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Na fronteira Laos-Camboja, houve pedidos de propina, confusão e visto na entrada


O que você precisa saber

Embaixada em Brasília
SHIS QL 16, conjunto 4, casa 5 – Lago Sul – Brasília/DF
CEP: 71640-245
Telefone: +55 (61) 3142-6006
Email: camemb.bra@mfaic.gov.kh

Documentos necessários (digitalizados)

  • Passaporte
  • Foto 3×4
  • Formulário preenchido
  • Reserva de hospedagem

Custo: US$ 30 (visto na chegada, pagos em espécie) ou US$ 30 + US$ 6 de processamento (eVisa, pagos on-line)


Nos 12,5 meses que viajamos pela África, cruzamos várias fronteiras onde nos pediram uma Coca-Cola ou um presente, mas sempre negamos educadamente ou fingimos não entender. Agora, no Sudeste Asiático, entre Laos e Camboja, vimos pela primeira vez nessa volta ao mundo a propina institucionalizada, e dos dois lados da divisa.

Para início de conversa, aproveitamos as mordomias de se viajar pela região e compramos, numa agência de viagem, uma passagem (₭ 750 mil/R$ 226) entre Pakse, no Laos, e Siem Reap, no Camboja, com direito a sermos buscados no hotel.

Às 9h, uma van surgiu na porta da hospedagem e, após algumas paradas no caminho para o motorista comprar comida, pegamos a estrada rumo à fronteira, no sul do país. Faltando 16 km, num entroncamento, ele parou e, junto com uma estrangeira e dois jovens laosianos, mudamos de veículo –aparentemente, nosso carro original iria para alguma atração turística e nós seguimos para o Camboja.

Fronteira Laos-Camboja

Essa fronteira nos gerou certa tensão e muita pesquisa, pois, aos buscarmos informações, vimos que ela é problemática. Num blog, a viajante afirmou ter pagado em março, no lado laosiano, ₭ 50 mil (R$ 15) pelo carimbo de saída e, na parte cambojana, US$ 35 (R$ 216) pelo visto na chegada.

Já no aplicativo iOverlander, há relatos de que o carimbo é gratuito, assim como na maioria das fronteiras por onde passamos, e que o visa on arrival do Camboja custa, na verdade, US$ 30 (R$ 185,50). Mas esses valores dependem de paciência e argumentação.

Para piorar, é muito difícil achar informações oficiais, e a única que encontramos vem do Itamaraty, que indica o visto na chegada a US$ 30 –o texto foi atualizado em março de 2023. Tiramos um print dele e fomos na cara e na coragem para a fronteira.

Ao chegarmos ao guichê do lado laosiano, às 11h10, cada um de nós foi atendido por um agente e, quando pediram o valor, perguntamos onde estava escrito que precisávamos pagar algo –na fronteira com a Tailândia, há sinalizações de uma taxa de ฿ 40 (R$ 7)– e ainda comentamos que não tínhamos achado essa informação no site do governo. Eles disseram que os ₭ 50 mil eram específicos dali e nós insistimos por algum aviso oficial. Após argumentos de ambos os lados, os oficiais falaram que podíamos seguir viagem. Ponto para nós, que deixamos de gastar US$ 2 cada!

Nossos colegas de van já estavam liberados e, enquanto esperávamos o veículo, trocamos os kips que sobraram. Ao olharmos os passaportes, ficamos na dúvida sobre os carimbos: só tinha o de entrada e um em cima do visto. Pedimos para ver o passaporte da outra estrangeira e lá estava um carimbo de saída. Como assim?! Voltamos ao guichê, onde o oficial falou que estava tudo certo e que devíamos seguir adiante. Então tá. Guardem essa informação: nessa hora, chegou um ônibus cheio de gringos.

Quando descobrimos que a van não cruzaria a fronteira, fomos a pé para o lado cambojano. No prédio, um funcionário perguntou sobre o visto e falamos que iríamos tirar ali, já que o Camboja exige o documento de quem tem passaporte brasileiro. O sujeito, então, procurou o carimbo de saída do Laos. Explicamos o que havia ocorrido, mas de nada adiantou: precisávamos dos carimbos para entrarmos no país. Pedimos para deixar nossas mochilas ali e voltamos para o lado laosiano. No calor de meio-dia.

Chegando lá, muitos dos gringos estavam sendo atendidos. Entramos na fila que aparentava ser de laosianos e, quando chegou a nossa vez, falamos que o funcionário cambojano cobrou os carimbos de saída. O agente do Laos disse que precisava terminar a burocracia das pessoas naquela linha e, diante de nossa insistência em resolver logo nosso problema, nos mandou esperar todos serem registrados. Menos de dez minutos depois, estávamos novamente na frente do oficial, com quem debatemos efusivamente até, finalmente, conseguirmos os carimbos de saída. Agora, sim, ponto para nós!

Enquanto voltávamos para o lado cambojano, aquele ônibus de gringos começou a andar. Em dado momento, estávamos correndo para chegarmos antes de um punhado de gente –na memória, a vez em que fomos deixados para trás pelo motorista na fronteira entre África do Sul e Moçambique.

O mesmo funcionário que já havia nos atendido conferiu os carimbos e deu formulários para preenchermos, com dados pessoais e da hospedagem onde ficaríamos. Numa confusão, seguimos para a fila errada e, quando percebemos, todos aqueles estrangeiros já estavam dentro do prédio. Agora, teríamos que esperá-los. A tensão só aumentava.

Vimos todos dando US$ 35 para o agente e, quando chegou nossa vez, pagamos US$ 30 cada. O homem falou o valor inflacionado e dissemos que vimos no site do nosso governo a quantia mais baixa. Com os passaportes em mãos, nossos e dos demais, ele caminhou em direção a uma das salas enquanto explicava que o dinheiro a mais era para imprimir formulários, comprar canetas e pagar a eletricidade. “Se não tiverem, tudo bem”. Diante de nossa falta de simpatia, demonstrou a sua ao falar que, já que chegamos antes e perdemos a vez para os gringos, poderíamos pagar “só” os US$ 30. Outro ponto para nós, que deixamos de gastar US$ 5 cada!

Aí foi chá de cadeira. Por uma desorganização dos agentes que colavam e preenchiam o visto no passaporte, recebemos os nossos antes de vários estrangeiros e, após um demorado registro de foto e digitais, tivemos nossa entrada liberada oficialmente no Camboja.

E agora? Fomos deixados para trás, como na África? Não! A van, a terceira do dia, nos aguardava ali perto. E ainda precisamos esperar três monges para partirmos, às 12h45, cerca de uma hora e meia depois de iniciarmos todo esse périplo burocrático.

Trocamos ainda outra vez de veículo, com o qual seguimos viagem até Siem Reap. Com a estrada boa e o motorista veloz, chegamos ao destino às 18h10, o que fez nossa travessia de 520 km levar cerca de 9 horas. Pelo menos o bolso não estava US$ 7 mais vazio, e alguns agentes viram que não é todo mundo que está disposto a ser ludibriado.

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