Visto caro, problemas com reserva de hotel e uma noite (praticamente) em cada hospedagem. Abidjã tinha tudo para odiarmos, mas a capital da Costa do Marfim nos conquistou, acreditem se quiser.
Informações práticas*:
- Média preço café da manhã: 5.000 FCFA (R$ 44)
- Média preço almoço: 5.250 FCFA (R$ 46,50)
- Média preço jantar: 5.500 FCFA (R$ 49)
- Média preço hospedagem: 16.000 FCFA (R$ 142)
- Deslocamentos: ônibus, táxi compartilhado, táxi e Yango/Uber
- Visto: é necessário para brasileiros, e obtemos o nosso na Libéria (porém não recomendamos)
- Moeda: franco da África Ocidental (R$ 1 = 119 FCFA)
- Dica: atenção ao fazer reservas nos sites de hospedagem! Melhor é fugir do Hoteis.com, já que há erro na localização, e realizar com antecedência pelo Booking.com, para que haja tempo de confirmar.
* valores para fevereiro de 2023 para duas pessoas
Depois da saga para conseguir o visto e cruzar a fronteira, pegamos um ônibus em Man, no noroeste do país, para ir até Abidjã. Quando soubemos que daria para fazer as 10 horas do trajeto de ônibus, e não numa van apertada como vinha acontecendo, nosso olho chegou a brilhar.
Mas a alegria não durou muito tempo. Viemos apertados —menos do que na van— entre duas mulheres com crianças de colo, sendo que a do meu lado queria colocar mais uma, de uns 5 anos, mas uma outra passageira ficou com a menina mais velha. Além dos choros ocasionais, o entretenimento de bordo era de péssima qualidade, exibido no último volume. Depois de tudo isso, enfim, chegamos.
Problemas de hospedagem
Sem reservas, fomos buscar hospedagem na região Deux Plateux, que é mais cara. Com vários restaurantes e cafés, os hotéis custavam, no mínimo, 49.000 FCFA (R$ 434). Cansados, nos rendemos ao Le Riyo, apesar de ser acima do nosso orçamento.
Na manhã seguinte, reservamos no Booking.com um quarto no Bethany Palace por duas noites, a 16.000 FCFA (R$ 141,50) cada —mas eles não tinham vaga para a primeira noite. Fomos para lá e, depois de muita briga, eles concordaram em pagar nosso deslocamento para ir e voltar até o Aladjé, um hotel na mesma faixa de preço, mas que ficava a 20 minutos de carro dali, em Angré Chateau. Passamos a noite lá e voltamos para o Bethany Palace.
De maneira rude, fizeram o nosso checkin já deixando claro que não seria possível ficar mais do que aquela noite. Pois fiz uma avaliação no Google reclamando de toda a situação, o que rendeu uma visita do recepcionista ao nosso quarto questionando por que tinha feito isso se eles tinham achado uma solução —ignorando, claro, que foi necessário muita briga e que a “solução” era um hotel muito longe.
Enfim, para finalizar, reservamos o Karmen Residence, a 18.000 FCFA (R$ 159,50) , pois não era muito longe dali, segundo o Hoteis.com. Mas era. Inclusive, era do lado do Aladjé. Reclamamos com o dono, pois havia três endereços no Google Maps e o que constava no aplicativo estava errado. Ganhamos um café da manhã de cortesia e fomos muito bem atendidos. Apesar de longe, minha recomendação ficaria para este hotel.
O que fazer em Abidjã
Apesar das idas e vindas nas hospedagens e do rolê para conseguir um novo laissez-passer para sair —que acabou inutilizado, pois derrubaram a exigência—, conseguimos aproveitar Abidjã.
Turisticamente, são poucos os marcos para visitar. Passamos pelo Museu das Civilizações da Costa do Marfim (2.000 FCFA/R$ 18), um local pequeno, mas que vale a visita guiada (5.000 FCFA/R$ 44) para saber mais sobre os povos que formam o país. São 63 etnias divididas em quatro eixos culturais: Akan, o mais predominante, Kru, Gur e Mandé.
Cada uma a seu estilo tem como base uma forte crença em figuras místicas, é forjada por guerreiros e tem um conceito de família. Algumas são poligâmicas, outras monogâmicas, mas em todas o papel da mulher tem grande peso, ainda que seja nítido que a rotina doméstica dependa só delas.
O museu fica na região do Plateau, onde estão concentrados ministérios e prédios públicos como o Banco de Desenvolvimento da África. Por ali também fica a Catedral de São Paulo, cuja arquitetura não chama muito a atenção.
Como parte do nosso passeio também fomos ao Jardim Público, uma área verde no coração da capital boa para passar o tempo, e ao boulevard de la République, que lembra muito os boulevards franceses, e passamos pela grandiosa Mesquita Salam do Plateau.
Mais do que pontos turísticos, porém, Abijdan é uma das cidades mais desenvolvidas que já passamos na África Subsaariana. Há diversos cafés e restaurantes e opções culturais como o Palácio da Cultura e o Instituo Francês da Costa do Marfim. Outra característica que muito nos agradou foi o sistema de transporte público, com ônibus de boa qualidade (500 FCFA/R$ 4,50) ligando pontos mais afastados da cidade.

Praia?
Abidjã fica na costa, à beira do Golfo da Guiné, e ainda é cortada pela Laguna de Ébrié. Ainda assim, não há muita oferta de praia por lá. Fomos para Grand-Bassam, a cerca de 50 km da capital, onde parecia ser mais promissor.
Apesar de pequena, a cidade possui uma boa oferta de hotéis e restaurantes, além de uma ligação direta por ônibus com Abidjã. Nós ficamos apenas uma noite na casa da Chloé, que administra um grupo de viajantes da África Ocidental no Facebook.
Grand-Bassam pode ser uma opção para quem busca fugir do agito de uma capital, mas ainda assim estar perto o suficiente para visitá-la. A praia, por sua vez, não é muito proveitosa. Além do acúmulo de plástico e sujeira na areia, o mar, apesar de lindo, possui uma forte correnteza, o que dificulta aproveitá-lo.

Comida
Não somos grandes fãs dos pratos subsaarianos, principalmente devido à quantidade de pimenta presente neles. Ainda assim, não deixamos de experimentá-los.
Não há grande diferença entre os países. Na Costa do Marfim, por exemplo, há frango com alloco, que nada mais é que banana da terra frita, algo que já havíamos comido na Libéria.

Outra iguaria local é o attièke, que comemos tanto com frango como com peixe. O que seria isso? É um cuscuz a base de mandioca, em vez do tradicional feito a partir de semolina. É meio sem gosto e o que dá sabor é o molho do acompanhamento.
O lado bom é que, devido à influência francesa, dá para intercalar os apimentados pratos com boas baguetes e croissants encontrados nas muitas padarias espalhadas por lá —e não só na capital, pois vimos várias em Man também.
























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