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Em dia de fronteira entre Maláui e Tanzânia, andamos e usamos carros, van e ônibus


Com duas recentes experiências conturbadas de cruzar fronteiras em um único ônibus —fomos abandonados entre África do Sul e Moçambique e tivemos atrasos homéricos entre Zâmbia e Maláui—, decidimos adotar a velha estratégia de dividir em várias etapas a viagem ao ir do Maláui à Tanzânia. Mas, para nosso azar, a jornada não foi fácil.

Após curtir alguns dias de tranquilidade à beira do lago Maláui, chegou nossa hora de partir, e a primeira etapa, mais física, foi caminhar da nossa hospedagem até o centro de Nkhata Bay.

Com as pesadas mochilas às costas, subimos e descemos morro por cerca de 2 km. Ao menos, nesse percurso achamos um local para imprimir nossos eVisas devidamente autorizados pelo governo tanzaniano.

No centro, mal embarcamos em um táxi coletivo (5.000 kwachas/R$ 24,50) e ele saiu em direção a Mzuzu. Obviamente que parou inúmeras vezes para passageiros subirem ou descerem pelo caminho, mas, ao menos, foi 1h30min para transpor 50 km.

Chegando a Mzuzu, avisamos ao motorista que queríamos seguir viagem para Karonga, a última grande cidade antes da fronteira.

Solícito, ele nos avisou que não havia táxi coletivo para lá, apenas um ônibus da Sososo e vans. Como o primeiro parte na hora do almoço, optamos por um veículo que saísse mais cedo. Ele nos deixou na concentração de carros e esperamos 40 minutos até deixarmos Mzuzu.

A van que pegamos iria também para a fronteira, mas, na negociação inicial, o homem que nos vendeu os assentos quis cobrar a mais. Uma passageira do táxi já nos tinha alertado que, até Karonga, o lugar custaria 10.000 kwachas (R$ 48,50), e o vendedor quis 15.000 kwachas (R$ 73) até a divisa. Pela distância, a etapa Karonga-fronteira não poderia valer essa diferença. No fim, negociamos e pagamos o valor que a mulher do táxi havia nos informado e, após 5 horas e 220 km, chegamos a Karonga.

Nem descemos da van e, como em tantos outros países da África, homens nos abordaram para nos levar de carro até a fronteira. Negociamos com um (3.000 kwachas/R$ 14,50) e o veículo logo partiu. Como manda o figurino, paramos muitas vezes para embarque e desembarque de passageiros. Nessa etapa, foi 1 hora para 50 km.

Fronteira Maláui-Tanzânia

O carro nem parou direito no aglomerado de casas na região da fronteira e já vieram vários homens se oferecer para nos levar até o prédio do governo, que estava a uma pequena caminhada de distância. Negamos diversas vezes, apesar da insistência e da vontade de sair na porrada, e nos embrenhamos pelas ruas até encontrar o edifício oficial —tivemos até que passar por uma fenda na cerca.

Do lado do Maláui, a agente nos orientou a preencher um formulário e, em minutos, carimbou nossos passaportes europeus —meu polonês e o italiano da Pati.


Se você é descendente de poloneses e quer saber se é possível ter sua cidadania reconhecida e o passaporte europeu, o Eduardo Joelson faz esse serviço burocrático. Em 2019 o contratei e conseguiu rapidamente a documentação. Caso você o procure por meio da gente, ganhamos 5% de comissão.


É necessário caminhar um tanto até o novo e grande prédio da Tanzânia. Antes de chegar lá, um militar nos recebeu efusivamente, nos dando boas-vindas ao país.

Dentro do vazio edifício, passamos primeiramente por uma jovem, que olhou nossos passaportes e nos indicou o caminho certo. No guichê oficial, dois homens simpáticos nos deram formulários para preenchermos e também checaram nossos passaportes e os eVisas, logo dando o carimbo de entrada.

Quando um deles viu o documento italiano da Pati, cantarolou “Despacito”, hit do porto-riquenho Luis Fonsi. Sim, ele confundiu italiano com espanhol, e nos perguntou o significado da palavra. Ainda bem que não nos pediu para cantarmos, como num típico programa de Silvio Santos.

Dessa forma, em cerca de 30 minutos conseguimos os carimbos de saída e entrada e estávamos em solo tanzaniano. E o último oficial da fronteira se despediu alegremente, nos dando a impressão de que teríamos bons momentos no país. Ledo engano.

Tensão na Tanzânia

Assim que se passa a burocracia de fronteira, há um povoado, Kasumulu, que acompanha a rodovia por alguns quilômetros. Como nos últimos países da costa leste há vários caixas eletrônicos, acreditávamos que o mesmo aconteceria na Tanzânia, um polo turístico na região. Achamos errado.

No iOverlander, um app colaborativo de viajantes, há a menção de um ATM, mas que deixou na mão os últimos que escreveram ali. Nem quis checar, pois imaginei que poderíamos caminhar pela principal via de Kasumulu e perguntar por outro caixa eletrônico. Fizemos isso, mas as pessoas davam indicações contraditórias.

Enquanto andávamos, alguns cambistas quiseram trocar dinheiro, mas a uma cotação desfavorável para a gente. Enquanto a oficial apontava 1 kwacha do Maláui = 2,34 xelins, eles queriam 1,30, e isso desde o lado malauiano. Acreditávamos que encontraríamos algo melhor mais pra frente, mas essa possível proposta nunca chegou.

Então, nos vimos no escuro, sem dinheiro local e sem perspectivas de obtê-lo, e precisando percorrer 112 km até Mbeya, a próxima grande cidade. Por sorte, havia um micro-ônibus de linha, que liga as duas cidades. Pati falou com o cobrador, que deixou pagarmos (7.000 xelins/R$ 28) na chegada, pois, segundo ele, teria ATM.

Foram 2 horas de apreensão se haveria mesmo um caixa eletrônico. De qualquer forma, separamos uma nota de 10 euros para tentar usar de algum modo. No fim, o veículo chegou em Mbeya e parou em uma grande estação, mas sem sinal de ATM.

Falamos com o motorista e alguns passageiros afirmaram que o micro-ônibus ainda seguiria viagem e pararia em um lugar com caixas eletrônicos. A apreensão aumentou, ainda mais que as pessoas ali não pareciam confiantes sobre a nossa obtenção de dinheiro.

Para nossa alegria, o veículo chegou a um posto de gasolina, não com um ATM, mas 4. Houve uma taxa de saque, que fingimos nem notar, já que o objetivo era ter como pagar nosso transporte e ir para o hotel.

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