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Passagem expressa pelo Paquistão mostrou quanto o país promete, apesar de tensão na Caxemira


Visitar o Paquistão na época em que estivemos por lá, definitivamente, não foi o mais adequado. O país tem virado o queridinho de viajantes que buscam lugares diferentes e não é à toa: tem preços atrativos, um fácil visto gratuito e paisagens de tirar o fôlego. Pena que, dessa última parte, vimos muito pouco.


Informações práticas*:

  • Média hospedagem: Rs 5.349 (R$ 109,50)
  • Média almoço: Rs 2.001 (R$ 41)
  • Média jantar: Rs 2.214 (R$ 45)
  • Visto: brasileiros precisam de visto
  • Moeda: rupia paquistanesa (R$ 1 = Rs 48,68)
  • Dica: informe-se antes de viajar para o país, pois é preciso uma autorização especial para ir à região montanhosa ao norte, na Caxemira, mesmo quando não há tensões explícitas ou conflitos com a Índia, e há momentos que esses lugares devem ser evitados.

* valores para abril/maio de 2025 para duas pessoas


Vindos da Índia, tínhamos o plano de fazer uma passagem mais rápida pelo país —e isso significava deixar as belíssimas montanhas da Caxemira para outro momento. Dado o conflito que se tornava cada vez mais palpável após um ataque que matou 26 turistas na Caxemira indiana, visitar essa região do lado paquistanês tinha se tornado praticamente proibitivo, independentemente das nossas intenções.

A comprovação disso veio logo na entrada. Chegamos a Lahore, a 30 km da fronteira com a Índia, em um voo que partiu de Mascate, em Omã. O Faraó foi primeiro e teve o passaporte carimbado sem perguntas. Já eu, com a entrada em Bangalore registrada no documento, fui alvo de questionamentos sobre aonde iria e se pretendia visitar áreas especiais.

Ou seja: a fiscalização para esses lugares estava reforçada. Logo, nem que quiséssemos conseguiríamos ir sem a autorização exigida para a região —que deve ser obtida sempre, mas raramente é cobrada.

Assim, planejamos nossos dias entre Lahore, Islamabade, a capital, e Peshawar, já tendo em vista o próximo destino. Com um suspense tão intenso sobre se estouraria um conflito ou não, não seríamos nós a ficar ali mais do que o necessário.

A começar por Lahore. É a segunda maior cidade do país, com mais de 14 milhões de habitantes, e mostra como a civilização ali existe há muito tempo —muito antes de os britânicos reivindicarem o território como sua colônia. Sua origem data de mais de 2.000 anos, mas seu auge começou no fim do século 10.

A consagração mesmo veio, no entanto, durante o Império Mugal, dos séculos 16 ao 18, quando foi sua capital. Exemplar desse tempo é a mesquita Badshahi, construída entre 1671 e 1673. Suas abóbadas em mármore, que lembram as do Taj Mahal, na Índia, contrastam com o arenito vermelho do restante da construção, encantando o visitante.

A entrada é gratuita, e do lado de fora há tanto cafés e restaurantes em uma região de prédios bem conservados, quanto guias oferecendo seu serviço. Nós a exploramos por conta, mas tivemos que pagar Rs 360 (R$ 7,50) para guardar nossos calçados.

Junto à mesquita fica o Forte de Lahore (Rs 1.000 / R$ 20,50 por pessoa), uma citadela murada que data também dos tempos do Império Mugal. Patrimônio da Unesco, uma das construções mais icônicas do local é o portão Alamgiri, visto pelo lado da mesquita. Há ainda um muro interno, cheio de detalhes entalhados, que pombos usam como casa hoje em dia.

Escolhemos entrar nesses dois locais e depois passear pelo centro antigo, que deve fervilhar em qualquer dia que não seja uma sexta-feira ou no feriado de 1º de Maio, quando estávamos lá. Mas até que preferimos assim, com menos muvuca.

Terminamos na estação de trem, com a intenção de comprar um bilhete com destino a Rawalpindi, cidade colada em Islamabade, mas os preços estavam bem pouco atrativos. Subimos em um tuktuk e voltamos para a região do hotel, Gulberg 2. Por lá fica uma das duas unidades do café GoFlour, focado no empoderamento feminino (e com Wi-Fi). Foi o restaurante/café onde vimos mais mulheres em todo o Paquistão.

Como o trem estava caro, partimos de ônibus para Islamabade (Rs 1.700/R$ 35 por assento). As empresas se concentram na Band Road, e optamos pela Skyways, pois vimos on-line que tinha ar-condicionado —mas outras grandes dali também. Em uma viagem de cinco horas, chegamos a Faizabad e pegamos um táxi (Rs 700/R$ 14,50) para o nosso hotel em G-8 (a capital é planejada e dividida em quadrados com letras e números) e lembra um pouco Brasília.

A partir de Islamabade, nossa viagem pelo Paquistão foi bem pouco animadora. Além de tirar um dia para trabalhar em um café, nos preparamos para ver alguns dos poucos pontos turísticos, que incluíam um museu e alguns monumentos. Por ser em um parque, ao ar livre, a chuva que se anunciava nos fez cancelar o passeio.

Pelo menos pudemos ver um pouco da capital de pouco mais de 1 milhão de habitantes e sua dinâmica. Com ruas largas —às vezes era até difícil encontrar lugar para atravessar—, parece unir o tradicional com influências externas, em especial do Ocidente. Mulheres cobertas são maioria, mas há uma boa quantidade com os cabelos à mostra.

Islamabade é o inverso do que vimos em Peshawar, nosso próximo e último destino no país. Talvez pela proximidade com o Afeganistão, é mais conservadora apesar de ter mais do que o dobro da população da capital. Mulheres com burca passam a ser mais frequentes e não vimos nenhuma sem lenço na rua.

Mas também não exploramos a cidade. Ainda receosos com a tensão com a Índia, que poderia se desdobrar em conflito a qualquer momento, nos agilizamos para não passar mais tempo do que o necessário por ali.

De Faizabad, na capital, pegamos um ônibus da Faisal Movers (Rs 850/R$ 17,50 por pessoa) e chegamos a Peshawar por volta de 10h30. Subimos num tuktuk para o hotel, fizemos o check-in e logo seguimos para o consulado afegão. O que vimos de Peshawar foi dos transportes e do restaurante onde experimentamos o típico chapli kebab.

A iguaria de carne com especiarias em formato de hambúrguer e servido com o tradicional pão da região surgiu em Peshawar, onde é tradicionalmente feita com carne bovina. As variações de frango e carne de carneiro também são encontradas, e o prato é uma famosa comida de rua.

Pouco vimos do Paquistão, mas as promessas de belíssimas paisagens nos fazem querer voltar em um momento mais tranquilo (no dia da saída, a Índia bombardeou o vizinho). Desta vez, era hora de seguir para o próximo país.

Mulheres devem se cobrir para visitar o Paquistão?

O Paquistão é uma república islâmica, e a religião oficial é seguida por 96% de sua população. Ou seja, o Estado não é laico, e encontrar bebida alcoólica não é tarefa simples —para ficar em um exemplo. É uma situação diferente de Tajiquistão ou Uzbequistão, onde uma fatia similar da população é muçulmana, mas o Estado é laico.

Isso quer dizer que há muitas mulheres com hijab, niqab, burca e suas demais variações. Mas isso não quer dizer que 100% anda na rua assim, muito menos que todas são obrigadas a se cobrir. Assim como em outros países islâmicos mais flexíveis, é de bom tom adotar uma certa etiqueta, como cobrir braços e pernas, mas uma camisa com calça jeans são mais que suficientes.

Vale lembrar também que, para entrar em certos lugares como mesquitas, é preciso, sim, cobrir a cabeça com um lenço —em qualquer mesquita do mundo, não só lá.

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