A fronteira entre Uganda e Quênia foi uma das últimas na África que atravessamos por terra e, para nossa alegria, deixou uma boa memória. Influenciou nisso o fato de ser num prédio único —quantas vezes tivemos que andar quilômetros em terras de ninguém— e a simpatia e agilidade dos oficiais. E olha que era noite de domingo, turno em que muitos trabalhadores odiariam estar de serviço!
Estávamos em Kampala, a capital ugandesa, e queríamos ir a Kaptagat, onde treinam os melhores maratonistas do mundo. O mais fácil para chegar lá seria parar em Eldoret, uma das 5 maiores cidades quenianas. Para isso, pegamos em Uganda um ônibus da Gateway Bus com destino a Nairóbi, a capital.
Garantimos as passagens na véspera da partida diretamente na garagem da empresa —lembrando que o comum no continente é que os ônibus partam dos guichês das companhias, e não de uma rodovária. E, entre perguntar o preço, sacar dinheiro e voltar para pagar, nos deram um desconto sem motivo aparente: de 100.000 xelins ugandeses (R$ 139) foi para 80.000 xelins (R$ 111,50) a poltrona.
Como o ônibus estava previsto para sair às 16h, fizemos check-out no hotel e partimos para um café próximo à empresa rodoviária, já que em todos os dias anteriores caiu um temporal no meio da tarde e, ali perto, ficaria mais fácil e rápido chegar ao veículo.
O café até nos lembrou do período vivido na costa oeste da África, quando a atendente nos trouxe a conta assim que finalizamos os sucos. Ainda bem que ela entendeu que queríamos ficar mais, e lá almoçamos e tomamos cappuccino (com açúcar, infelizmente). O pagamento foi outra volta no tempo, pois não aceitavam cartão.
Assim que a chuva diminuiu, fomos à garagem e ansiosamente aguardamos o veículo. Esse era o sentimento porque se aproximava o horário de partida e nada do ônibus. Por fim, ele chegou pouco antes das 16h e partiu com 30 minutos de atraso. Ao menos era confortável e não estava cheio.
Os dias em que ficamos no centro de Kampala não foram nada agradáveis, por causa do trânsito intenso e do tanto de barulho vindo do comércio informal. E, no caminho para o país vizinho, vimos que não é só a região central que é conturbada. Infelizmente, a capital ugandesa nos lembrou Conacri (Guiné) e Kinshasa (RD Congo), outras duas cidades que deixaram memórias negativas.
Fronteira Uganda-Quênia
Chegamos ao prédio da fronteira entre Uganda e Quênia cerca de 6 horas depois —até conseguimos ver um rio que deságua no lago Vitória, o maior do continente e o 3º maior do mundo.
Mesmo sendo uma noite de domingo, por volta das 22h, resolvemos toda a burocracia rapidamente —os guichês dos 2 países ficam lado a lado— e ganhamos nossos carimbos de saída e de entrada em menos de 10 minutos. E ainda teve uma revista de raio-x no início do processo.
Felizmente, desta vez ninguém encrencou com nosso EAC Visa —visto que dá direito a livre circulação entre Ruanda, Uganda e Quênia por 90 dias—, como foi na fronteira Ruanda-Uganda, quando a oficial deve ter desconfiado do nosso documento estar preenchido à mão.
O único porém foi, logo após o raio-x, um homem se aproximar da Pati, perguntar se tinha visto e pedir o passaporte. Ele estava com roupas de civil, mas não seria a primeira vez que um oficial estaria assim trajado na fronteira, então ela entregou o documento. No entanto, ao perceber que o homem queria preencher um formulário para ela, a Pati rapidamente retomou o passaporte e foi para os guichês.
Trocamos dinheiro enquanto aguardávamos os demais passageiros e retomamos a viagem, chegando a Eldoret após 8 horas e 30 minutos de estrada. Isso que foram cerca de 350 km.
A cidade é muito iluminada de noite, o que nos encorajou a caminhar cerca de 2 km até o Merril Hotel (4.300 xelins quenianos/R$ 148,50), mesmo sendo 1h da madrugada.















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