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Angola conquista viajante brasileiro com belas praias e povo simpático


Nossa entrada em Angola foi conturbada, mas, desde o início, ao conversar com os agentes de fronteira, vimos como a simpatia impera no país. Pode ter pesado na minha opinião os 6 meses viajando por locais francófonos ou anglófonos, mas não cheguei a ter essa impressão na Guiné-Bissau. Em terras angolanas, ouvir português com sotaque deu um quentinho no coração. 


Informações práticas*:

  • Média preço café da manhã: 4.000 kwanza (R$ 39,50)
  • Média preço almoço: 5.350 kwanza (R$ 55)
  • Média preço jantar: 2.400 kwanza (R$ 24)
  • Média preço hospedagem: 20.000 kwanza (R$ 196)
  • Deslocamentos: ônibus, Yango
  • Visto: é necessário para brasileiros
  • Moeda: kwanza (R$ 1 = 101,50 kwanza)
  • Dica: há muitos ATMs no país, mas nem todos aceitam bandeira Visa e, quando aceitam, não sinalizam. O jeito é ir na tentativa e erro.

* valores para maio de 2023 para duas pessoas


Chegamos a Luanda no início da manhã, após uma longa viagem noturna e um pneu furado a poucos quilômetros da capital. O local onde ficamos, Oasis Guesthouse, já nos deixou boa impressão ao nos receber sem burocracias. Deram as chaves e nem pediram documentos ou pagamento. E, assim, ficamos quase 20 dias num bom quarto com uma verdejante área comum. Após pagar US$ 116 (R$ 643) num hotel na vizinha RD Congo, os 20.000 kwanza (R$ 193) ali foram um alento ao bolso.

A região central, próxima à rua Rainha Ginga, lembra alguns bairros do Rio de Janeiro, com calçadas arborizadas e pouco trânsito. Por falar nisso, mesmo sendo a quinta maior cidade da África, presenciamos poucos trechos de congestionamento, e olha que é difícil ver um semáforo funcionando.

Nessa região também é possível encontrar inúmeros ATMs de vários bancos, mas o problema mesmo, além das constantes filas, é achar os que aceitam cartões Visa —nem sempre a máquina sinaliza a bandeira, então a dica é ir na tentativa e erro. E, após ver incontáveis agências da Western Union na vizinha RD Congo, em Angola descobrimos que elas são escassas e que o sistema frequentemente está fora do ar.

Há vários opções gastronômicas nas cercanias do bairro Cruzeiro —região de muitas embaixadas, inclusive a do Brasil—, e os que mais gostamos foram os restaurantes Benfica e Bella Napoli, com pratos bem servidos, e as cafeterias Trocadero e Sweet Pastelaria Saudável, que servem bons cafés e doces, além de uma internet rápida.

O que fazer em Luanda

Diferentemente de outras capitais do lado oeste do continente, a angolana tem ao menos 4 museus, e investimos nosso tempo a ir a 2 deles. O mais longe do centro da cidade é o Museu Nacional da Escravatura (500 kwanza/R$ 5 a entrada), e levamos 50 minutos para ir de Yango até lá.

A pequena casa, onde escravizados eram batizados e enviados para a América, abriga hoje alguns artefatos da época, como correntes, algemas e alambiques, que preparavam bebidas alcoólicas para embebedar as pessoas e assim deixá-las menos combativas. De acordo com o guia, 68% dos escravizados que chegaram ao Brasil, no século 18, foram enviados de Angola.

Ao lado do museu há uma grande feira com o trabalho de artesãos locais e, se você tiver dinheiro e espaço na bagagem, vai ficar tentado a levar algumas das coloridas roupas e belas pinturas.

Se gastamos 5.200 kwanza (R$ 51) para ir ao museu, no retorno pagamos 1.550 kwanza (R$ 15). O segredo? Tempo, paciência, uma carona de caminhão, duas vans compartilhadas e um Yango, porque aí a fome já estava grande.

Já no Museu das Forças Armadas, dentro da Fortaleza de São Miguel e ao lado do shopping Fortaleza, é possível ver alguns registros do período colonial, assim como algumas armas antigas.

Entrada do Museu das Forças Armadas, em Luanda

No subsolo, em uma grande sala, há várias fotos, pinturas e objetos que mostram a luta de Angola pela independência, em 1975, e também da guerra civil que assolou o país até 2002.

No espaço, vemos como outras nações participaram do conflito: Cuba, representando a União Soviética, ao lado dos governistas, e África do Sul, apoiada pelos EUA, que mandou seu exército racista, nas palavras do museu, para lutar junto com os opositores angolanos.

De acordo com um dos quadros informativos, a batalha do Cuito Cuanavale, entre novembro de 1987 e março de 1988, contribuiu para a independência da Namíbia, a abolição do apartheid e a libertação de Nelson Mandela. Ao ar livre, há vários veículos usados durante a guerra civil, que mantêm as marcas de tiros.

Os dias amanheciam nublados, mas normalmente no fim da manhã já estava ensolarado e calor. Como Luanda é uma cidade litorânea, não tinha como não aproveitar a praia, certo?

Praia da ilha do Cabo, bem próximo do centro financeiro da capital

Nos indicaram ir às ilhas do Mussulo e do Cabo. A primeira é mais longe do centro da cidade e só se chega de barco. A segunda, após o aterramento, virou um istmo, bem próximo ao shopping. Há vários trechos de areia, com o combo guarda-sol + 2 cadeiras a uma média de 3.000 kwanza (R$ 29). Em uma das idas à praia, vimos vendedores de cerveja, de pratos de frango e peixe e até de salgadinho. Praticamente Brasil.

Benguela, a cidade do interior brasileiro

Após muitos dias vendo prédio por tudo que é canto em Luanda, chegamos à plana Benguela —tanto de terreno quanto de casas, com pouquíssimos prédios baixos. Foi um choque de visão. Viajamos para lá num ônibus noturno da Macon (10.000 kwanza/R$ 95), empresa que abarca todo o território e faz até trechos na RD Congo e na Namíbia.

Mesmo durante a semana há pouco trânsito, e as casas com arquitetura portuguesa e calçadas largas e arborizadas lembram as cidades do interior brasileiro. Faltou só encontrar pessoas sentadas em cadeiras de fio do lado de fora do portão, vendo o movimento e fofocando sobre a vida alheia.

Nos hospedamos na Nancy Guesthouse, uma pousada onde quartos de visitantes dividem espaço com salas de aula de inglês. Como o prédio principal estava lotado, ficamos na segunda unidade, onde só havia um quarto. As janelas davam para corredores e o Wi-Fi era à parte, mas o banho era quente e o preço bem amigável: 8.000 kwanza (R$ 77).

Como o orçamento estava mais folgado e a cidade não oferece muitos atrativos turísticos —o tempo nublado nos fez abdicar da praia—, passamos as tardes na Doce Requinte, uma confeitaria com belos doces e alguns salgados. Até encontramos coxinhas, mas, para azar da Pati, acabou quando ela resolveu prová-las. Agora, só no Brasil.

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