Praticamente 100% das listas de “o que fazer na Tailândia” são encabeçadas com Koh Phi Phi e o cenário eternizado por Leonardo DiCaprio em “A Praia”. O problema é que o filme de 2000 foi tão marcante que Maya Bay, onde foi gravado, recebe hordas de turistas diariamente e, agora, o visitante enfrenta enormes filas para não encontrar a exclusividade difundida pelo longa. Mesmo sabendo disso, inflamos os números. O vazio mesmo só encontramos embaixo d’água, quando mergulhamos na região.
Após vários dias de descanso em Koh Phangan, na costa leste tailandesa, e um rápido curso de mergulho na vizinha Koh Tao, pegamos um ferry para Surat Thani e uma van para Phuket (฿ 731/R$ 124,50 o combo), com o intuito de visitar as ilhas da costa oeste.
Na cidade, nos hospedamos perto do Chalong Pier, pois, pela nossa experiência na indonésia Labuan Bajo, acreditávamos concentrar as agências de turismo. Infelizmente, encontramos apenas duas, e os preços não eram competitivos com os passeios oferecidos pela GetYourGuide. Assim, contratamos um, de lancha rápida com oito paradas (฿ 1.800/R$ 306,50 por pessoa), para o dia seguinte —não estava incluída a taxa do Parque Nacional Hat Noppharat Thara, de ฿ 400 (R$ 69,50).
Há diversos tipos de programações, que envolvem outros destinos, embarcações diferentes, horários alternativos e por aí vai. Depende do seu empenho e bolso.
Passeio por Koh Phi Phi
Para nosso azar, o ponto de partida do passeio não era Chalong Pier, e sim Rassada Pier, a 14 km de distância. Na contratação do tour, queríamos o que incluía o translado, mas a hospedagem estava fora da área de cobertura e tivemos que desembolsar mais de ฿ 1.230 (R$ 210) de Grab, o Uber local, para ir e voltar de lá.
Deveríamos estar no ponto de encontro às 8h15, para sermos separados em grupos e partirmos. O processo de cadastro demorou bastante —pelo menos tinha café da manhã disponível— e deixamos o porto às 9h30. No nosso barco rápido, estávamos em cerca de 20 pessoas, entre pessoas sozinhas, casais e uma família com três crianças pequenas.
A primeira e aguardada parada foi em Maya Bay, onde já na chegada vimos o quão lotada é. Descemos em um pequeno píer flutuante —a ideia é que os barcos fiquem ali para um rápido embarque e desembarque— e seguimos o fluxo dos turistas por uma passarela de madeira que cruza uma parte de Koh Phi Phi Lee até a praia de “A Praia”.





Descobrimos pelo Matheus de Souza que Alex Garland, autor do livro que inspirou o filme homônimo, viveu seis meses nas Filipinas e, em vez de ambientar a obra em El Nido, mudou o cenário para a “vendável” Tailândia. O diretor Danny Boyle, por sua vez, colocou na tela um mapa que apontava a região de Koh Phangan, mas gravou o enredo em Maya Bay. E a partir daí é história e turismo em massa.
A praia é realmente muito bonita. E cheia. Com o sucesso do filme, o lugar chegou a receber 8.000 pessoas por dia e, diante do estrago de tanta gente, autoridades tailandesas proibiram a visitação de 2018 a 2022, para a reabilitação da vida marinha. Agora, há uma área onde barcos não entram e o visitante também não pode se banhar, só molhar os pés. Por volta das 11h de uma manhã de novembro, era possível achar uma brecha na água para garantir a foto com a baía de fundo —segundo o guia, Coco, em dezembro vai ter muito mais turistas ali.
Depois, tivemos a primeira parada para snorkeling e observamos vários peixes e uma água bem transparente, apesar do intenso movimento de barcos na região.
Na sequência, da lancha vimos a Caverna Viking, por onde, segundo o guia, nórdicos passaram dois séculos atrás, a lagoa Pileh, uma baía formada por rochas gigantes e com um trânsito intenso de barcos, e a Monkey Beach, em que, dependendo da sorte (ou da quantidade de frutas que surgem por ali), macacos dão o ar da graça em meio às árvores nas pedras.










A parada para o almoço é em Phi Phi Don, uma ilha com muitas opções de restaurantes e hospedagens, além de um grande fluxo de estrangeiros. Como a alimentação estava incluída no pacote, nos servimos num bufê específico. Até teve uma chuva considerável enquanto estávamos lá, mas ela acabou antes mesmo de partirmos para o segundo momento de snorkeling do dia.
Para finalizar o passeio, ficamos cerca de uma hora na ilha Bamboo —dependendo do roteiro, a parada é em Khai. Há uma área dedicada ao estacionamento dos barcos, o que restringe a porção dedicada ao banho de mar. De qualquer forma, o turista tem uma grande faixa de areia para se bronzear. Estávamos de volta às 17h30, com direito a um picolé de saideira.




Nesses dois anos de volta ao mundo, este foi o momento em que vimos mais gente em atrações turísticas, e olha que fizemos recentemente o passeio para a ilha de Komodo, na Indonésia. Obviamente, gostaríamos que os lugares fossem mais vazios, mas entendemos que todos têm direito a desfrutar das belezas da natureza. Por que seríamos os diferentões e ter tudo só para nós? A questão é que ficamos mal acostumados com a solidão de lugares como o tunisíano anfiteatro de El Djem e a argelina Timgad, considerada a segunda Roma.
Mergulho em Koh Phi Phi

Bom, já que nos tornamos mergulhadores certificados há menos de três semanas, nada mais natural do que investir nesse caro hobby e aproveitar os preços baixos da Tailândia, certo? Como novembro é época de monções na costa leste e as chuvas afetaram a visibilidade embaixo d’água, quisemos saber como seria a experiência na costa oeste, que não é afetada pelas intempéries neste momento.
Se há poucas agências de turismo na região de Chalong Pier, sobram centros de mergulho, tanto da SSI quanto da Padi, organização pela qual nos certificamos. Cotamos passeios em cinco endereços e o melhor custo-benefício ficou com a Aussie Divers.
A saída com três mergulhos ficou ฿ 3.900 (R$ 677) por pessoa, além de ฿ 600 (R$ 104) pelo aluguel do equipamento e ฿ 200 (R$ 34,50) pelo computador de mergulho. Teve ainda a taxa do parque, de ฿ 600 (R$ 104) para cada um —soubemos depois que esse valor dá direito a uma segunda visita ao Parque Nacional Hat Noppharat Thara. No pacote, estavam incluídas as refeições a bordo (café da manhã, almoço, lanches e água).







O destino do barco varia de acordo com o dia da semana e preferimos ir para Koh Phi Phi e o Shark Point —entre as opções, há bastante saída para Koh Racha Yai. No fim, a forte correnteza fez o mergulho no ponto dos tubarões ser alterado para Koh Doc Mai, que serviu de proteção para a maré.
Foi uma baita experiência, pois agora não tínhamos que treinar e testar as habilidades do curso. Foi só curtir a paisagem embaixo d’água e praticar a flutuação, algo com que ainda não estamos acostumados. E, realmente, a visibilidade estava bem melhor nesse lado da Tailândia, o que nos permitiu observar peixes e corais de tudo que é tamanho e cor, além de duas tartarugas de pertinho e três tubarões à distância. O Sudeste Asiático que se prepare para esses dois novos viajantes mergulhadores!




















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