Nosso plano inicial era seguir da Armênia para o Irã, mas como Israel tinha acabado de bombardear o país persa quando deixávamos o Azerbaijão em direção à Geórgia, tivemos que recalcular a rota. Ainda que, quando estávamos em Ierevan, a curta guerra tenha acabado, avaliamos ser muito arriscado viajar para Teerã. Assim, batemos o martelo em ir para a Turquia, lugar que não exige visto de brasileiros.
Um detalhe: Turquia e Armênia são inimigos históricos, pois o Império Otomano praticou um genocídio contra o povo armênio, além de apoiar o Azerbaijão na questão de Nagorno-Karabakh. Ou seja, não existe fronteira aberta entre os dois.
Por isso tivemos que pegar o mesmo trem que nos levou de Tbilisi para Ierevan, mas no destino contrário, e seguimos direto até Batumi, o ponto final à beira do Mar Negro. A cidade fica a apenas uma hora da fronteira com a Turquia, o que facilitou bastante.
Fronteira Armênia-Geórgia
Mais uma vez compramos on-line as passagens (֏ 25.770/R$ 394) no site da юкжд (IOKJD) e embarcamos às 14h em Ierevan —o trem parte a cada dois dias— na companhia da mesma prestativa ferromoça da ida.
Por volta das 19h30, os agentes armênios entraram no trem com suas máquinas para ler os passaportes e carimbá-los, desta vez sem nenhuma pergunta, desembarcando cerca de meia hora depois, na fronteira em si.
Mais uns 20 minutos e estávamos no lado da Geórgia, e a entrada teve uma revista rigorosa das nossas mochilas. Abrimos tanto a grande quanto a pequena e o oficial pediu até para ver a bolsa de remédios. Pelo menos estávamos só nós dois na cabine, então pudemos fazer a bagunça necessária.
Do lado de fora, já que precisamos desembarcar para carimbar os passaportes, teve apenas uma gracinha por parte do oficial com o fato de o meu sobrenome ser um tanto grande, já que adotei o Klimpel do Faraó, além de manter meus dois outros. Ficamos lá parados cerca de 1h30min antes de seguir viagem.
Fronteira Geórgia-Turquia

Chegamos a Batumi às 7h57 e ficamos admirados com a cidade. Cheia de prédios modernos, à beira de um Mar Negro que, na verdade, é bem azul. Tentamos ver pelo Google Maps qual ônibus pegar para a fronteiriça Sarpi, já que tínhamos lido um relato no Caravanistan —um fórum de viajantes sobre a Ásia Central e o Cácauso— que era possível usar um veículo municipal até lá.
Como ali só indicava transportes para o dia seguinte, abrimos o Yandex Maps, aplicativo irmão do “Uber russo”. Deu certo e descobrimos que seriam necessários dois ônibus: um até o centro da cidade e outro para a fronteira (a linha 16). Ainda bem que pudemos pagar direto nos nossos cartões de débito, uma facilidade que sempre conquista nossos corações.
O trâmite na fronteira em si foi quase tão fácil quanto pegar o ônibus. A oficial georgiana que nos atendeu na saída só deu uma conferida a mais no passaporte do Faraó depois que o superior falou algo no ouvido dela. Já para entrar na Turquia, o agente folheou com cuidado o documento, e até ficamos com receio de encrencar com o visto do Afeganistão —não seria a primeira vez. Mas carimbou e nada disse.
A travessia ali é movimentada, e os dois países pleiteiam uma vaga na União Europeia. Se com controle de fronteiras já levamos apenas 10 minutos, imagina se eles passam a integrar o bloco?
No edifício turco havia também um duty free, mas passamos direto. Do lado de fora, há vários caixas eletrônicos, com uma desvantagem: cobram taxas altas. A mais baixa que encontramos foi de 7,99%. De lá partem vans para várias cidades, como Hopa, a mais perto, a cerca de meia hora, e Trabzon, aonde chegamos depois de 3h30min de viagem (₺ 400/R$ 63).
Começava, então, nossa derradeira aventura desta segunda temporada de volta ao mundo.















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