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Com dois idiomas e capitais, Camarões tem história de união e trânsito caótico


O Camarões é um grande país da África Central que nos exigiu muitas horas de viagem para percorrê-lo, seja para transitar entre as duas capitais, Iaundê e Duala, seja para entrar e sair do território camaronês. Isso nos fez ficar mais tempo parados para descansar, mas não quer dizer que deixamos de conhecer as duas maiores cidades.


Informações práticas*:

  • Média preço café da manhã: 3.350 XAF (R$ 29)
  • Média preço almoço: 9.000 XAF (R$ 77)
  • Média preço jantar: 3.500 XAF (R$ 30,50)
  • Média preço hospedagem: 18.000 XAF (R$ 157)
  • Deslocamentos: ônibus, van, táxi compartilhado
  • Visto: é necessário para brasileiros
  • Moeda: franco da África Central (R$ 1 = 115 XAF)
  • Dica: Tenha baixado em seu celular o mapa de Iaundê, pois isso facilitará sua vida na hora de circular pela região das embaixadas.

* valores para abril de 2023 para duas pessoas


Nossa primeira grande parada no país foi em Iaundê —nem consideramos a rápida passagem por Kye-Ossi, já que lá ficamos até o carro encher e partir para a capital, na nossa vinda do Gabão.

No destino final, ficamos no Résidences Hôtelières Micheline et Emile Bastos, a 23.000 XAF (R$ 201) a noite, sem café da manhã. O prédio fica na região de embaixadas, Bastos —como o nome da hospedagem mostra—, e é curioso que muitas ruas não são nomeadas. E como saber o endereço, então? Usando referenciais. Nosso hotel, por exemplo, é “ao lado da embaixada chinesa”. Aí vai da pessoa saber onde fica a representação da China.

Além disso, é comum ver várias bandeiras na sequência —a embaixada russa é vizinha à residência do embaixador turco, assim como a representação da Itália é quase ao lado da residência do embaixador brasileiro.

Mesmo nessa região, mais abastada, é possível ver o trânsito caótico da cidade. As ruas são estreitas, com alguns trechos esburacados, e o vai e vem de carros é intenso. E essa situação dos carros se repete no centro, que tem vias mais largas.

O mercado de artesanato reúne vários comerciantes locais

Diferentemente de Cotonou, em que a região das embaixadas abriga inúmeros cafés e restaurantes com cardápios variados, em Iaundê há menos opções. Assim, nos concentramos em dois endereços: o Terrific Coffee tem café coado de grãos locais e ótimos croissants, e o Tassa, que, além do ótimo café, possui um menu diversificado de tapas e pratos.

Foi neste, inclusive, que conhecemos a Carole, a gerente francesa do local, no dia em que lá fazíamos hora para embarcar para Duala. Estávamos com nossos mochilões, saboreando um café, e ela veio ver se estávamos sendo bem atendidos. Conversa vai, conversa vem, falamos sobre nossa viagem e ela nos convidou para ficarmos em sua casa. E isso que o papo nem durou 15 minutos.

Ao retornar de Douala, nos hospedamos uma semana com Carole e seu filho, Noah, de 15 anos. O marido, um ruandês diplomata da ONU, estava viajando. Durante os cafés da manhã e em algumas de suas horas de folga, ouvimos muitas histórias dessa francesa que já morou na Espanha e em Madagascar, viajou um mês com os três filhos num carro lotado de coisas e ficou viúva muito cedo.

O que fazer em Iaundê

Apesar de ser uma das capitais e a segunda maior cidade camaronesa, há poucas atrações turísticas. O Museu Nacional (5.000 XAF/R$ 43 o ingresso com guia), porém, é um dos maiores e mais bem organizados que já vimos nestes 6 meses de viagem pelo oeste do continente.

Originalmente, o prédio foi residência do manda-chuva alemão até o fim da Primeira Guerra Mundial, quando o país deixou de ser um protetorado germânico e passou para o controle francês. Anos depois, o edifício virou palácio presidencial e, no fim dos anos 1980, se tornou museu.

Jardim do Museu Nacional, que conta a história do país

O grande acervo de fotografias mostra o período colonial do Camarões, quando o território era dividido entre franceses (maior área) e britânicos. Em 1960, o lado francês conseguiu sua independência, e um ano depois foi a vez da população até então controlada pelos ingleses.

Na década seguinte, em 1972, as duas partes se unificaram e formaram o desenho atual do país. É por isso que há duas línguas oficiais. O detalhe é que foram apenas dois presidentes desde então: Ahmadou Ahidjo, até 1982, e Paul Biya, que governa a nação há 4 décadas.

O edifício ainda possui inúmeras peças de tribos e manequins com roupas tradicionais, além de instrumentos musicais antigos e de artistas contemporâneos.

Não é muito fácil encontrar o Museu da Blackitude

Não muito longe dali fica o Museu da Blackitude (3.000 XAF/R$ 26 o ingresso com guia), um prédio escondido com duas grandes salas onde estão concentradas várias peças de tribos. Boa parte do material faz parte do acervo pessoal da proprietária, uma senhorinha herdeira de uma tribo.

O que fazer em Duala

Visitamos Duala em um fim de semana, e isso impactou nossa percepção da cidade: um pedaço da maior cidade camaronesa estava deserto, e vimos poucos cafés e restaurantes abertos.

Para início de conversa, pegamos um ônibus da Men Travel, na região de Bastos. Ao contrário do Brasil, onde há rodoviárias, nas duas maiores cidades camaronesas cada empresa tem sua garagem. Em Iaundê, elas se concentram na região de Mvan. Entretanto, ao perguntar ao funcionário do hotel, soubemos que havia uma companhia ali perto —para nossa alegria, já que não teríamos que cruzar a cidade e fazer cotação de preço.

O ônibus Iaundê-Duala era caro, mas confortável e com serviço de bordo

A passagem desta empresa é mais cara, 8.000 XAF (R$ 70), mas dá direito a comissária de bordo, almoço e água, além de poltronas confortáveis e filmes. Demos muita sorte, porque, além de produções asiáticas, teve o clássico “Cidade de Deus” —dublado e legendado em francês, descobrimos que Dadinho/Zé Pequeno é Petit Dé/Petit Zé.

Saímos da capital política às 15h15 de uma sexta-feira e chegamos à capital econômica às 20h —esta foi nossa primeira experiência de conhecer as duas principais cidades de um país, e não o fizemos no Benim e na Costa do Marfim.

Infelizmente, a garagem fica bem longe do centro. Após um estresse enorme com o motorista do táxi, finalmente encontramos o hotel Palace des Rois, onde o quarto duplo custa 18.000 XAF (R$ 157), com ar-condicionado, TV e apenas um café da manhã, mesmo sendo dois hóspedes. O restaurante do hotel, no topo, tem um péssimo atendimento, mas é a única opção na região em que é possível chegar a pé.

Como preferimos caminhar (combo descobertas aleatórias + exercício + zero gastos), organizamos um roteiro para desbravar no sábado a cidade que tem cerca de 4 milhões de habitantes. Infelizmente, nosso trajeto passava pela labiríntica região do mercado Nkoulouloun, em que incontáveis barracas de tudo que é produto ocupam as calçadas, e os pedestres precisam dividir a rua com motos e carros.

Após muito estresse e desespero para encontrar o caminho de saída, chegamos ao pacato centro da capital, com algumas ruas arborizadas e poucos veículos. No Museu Marítimo, por 2.500 XAF (R$ 22), é possível conhecer a história da região, principalmente marítima, e também sobre a vida no mar.

O Doual’Art é pequeno, mas agradável de se conhecer

Há também o Doual’Art, um espaço gratuito com arte contemporânea e café. A uma caminhada não muito longa dali, vimos a catedral São Pedro e São Paulo e um estádio com uma estátua de Mbappe Leppe, um grande futebolista camaronês.

Com poucas opções gastronômicas abertas, nos rendemos à rede de boulangeries Le Moulin, que já havíamos visto em Libreville. Dois pratos saíram por 9.000 XAF (R$ 77). Mais cedo, para acalmar a alma após a muvuca do mercado, encontramos aberto apenas o café de um hotel Ibis, onde três espressos e uma cerveja custaram 6.000 XAF (R$ 52,50).

Voltamos para Iaundê no domingo, com a Buca Voyages —a garagem fica próxima ao hotel. Optamos mais uma vez pelo ônibus mais caro e confortável, pois o corpo já está cansando de tanto aperto em carros velhos e vans. Por 7.000 XAF (R$ 61), tivemos novamente lanche, mas desta vez a TV passou uma sequência muito ruim de clipes locais. Descobrimos dias depois que há um trem que liga as duas capitais.

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