo para Aït Ben Haddou.

Ainda bem. A visita ficaria mais completa com um guia, é claro, mas aproveitamos bastante a cidade fortificada no século 11, mas cujos edifícios provavelmente datam do século 17, segundo a Unesco. Lá foram rodadas imagens de Gladiador e Game of Thrones, além de outros. Visitamos também o Museu da Kasbah, por 10 dirham (R$ 5,50) por pessoa, e descobrimos um pouco mais como são essas construções internamente.

Vista para Aït Ben Haddou, onde foram rodados filmes como O Gladiador

Na volta, paramos em três casais para um café —nós, o britânico e o italiano. Além de nós, havia um casal de um americano e uma tailandesa e duas jovens honconguesas. Enquanto estávamos lá, o motorista veio nos chamar (“vocês não querem ir embora?”), mas na verdade ainda faltava chegar a dupla americano-tailandesa, que se juntou a nós para um chá.

O caminho até Marrakech foi um pouco tenso (o Vale das Mil Kasbah ficou para a história), mas paramos para almoçar em meio às curvas da estrada que ligam as duas cidades. Como estávamos enjoados, comemos uma batata frita com refrigerante apenas. Por fim, chegamos a Marrakech às 16h (ou seja, dava para visitar o estúdio), e o motorista foi embora sem nem pedir a gorjeta.

Apesar de termos colocado a empresa com a qual fizemos o passeio, deixamos aqui a indicação do Explorar Marrocos, da brasileira Marilha Cariolano. Segundo ela, não há excursões sem guia, que estão acostumados a levar brasileiros e falam espanhol e portunhol.

Marrakech

Chegados um pouco cansados do passeio, ficamos três noites em Marrakech, para aproveitar sem pressa a cidade. É uma muvuca que parece não ter fim, mas há lugares para escapar dela.

Um dos principais pontos é a praça Jemaa el Fna, lugar que junta um pouco de tudo: tendas de suco e comidas, vendedores de souvenires e camisetas, mulheres que tentam emplacar tatuagem de hena, rodas de música e humor, “encantadores” de cobras e ambulantes com macacos acorrentados para tirar foto (é tão ruim quanto pode soar).

Vista da praça Jemaa el Fna a partir do terraço do Naim Food

A agitação mesmo começa do meio para o fim da tarde. Em volta há vários cafés e restaurantes, mas são mais caros. De lá, é possível adentrar os souks, como o da rua Derb Dabachi, onde se escondem restaurantes com bons preços. Na região há também vários riads de diferentes preços —nos hospedamos no Taziri e pechinchamos 350 dirham (R$ 191) a noite, sem café da manhã.

Outro local que reúne diversos restaurantes é a Passage Prince Moulay Rachid, onde comemos no Naim Food, o mais barato que achamos. Lá também tem o Sky Bar, que descobrimos servir cerveja, mas só depois de ter assistido a mais um jogo do Brasil na Copa do Mundo do Qatar a base de Schweppes.

Quer fugir da muvuca? O passeio pela avenida Mohammed V leva para longe dela e tem ainda o Cyber Parc Arsat Moulay Abdeslam, de entrada gratuita e um ótimo lugar para relaxar em meio às árvores. Há ainda mais opções de restaurantes para esses lados, como o Mama Afrika, com pratos na faixa dos 60 dirham (R$ 33). Comemos um arroz com carne picadinha e vegetais que estava uma delícia!

Cyer Parc em Marrakech

Entre os pontos a se visitar há ainda a Mesquita da Koutoubia, do século 12, a praça dos Ferblantiers, ladeada de palmeiras e lojas de artesãos, a porta Agnaou, contornada por inscrições do Alcorão, e diversos palácios. Optamos por conhecer o El Badii, erguido por um sultão no século 16, a 70 dirham (R$ 38) a entrada por pessoa.

Por motivos orçamentários, pulamos as Tumbas Saadianas, um mausoléu belíssimo (pelas fotos), e uma passagem por um dos muitos Hassam, banhos públicos que têm por lá onde é possível receber massagens ou fazer uma esfoliação.


Dicas Sem chaves

Já pensou em receber dicas fresquinhas na sua caixa de e-mail toda semana? Inscreva-se na nossa newsletter e conte com informações de quem já viajou por mais de 40 países por África e Oriente Médio e outros 30 entre Europa e América! Se preferir conteúdo em vídeo, publicamos a dica para os assinantes do Facebook. Por menos de R$ 3 por semana, receba um conteúdo informativo, participe de uma live mensal exclusiva e ainda ganhe desconto nos nossos produtos e serviços!


Deixe um comentário