Meses atrás, teríamos ido da Etiópia ao Egito por terra, cruzando o Sudão. Mas, desde que o país virou palco de uma guerra civil, em abril de 2023, começamos a avaliar como chegar ao nosso último destino africano. A única solução, até onde vimos, seria viajar de avião. Desta forma, compramos uma passagem (US$ 211,50/R$ 1.174) de Adis Abeba a Cairo.
Conhecemos o Aeroporto Internacional Bole dias antes, quando chegamos de Madagascar. Enorme e bem iluminado, ele é um importante hub na região. Como nosso voo estava marcado para as 5h, nos organizamos para passar a madrugada lá, economizando assim em hospedagem e em preocupação —quem não fica ansioso às vésperas de uma viagem de avião?
Apesar de um grande estacionamento, os carros não podem se aproximar do prédio, como nos aeroportos brasileiros. Outra situação incomum para nós foi passar por vários grupos de pessoas entre saltar do veículo e entrar no edifício.
Falando nisso, para ter acesso ao interior do lugar é preciso apresentar passaporte —um funcionário checa se você tem passagem aérea— e passar por um raio-x. Lá dentro, vimos apenas uma cafeteria no grande saguão. E pouquíssimas cadeiras. Assim, sucumbimos aos preços inflacionados para ter um local para sentar e aguardar das 19h à meia-noite, quando começaria o check-in. Ao menos o Wi-Fi era rápido e gratuito.
A grande tensão da noite se deu na hora de despachar as bagagens. O funcionário da EgyptAir cobrou o comprovante de vacinação da febre amarela, mas não aceitou a versão emitida pelo Ministério da Saúde brasileiro, já que era uma folha sulfite, e não uma típica carteira. Tivemos que esperar 1 hora e meia até o gerente chegar e resolver a situação, ao ligar para algum contato do governo egípcio. Foi uma longa e angustiante espera, pois temíamos que a empresa aérea impedisse nosso embarque.
Diante do rigor da companhia, imaginávamos que o agente da imigração também pudesse encrencar com algo. Para nossa alegria, ganhamos o carimbo de saída em questão de segundos. Após mais um raio-x, conseguimos aproveitar um pouco da sala VIP —um oferecimento do irmão da Pati, que nos liberou adicionais de cartão de crédito.
Aeroporto do Egito e visto na chegada
O voo de 4 horas da EgyptAir não teve imprevistos e a equipe ofereceu um robusto café da manhã. Demos sorte de não ter ninguém ao nosso lado —a configuração do avião era 3 + 3— e nos esticamos na poltrona livre. E, ao contrário de companhias aéreas brasileiras, a equipe de bordo não parecia nada simpática.
No grande Aeroporto Internacional do Cairo, precisamos pegar um ônibus para acessar o prédio, onde um funcionário nos pediu para mostrar o comprovante de vacinação da febre amarela, checou o papel e, em questão de segundos, nos liberou. Depois, seguimos para a área de imigração. Após tantas idas a embaixadas, na costa oeste, para obter vistos, é até desconcertante o procedimento ali.
Para conseguir o visa on arrival, ou o visto na chegada, é necessário ir a uma das 3 casas de câmbio e pagar os US$ 25 exigidos. O funcionário te dá um selinho e você o leva para o guichê da imigração. Lá, a agente pega o papel e seu passaporte, checa as informações, destaca o selo e o cola em uma página livre e carimba. Tudo muito simples e rápido. No meu caso, ainda demorou um pouco, pois a minha foto é da época em que eu tinha dreads, bem diferente da cabeça raspada de hoje.
Após essa burocracia, há uma escada rolante que leva às esteiras das bagagens e a um último guichê, o da alfândega. Ali, o oficial nos perguntou se tínhamos algo a declarar e, diante da nossa negativa, perguntou se levávamos um drone. Liberados, estávamos no saguão do grande aeroporto, prontos para explorar o Egito.
















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