Quem está há muito tempo viajando e já cruzou várias fronteiras passa a ter um “problema” de ter muita bagagem de experiências —me desculpem pelo trocadilho infame—, e então, quando chega o momento de ir de Gana a Togo, acha tudo muito fácil e confortável.
Para deixar mais simples ainda, Lomé, a capital togolesa, fica na divisa. Uma caminhada de 6 km separava a fronteira do hotel onde ficamos.
No entanto, algo que há tempos não enfrentávamos era o processo de tirar o visto na fronteira —a última vez foi em dezembro ainda, quando entramos no Gâmbia via Senegal. Fica até aquele sentimento de “será que vai dar certo?”.
Fronteira Gana-Togo
Após vários dias em Acra, vimos inúmeros ônibus intermunicipais, o que nos alegrou, já que não é nada confortável viajar apertado em carros velhos, como os sept-places ou os six-places.
Nos organizamos para viajar com a empresa STM, mas, quando chegamos ao local indicado no Google Maps, não a encontramos. Na rua, há várias garagens, mas de veículos com outros destinos. Em uma delas, o atendente nos indicou a STC Tudu Station, a 3 km dali, que percorremos a pé.
Logo antes de entrarmos na garagem da STC, alguns homens nos abordaram, perguntando se íamos para Aflao, a cidade ganense da fronteira. Como nosso objetivo era viajar de ônibus, os ignoramos.
Demos muita sorte porque um veículo já estava ali, com pessoas embarcando. O processo de compra e venda de passagens, entretanto, lembra muito o de vans, com um homem manuseando o dinheiro na porta do ônibus, entregando bilhetes (65 cedis/R$ 27,50) e orientando sobre as mochilas no bagageiro (10 cedis/R$ 4 cada).
Ao contrário do Brasil, o ônibus não tinha um horário certo de saída, e partimos quando ele ficou cheio. Por sorte, a espera foi de apenas 30 minutos. Outra pequena alegria foi que, desta vez, sentamos naquelas poltronas duplas e não ficamos entre mães com crianças de colo, como aconteceu quando viajamos entre Man e Abidjã, na Costa do Marfim.
Enquanto que, para entrar em Gana, percorremos estradas em péssimas condições, para sair o asfalto estava muito bom, e assim nosso percurso de 193 km foi feito em 4h30.
À medida em que nos aproximávamos de Aflao, passageiros pediam para desembarcar. Já dentro da cidade, em uma dessas paradas, vários motoqueiros se aproximaram da porta e começaram a gritar “border” (fronteira) freneticamente.
Quando estávamos na estrada entre Guiné-Bissau e Guiné, aconteceu algo semelhante, e nós os ignoramos porque ainda não era o nosso destino. Descobrimos depois que ali era o melhor lugar para descermos da van e pegarmos uma moto para cruzar a fronteira.

Com essa triste memória, bateu o medo de que devíamos descer e negociar com os motoqueiros ganenses. Como estávamos monitorando o percurso pelo Google Maps, vimos que não estávamos longe. Assim, traçamos o plano de, se o ônibus começasse a se distanciar da fronteira, pediríamos para descer.
Houve ainda uma segunda parada e, consequentemente, uma gritaria de mais motoqueiros. Nos mantivemos firmes dentro do ônibus e, na terceira parada, estávamos já na fronteira. Quase caiu uma lágrima.
Como é tradicional na região entre países, um homem nos abordou para nos ajudar na burocracia, indicando o caminho. O ignoramos e seguimos as orientações dos oficiais ganenses.
Mostramos os usuais comprovantes de vacinação contra febre amarela e Covid-19 e, para ganharmos o carimbo de saída, preenchemos um pequeno formulário, assim como fizemos na entrada do país.
Do lado togolês, também mostramos os comprovantes de vacinação e solicitamos o visto, o visa on arrival (mais detalhes abaixo). Com os passaportes brasileiros carimbados, passamos por uma minuciosa revista das mochilas. Eles até perguntaram se tínhamos levado algo para eles e, como simpáticos brasileiros que somos, demos apenas sorrisos.
Passada a burocracia de entrada, vários taxistas surgem para oferecer corrida. Sempre fugimos dessa bagunça e, desta vez, eu estava tentado a percorrer os 6 km até o hotel a pé. Como já era fim de tarde e estávamos com mochilas pesadas, nos distanciamos da muvuca e encontramos um motorista que fez a corrida por 3.000 XOF (R$ 26,60).
Visto para o Togo
Obter o visto togolês é bem simples: precisa só preencher um formulário com os dados de passaporte e da hospedagem. E de paciência.
Eram dois funcionários atrás do vidro, com toda a burocracia, enquanto um terceiro estava do lado de cá do balcão, com música alta no celular.
Após preencher o formulário e pagar 25.000 XOF (R$ 222) por um visto de entrada única válido por 30 dias, tiramos uma foto. O mais demorado é a oficial fazer uma colagem com vários selos no passaporte, resultando no visto togolês.















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