A Pati costuma ser a responsável da equipe pela ansiedade, mas devo confessar que, para entrar em Myanmar, eu estava bem temeroso. Tanto por causa da tensão envolvendo o burocrático processo para obter o eVisa, com passagens de avião para chegar e sair do país emitidas e reservas de hospedagens feitas, quanto por causa da guerra civil que assola a nação.
Pelo menos a viagem começou fácil, ao partirmos de Hong Kong. O aeroporto internacional dessa Região Administrativa da China é bem moderno, e pudemos tomar aquele último café para gastar os dólares honcongueses remanescentes, tanto em dinheiro vivo quanto no Octopus, o cartão de transporte público. Sem falar que o oficial de imigração foi tão rápido e silencioso quanto os demais que encontramos, na chegada das Filipinas e no bate e volta de Macau.
Myanmar recebe poucos voos internacionais, e por isso compramos uma passagem da Thai Airways com conexão na Tailândia. É mais barato adquirir bilhetes de empresas aéreas diferentes, mas queríamos evitar a burocracia de aeroporto: recuperar as mochilas despachadas, falar com oficiais de imigração para entrar no território, fazer check-in no voo seguinte e voltar a encontrar os agentes para sair do país. A sanidade mental agradece.
No Aeroporto Internacional de Suvarnabhumi, em Bangkok, fomos surpreendidos pelo fato de a área de embarque não contar com caixa eletrônico. Acreditávamos que poderia haver algum com saque em dólar, mas a ausência de ATMs foi um balde de água fria.
Entrada em Myanmar
Se no primeiro voo serviram um almoço farto, no segundo, no fim do dia, o lanche veio mais modesto. A diferença entre os aviões também era notória, já que deixamos Hong Kong com entretenimento de bordo, enquanto saímos da Tailândia sem televisão —e olha que ambas as aeronaves tinham a mesma configuração, de 3 + 4 + 3.
Dentro do avião, os comissários de bordo entregaram dois formulários: um para preenchermos com os dados do voo de chegada e o de saída —que deve ser entregue ao deixarmos o país— e um de saúde, com perguntas sobre sintomas recentes —tosse, dor de garganta e febre, entre outros—, contatos das hospedagens em Myanmar e até a poltrona onde estávamos sentados.
Ao pousarmos no Aeroporto Internacional de Yangon, logo chegamos aos oficiais de imigração. Antes, porém, precisamos enfrentar uma fila para entregar o formulário de saúde. Na sequência, há dois caminhos: para o visa on arrival e para a imigração em si. Mostramos nosso eVisa impresso e um funcionário nos direcionou erroneamente para a área do visto na chegada. Ainda bem que outro agente nos interceptou no caminho e apontou a direção correta.
Além do eVisa, imprimimos também a reserva da primeira hospedagem, em Yangon, assim como o visto e a passagem de avião para o próximo país. Como nos pediram esse tipo de documento quando entramos nas Filipinas, imaginávamos que aconteceria o mesmo em solo myanmarense. Não ajudou a diminuir a tensão o fato de sermos apenas três ocidentais entre os passageiros (havia um senhor, além de nós).
No fim, a oficial pediu apenas o eVisa impresso, preencheu algo no computador e carimbou o passaporte e o papel do visto. Além disso, precisamos cadastrar uma foto. E pronto, tudo resolvido. Mais simples do que nossa chegada às Filipinas.
Nem bem passei pela imigração e um homem me abordou para trocar dinheiro. A crise econômica decorrente da ditadura militar fez surgir um mercado paralelo. Se na cotação oficial o euro custa 2.190 kyats, no centro de Yangon é possível achar por 4.500 kyats. O sujeito no aeroporto ofereceu 3.800 kyats e, como precisávamos pagar o Grab, o Uber local, trocamos algumas notas para ter dinheiro vivo e começar a viagem por Myanmar.















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