Organizar uma viagem de volta ao mundo significa conviver com várias dúvidas, e as respostas podem surgir facilmente ou então nunca aparecerem. Além das nossas próprias perguntas, há também as dos outros. Afinal de contas, cair na estrada por tanto tempo ainda não é tão comum assim, e muitas pessoas se questionam como fazer.
Pensando nisso, separamos algumas dúvidas que podem te ajudar a organizar uma viagem assim.
1. Como começar
Antes de mais nada, você precisa se conhecer: está disposto a ficar muito tempo em constante movimento? Ou prefere permanecer em um local e fazer pequenas viagens? Abre mão de certas comodidades e topa percorrer longas distâncias de ônibus ou dividir quarto com desconhecidos para economizar? Tem dinheiro para ficar fora por muito tempo? Se não, consegue se organizar financeiramente?
Tomar decisões já é difícil normalmente, imagina quando envolve uma viagem assim, em que podemos mudar de ideia a qualquer momento. A partir das respostas a esses questionamentos, fica mais fácil organizar sua jornada.
As primeiras questões, a nosso ver, são estabelecer quanto tempo disponível você tem para ficar na estrada e saber quanto está disposto a gastar. Depois é preciso definir a quais comodidades e perrengues está disposto. Saber disso ajuda na escolha de um destino.
É mais caro viajar para Europa e América do Norte, por exemplo, mas o estilo de vida lá tem muitas semelhanças com o Brasil, o que diminui o choque cultural. Muitos viajantes optam por ficar longas temporadas no Sudeste Asiático, já que a região é bem mais barata do que os destinos europeus, sem falar que há mais facilidades do que os países africanos. Ou você pode decidir passar por vários desses destinos numa mesma viagem.
2. Como administrar o orçamento
Cada pessoa terá um orçamento de um tamanho diferente, e isso ocorre por várias razões: quanto tempo se economizou dinheiro, quanto foi possível juntar por mês, se já havia uma reserva anterior, se vai trabalhar ao longo do período e, claro, o seu perfil de viajante –um dos principais pontos determinantes.
É possível viajar com US$ 20 por dia por pessoa? Há quem decida partir com esse orçamento, sabendo, porém, que os perrengues (e provavelmente as histórias) serão homéricos. Outros, por sua vez, optam por US$ 50 por dia por cabeça, em um estilo de viagem mais confortável. Detalhamos como definimos o nosso orçamento neste texto.
Além de determinar o valor da viagem, no entanto, é preciso saber como levar esse dinheiro. Bancos brasileiros cobram, obrigatoriamente, um IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) de 5,38%, e podem incluir outras taxas (de saque, de conversão etc.). O que escolhemos cobra somente o IOF e iríamos apenas com ele.
Isso até descobrirmos o Wise, que cobra uma taxa bem menor (e isso não é uma publi). É possível obter diferentes moedas, e a taxa de conversão varia em cada uma delas. Para euro, por exemplo, é de 2,1%. Nos países em que não há disponibilidade de conta na moeda local, é preciso haver saldo em euro, dólar ou libra esterlina para utilizar para saques ou débito. Há uma taxa de conversão a mais, mas mesmo assim ainda vale mais a pena do que o IOF tradicional.
Quer saber como temos feito com o dinheiro na viagem? Explicamos aqui!
3. O que levar na mochila
Antes de mais nada, somos adeptos de viajar com mochila. Ficamos com as mãos livres, é mais fácil a movimentação, já que a bagagem está logo atrás da gente e longe do chão –o que facilita se deslocar entre fileiras de ônibus e avião– e não corremos o risco de andar com mala por ruas de lajotas ou com lama, tão comuns em destinos europeus e brasileiros.
Para guiar o que levar de roupa é necessário saber em que época do ano visitará o local e também como lavará suas coisas. Se vai viajar no inverno para um destino de frio, você provavelmente precisará de peças pesadas, o que ocupa muito espaço na bagagem. Se é calor pra onde vai, então usará opções leves.
Também é preciso saber mais sobre a cultura em seu destino. Se for um país muçulmano, por exemplo, é recomendado que as mulheres usem lenços e peças que cubram todo o corpo. Por outro lado, não é comum que homens usem bermuda em muitos locais na África, mesmo que o calor seja insuportável.
Reflita sobre levar peças multiuso, como sunga/biquíni, para caso suas roupas íntimas não sequem a tempo. Há também os itens do dia a dia, como sabonete, cortador de unha e talco para calçados.
Já para viajantes de longo prazo, que deverão pegar estações diferentes, vale optar por peças versáteis, como calça que tem zíper para se tornar bermuda e casaco que isola tanto do frio quanto da chuva, sem ser pesado. Vale um pulo numa Decathlon (nosso paraíso, mas não é publi) ou numa loja similar.
4. Quanto tempo antes devo me programar
Isso vai depender, principalmente, do seu orçamento planejado e de quanto é possível economizar por mês para atingir esse objetivo. No nosso caso, a ideia surgiu sete anos antes da viagem, mas o planejamento para valer começou cinco anos antes de partirmos.
O importante é se sentir seguro de quando é a hora de cair na estrada. Nós tínhamos objetivos profissionais, além da meta financeira. Por outro lado, é importante estar consciente de que vai ser necessário abrir mão de alguns momentos importantes –casamentos, aniversários, nascimentos e até mesmo falecimentos.
Ter uma data certa, então, ajuda tanto para atingir o orçamento quanto para saber de antemão que não será possível compartilhar esses momentos. É preciso ter em vista, porém, que motivos de força maior podem acabar adiando a partida. No nosso caso, foi a Covid-19, e tivemos que trabalhar com essa mudança de data. Na medida do possível, o importante é não desistir.
5. Quais precauções de saúde tomar
Quem toma remédios de uso contínuo deve se programar para levar o necessário e mais um pouco (nunca se sabe se você resolve estender a viagem, né?). Também é aconselhável viajar com prescrição médica em outros idiomas, já que as farmácias estrangeiras podem seguir regras diferentes das brasileiras.
Vale levar ainda remédios do dia a dia, como relaxantes musculares (Faraó deu um mau jeito no ombro enquanto praticava snowboarding –tinha quedas engraçadíssimas que viraram GIF– na lua de mel), para dor de cabeça e resfriados.
Como vamos para países africanos e asiáticos, procuramos um ambulatório de medicina do viajante, para recebermos orientações de todo tipo, assim como saber quais tipos de vacinas nos são recomendadas.
6. Como organizar a documentação e os vistos
Burocracia é um saco, né? Mas, para viajar, não tem como fugir dela. O passaporte brasileiro é um dos mais bem colocados no Passport Index, o que nos garante a entrada em diversos países. Ainda assim, é preciso pensar naqueles que exigem vistos.
Como esses documentos normalmente têm um prazo de validade e nem sempre podem ser emitidos com muita antecedência, então será preciso cuidar disso ao longo do caminho, em embaixadas situadas em outros países. Soma-se a isso o fato de as regras mudarem constantemente, o que exigirá o dobro de atenção.
Manter-se informado sobre o próximo destino (ou um pouco mais adiante) será chave nessa questão.
Atualizado em 16 de julho de 2023















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