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Para voar do Cazaquistão ao Azerbaijão, visto do Afeganistão gerou muitas perguntas


Cazaquistão e Azerbaijão não têm uma fronteira terrestre, mas possuem uma aquática, já que o mar Cáspio banha ambos. Infelizmente, desde 2020 o governo azerbaijano não permite que turista entre em seu território por terra ou água, apenas por ar. Assim, tiramos o país da nossa rota, já que pretendemos viajar o máximo possível pelo chão.

Elaboramos uma longa jornada por terra entre Cazaquistão e Geórgia, que envolvia três trens e dois ônibus, uma rápida passagem pela Rússia e cerca de 3.200 km. Mas, quando as passagens dos primeiros comboios acabaram, repensamos a proposta de fazer tudo por chão e olhamos as passagens aéreas para Baku.

Foi assim que, entre idas e vindas, o Azerbaijão voltou a fazer parte da temporada pela Ásia. O que eu não esperava, porém, era o sufoco com a imigração na hora de sair do Cazaquistão, e tudo por causa do visto do Afeganistão.

Algumas empresas aéreas de baixo custo cobram para fazer check-in pessoalmente, e assim foi com a FlyArystan, a companhia com a qual viajamos.

Na hora de despachar as mochilas, no Aeroporto Internacional Nursultan Nazarbayev, em Astana, porém, enfrentamos a tradicional burocracia de voar para um novo país e apresentamos nossos eVisas azerbaijanos impressos para o gerente da companhia. Até achávamos que pediriam passagens de saída do território, mas não nos cobraram nada.

Se o trâmite com a empresa aérea foi tranquilo, não posso dizer o mesmo da imigração. Fui chamado primeiro e, após um tempinho folheando meu passaporte brasileiro, o oficial pediu cinco minutos e saiu da guarita. Nisso, a Pati foi convocada por uma agente, que lhe perguntou se era a primeira vez no Cazaquistão. Ela respondeu que não, já que havíamos entrado e saído do país quando viajamos de ônibus entre o Uzbequistão e o Quirguistão. Satisfeita, a funcionária carimbou o documento e liberou metade de nossa equipe —não sem antes olhar com lupa a página de dados.

Sozinho diante de uma guarita vazia, vi a Pati passar pelo raio-x e me encarar lá do outro lado. Até que o oficial retornou, acompanhado de outra funcionária, que serviu de intérprete. Ela começou a conversa em inglês, perguntando se eu falava russo. Respondi, no mesmo idioma que ela, que sim, mas preferia conversar na língua de Shakespeare. E aí começou o questionário:

  1. Primeira vez no Cazaquistão? Sim
  2. Por que tinha passado tão pouco tempo antes? Foi na travessia entre Uzbequistão e Quirguistão
  3. Qual é a profissão? Professor de português (somos jornalistas, mas damos essa outra resposta para evitar mais perguntas)
  4. O que foi fazer no Cazaquistão? Turismo
  5. O que foi fazer no Afeganistão? Turismo (nessa hora, ela soltou até um “pfff”)
  6. Quantos dias ficou no Afeganistão? 5 dias
  7. Foi para onde lá? Cabul
  8. Estava viajando sozinho? Não, com a minha esposa
  9. Estava de férias? Tipo isso (não quis entrar no mérito de que estamos dando uma volta ao mundo)
  10. Para onde vai depois? Geórgia
  11. Vai voltar para o Cazaquistão? Não

O oficial original parecia entender tudo o que era falado em inglês, e talvez tenha chamado uma agente mais graduada ou com domínio melhor do idioma. Após esse tanto de perguntas, eles se mostraram satisfeitos, ou não sabiam mais como obter alguma informação escondida.

Tenho para mim que eles temiam um hipotético atentado meu contra algum outro país e, quando governos refizessem meus passos, pudessem descobrir que a imigração cazaque falhou em seu sistema de checagem.

Por fim, ganhei meu carimbo de saída e passeio pelo raio-x. Aí foi acalmar o coração e esperar a decolagem, às 15h40, na sala VIP —temos duplo acesso, tanto por nossa conta no Sicoob quanto por cartões adicionais fornecidos pelo irmão da Pati.

Entrada no Azerbaijão

O voo da FlyArystan foi tranquilo e pousamos às 17h50. Como Baku tem uma hora a menos que Astana, nosso voo durou um pouco mais de três horas, e grande parte do tempo foi para percorrer o Cazaquistão.

Na entrada na capital azerbaijana, passamos facilmente pela imigração. Até separamos nossos eVisas impressos, mas a oficial não pediu nada. Apenas pegou os passaportes, checou no sistema e carimbou. Como as bagagens chegaram rapidamente, levamos cerca de 30 minutos entre sair do avião e passar pela porta do Aeroporto Internacional Heydar Aliyev.

Taxistas ofereceram corridas, mas há um ônibus (H1) que liga o aeroporto ao centro da cidade. É preciso comprar o cartão do Bakikart (₼ 2/R$ 7) num totem na saída do prédio e colocar crédito, tudo em dinheiro vivo —tem ATM na área de desembarque. Penamos um pouco, mas deu certo.

O ônibus (₼ 1,30/R$ 4,50) passa por algumas estações de metrô e por isso é interessante você saber qual é a mais prática para seu destino ou onde saltar para chamar um Yandex, o Uber da Ásia Central e da Rússia.

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