O processo para descartar um país do nosso roteiro nunca é fácil, mas nenhum foi tão difícil de desistir como a Nigéria. País mais populoso da África, queríamos muito visitá-lo, tanto pelo turismo como para ver de perto os reflexos da recente eleição presidencial. Mas não foi desta vez, e o principal culpado é o visto.
Ainda na Serra Leoa fomos à embaixada, pois já sabíamos que era complicado obter o documento. Lá, nos disseram que ainda estava muito cedo e que o visto expiraria antes de conseguimos chegar. A segunda tentativa foi em Acra, em Gana, onde nos informaram que apenas residentes poderiam fazer a solicitação e que deveríamos tentar a nossa sorte no Benim.
Algumas semanas depois, chegamos a Cotonou. Os relatos dos viajantes eram desencontrados: havia quem tinha conseguido, até o fim do ano passado, mas havia os casos de insucesso, inclusive neste ano. No site da embaixada, as requisições eram as normais: passaporte válido, foto, carta-convite e reserva de hotel. E o processo começa com o preenchimento de um formulário online.
Primeiro, precisávamos obter a carta-convite. Amigos de conhecidos não queriam se arriscar, pois é preciso enviar uma cópia do documento, dada a instável situação do país pós-eleição, então recorremos a uma agência que cobrava US$ 49 (R$ 257) pela carta. Pagamos, preenchemos o formulário online com os dados do nosso hotel em Cotonou —como já havíamos feito nos procedimentos de visto para Guiné e Gana— e pagamos os US$ 20 (R$ 105) do visto mais US$ 20 de taxa do site. Ou achávamos que tínhamos pagado.
Na hora de preencher os dados do cartão, só havia como colocar Benim no país no endereço. Arriscamos, foi descontado da nossa conta Wise e ficamos no aguardo. Em dois dias, se a situação não tivesse avançado, iríamos à embaixada. E foi o que fizemos —apenas para sermos rejeitados pela agente consular.
Debochadamente, ela falou que não tinha culpa que tínhamos pagado, já que foi para um site e não para embaixada, que deveríamos ter ido lá antes de preencher, que o site estava desatualizado (havia pelo menos dois meses, segundo as nossas consultas) e que essa exigência de ser residente era de conhecimento geral. Pois bem.
Visa on arrival
Nem tudo estava perdido ainda. Era possível recorrer ao visto na chegada, permitido apenas para quem entra no país de avião. Isso exigiria que pegássemos um voo, o que estava fora do nosso planejamento, mas era a única forma.
Ainda na Costa do Marfim, haviam nos falado sobre essa possibilidade, mas apenas como visto para negócios. Para a nossa surpresa, no formulário no site havia outras opções, inclusive para turismo. Mais uma vez, preenchemos tudo, pagamos os US$ 20 do visto, mais US$ 90 (R$ 472) para cadastramento biométrico (sim, isso mesmo) e US$ 20 de taxa do site. O prazo, normalmente, é de 48 horas úteis, e isso falando de memória, pois nem a página de perguntas frequentes estava funcionando.
Passado esse tempo, nada de chegar carta de aprovação. Acreditamos que tenha sido pela escolha de turismo e não negócios, mas nada no site indicava de outra forma e, como essas regras de visto e demais documentos são muito dinâmicas, não teríamos como saber o que era possível ou não, ainda mais com a seção de dúvidas fora do ar.
Foi por isso que, três embaixadas, dois formulários preenchidos e US$ 220 (R$ 1.154) depois, achamos por bem deixar a Nigéria para uma viagem futura, infelizmente.
Ainda era possível fazer a solicitação por meio desta agência que nos forneceu a carta, mas era necessário pagar mais cerca de US$ 50, sem garantia de obter o visto e com a obrigatoriedade de comprar uma passagem aérea, que estava custando cerca de R$ 2.500 o trecho. Depois de tanto dinheiro e energia empenhados, nos pareceu demais —pelo menos já reavemos US$ 40 (R$ 210) do procedimento via embaixada.















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