Nossa viagem pelo leste da África promete certas regalias, como se hospedar em hostels e viajar em ônibus que ligam capitais. Conseguimos a primeira facilidade já em Moçambique, mas a segunda veio apenas entre Harare e Lusaka, num veículo que cruzou a fronteira de Zimbábue e Zâmbia.
Com eleições presidenciáveis marcadas para uma quarta-feira, nos organizamos para deixar terras zimbabuanas no dia anterior, para evitar possíveis fronteiras fechadas ou tensões políticas. Compramos, então, passagem da Trip Trans (US$ 20/R$ 107), com saída prevista para as 7h. E, para nossa alegria, há uma rodoviária em Harare, no estilo das brasileiras, com ônibus de várias empresas.
O funcionário nos orientou a chegar por volta das 6h, a fim de conseguir poltronas juntas —nos países que visitamos, é comum se sentar onde está vago, e não marcar com antecedência seu assento. Assim, empacotamos nossos sanduíches de café da manhã e partimos para a rodoviária no horário indicado.
Chegamos e o funcionário já nos fez entrar no veículo. Deu 7h e vários passageiros já estavam acomodados, mas nada de partirmos. Às 7h30, fui perguntar para um empregado da companhia quando sairíamos, e ele respondeu que em breve.
Cerca de 15 minutos depois foi a vez da Pati questionar, e aí descobrimos o motivo: eles esperavam que mais gente viajasse por causa da eleição, mas não houve tanta demanda assim. Agora, eles estavam esperando passageiros de última hora.
Nas nossas andanças pela costa oeste do continente, muitas vezes viajamos em carros ou vans que partem apenas quando estão cheios. É a regra do jogo e aceitamos isso. Agora, quando se compra passagem de ônibus com horário marcado e ele muda o sistema, aí ficamos pistola.
Por fim, o veículo partiu às 8h, recolhendo alguns viajantes na estrada, uma prática comum por essas bandas.
Fronteira Zimbábue-Zâmbia
O rio Zambeze separa os dois países, e há um prédio oficial de cada lado da ponte. Como estávamos entrando na Zâmbia, cruzamos a construção e resolvemos toda a burocracia do lado de lá. Para quem está entrando no Zimbábue, é preciso ir ao prédio do lado de cá.
Estamos viajando com nossos passaportes europeus (eu com o polonês e a Pati com o italiano), e isso nos isenta de visto para entrar na Zâmbia —infelizmente brasileiros precisam desse documento.
O Lucas Saad (@passaporte201) fez essa travessia com seu passaporte brasileiro e nos contou que foi tão fácil quanto com a gente. Ele precisou pagar US$ 25 —não aceitam pagamento em cartão ou alguma outra moeda—, e logo menos ganhou o carimbo de entrada.
Chegamos às 14h ao prédio oficial e em 7 minutos já estávamos com os carimbos de saída do Zimbábue e entrada na Zâmbia no passaporte. Sim, 7 curtos minutos. Não deu nem tempo de tirar uma foto escondido, como costumamos fazer.
A oficial zambiana apenas perguntou para onde iríamos, onde ficaríamos, o que faríamos lá e por quanto tempo. No fim, foi mais demorado esperar o ônibus partir do que ganhar os carimbos.
Após deixarmos o prédio, precisamos esperar além da cancela, onde há uma pequena horda de homens oferecendo troca de dinheiro ou chip de celular. Eles se aglomeram em torno do viajante, não importando se branco ou preto, mas não é nada comparado ao caos de Rosso, na fronteira entre Mauritânia e Senegal.
Às 14h50 finalmente partimos em direção à capital da Zâmbia, chegando lá às 17h45. Assim, percorremos os cerca de 500 km entre Harare e Lusaka em quase 10 horas.
Na capital zambiana, o veículo parou em uma espécie de rodoviária, mais tumultuada que a de Harare, onde vários homens nos abordaram oferecendo táxi. Como estava claro ainda e iríamos ficar no Lusaka Backpackers, a 2 km dali, fomos a pé mesmo, e aproveitamos um caixa eletrônico num posto de combustível no caminho para sacarmos kwachas zambianas.
Se você é descendente de poloneses e quer saber se é possível ter sua cidadania reconhecida e o passaporte europeu, o Eduardo Joelson faz esse serviço burocrático. Em 2019 o Faraó o contratou e conseguiu rapidamente a documentação. Caso você o procure por meio da gente, ganhamos 5% de comissão.















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