Assim como para entrar em Madagascar é necessário viajar de avião, para sair de lá também é. Seria bem mais em conta comprar passagens de ida e volta de um país, mas optamos pelo trajeto Quênia-Madagascar-Etiópia para não precisar tirar visto de múltiplas entradas e evitar longos deslocamentos por terra —1 ano de África está cobrando seu preço.
O Aeroporto Internacional de Ivato, em Antananarivo, é bem pequeno, lembrando os de Campo Grande e o antigo de Florianópolis —quantas vezes passamos por esses lugares em tantos anos vivendo em São Paulo? Há 2 caixas eletrônicos, uma pequena loja que vende de tudo e que só abre às 11h, guichês de telefonia e das companhias aéreas.
Tivemos nossa estreia na Ethiopian (US$ 710/R$ 4.058 a passagem), e a atendente se mostrou bem surpresa que nosso destino era Adis Abeba, pois muitos usam a capital etíope apenas como conexão para outros lugares. Ao pedir nossa passagem de saída, teve mais espanto ao saber que de lá vamos para o Cairo. Com tantos passageiros europeus, essas escolhas não devem ser muito comuns.
Os oficiais de imigração foram ágeis e nem perguntaram nada. E, ao contrário do aeroporto de Nairóbi, desta vez enfrentamos apenas um raio-x, onde a Pati passou por uma revista minuciosa quando a máquina apitou.
Na área de embarque, encontramos apenas uma loja e um restaurante, e em ambas os preços estavam em euros. Pedimos um café, a fim de gastar nossos últimos ariaris malgaxes, e ficamos perplexos que ali só poderíamos pagar em notas de euro ou no cartão. E, para piorar, apesar de o cardápio ter várias bebidas alcoólicas, o local não podia vendê-las, pois o governo não havia dado aval ainda.
O avião em que viajamos era grande, na formação 3-3-3, e tinha uma boa gama de filmes na lista de entretenimento de bordo, inclusive com a animação “O Rei Leão”. Mesmo tendo assistido incontáveis vezes, Pati deu o play e, assim como em todas as demais oportunidades, se emocionou.
Aeroporto de Adis Abeba
Após 4 horas, aterrissamos no enorme Aeroporto Internacional Bole, em Adis Abeba. Estávamos com o eVisa aprovado, e nos direcionaram para a fila de cidadãos etíopes. Nessas horas, sempre bate a tensão de qual agente de imigração nos atenderá, e monitoramos as expressões deles: se sorriem, se fazem muitas perguntas…
Uma das oficiais estava visivelmente cansada, e foi ela quem chamou a Pati. Ao menos ela abriu um sorriso quando a metade de nossa equipe chegou. Nisso, um funcionário me convocou. Enquanto ele perguntava onde eu ficaria e olhava encucado a foto do meu passaporte polonês, onde ainda tenho longos dreads, a Pati foi liberada.
O homem seguia fazendo a burocracia necessária e a Pati voltou a falar com a oficial que a atendeu. Só depois eu descobri que a mulher havia se esquecido de dar o carimbo de entrada em seu passaporte italiano. Nem quero imaginar o problema que isso poderia causar na hora de partir da Etiópia.
Quando a Pati deixou o guichê, ficou na dúvida se era um procedimento normal não carimbar o passaporte —para sair do Gabão, o carimbo não vem na fronteira, e sim em Bitam, uma cidade a alguns quilômetros de lá. Ela ficou observando como o oficial faria comigo e, ao ver que ele estava demorando muito, foi falar com a agente. No fim, a mulher havia esquecido esse detalhe.
É por isso que, ao enfrentar esses procedimentos burocráticos, é sempre bom ficar atento a como os oficiais e os demais passageiros se comportam.
Com os passaportes devidamente carimbados, pegamos nossas mochilas na esteira, sacamos moeda local em um dos vários caixas eletrônicos ali e fomos em busca do nosso shutle, um oferecimento do hotel onde ficaríamos. Depois de idas e vindas, descobrimos que há uma área, no estacionamento, em que se concentram várias vans de hospedagens, à espera dos passageiros/hóspedes.















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