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O que é o médico do viajante e sua importância para uma volta ao mundo


Uma viagem de longa duração exige tanto saúde mental quanto física. Nem vamos entrar na conversa de como está nosso psicológico nos últimos tempos, após várias despedidas, então hoje abordaremos como nos preparamos fisicamente.

Além de termos uma rotina de exercícios –corremos há anos, e por isso levaremos equipamento na mochila para continuarmos com essa prática durante a viagem–, nos preocupamos em relação às doenças que podemos encontrar durante nossas andanças por aí.

Não é muito difundido, mas há ambulatórios dedicados à medicina do viajante em algumas cidades brasileiras. Só na capital paulista são três: no Hospital das Clínicas, no Emílio Ribas e na Unifesp.

Em julho deste ano (2022), quando agendamos consulta nas Clínicas, eram três vagas por dia, às quartas e quintas. Lá, precisamos preencher uma ficha com dados como a quais países iríamos e quando começaria e terminaria nossa viagem.

A primeira pergunta era fácil: África, Ásia, Oceania, Américas e Europa. O problema mesmo é falar em datas, já que não sabemos nem quando vamos para o segundo país do nosso roteiro, imagina quando voltaremos para o Brasil.

Essas informações são necessárias para que os médicos saibam quais são as doenças endêmicas nas regiões por onde passaremos. Antes de conversarmos com os profissionais, assistimos a um vídeo geral com várias orientações.

Uma das recomendações é usar camisetas de manga comprida, e de preferência brancas, para evitar as picadas de pernilongos. Ninguém quer ser infectado com malária ou dengue numa viagem, certo? Melhor ainda é passar repelente, por cima da roupa mesmo, para ajudar nessa prevenção –e a concentração recomendada é a de 20% a 25% de icaridina.

Outro conselho é dar prioridade a água com gás, refrigerante ou cerveja, e evitar sucos, água sem gás e bebidas com gelo. Estranhamos num primeiro momento, mas a explicação faz sentido: como não é possível saber a procedência da água, o melhor é se hidratar com bebidas industrializadas. Azar do Faraó, que não gosta de nenhuma das opções recomendadas.

A consulta

Após o vídeo, dois médicos conversam com cada viajante para falar sobre tópicos específicos do roteiro. No nosso caso, por passar por muitos locais, eles alertaram para aspectos mais gerais.

Um deles é a questão da malária. Ainda não há vacina disponível para a população geral, mas existem tratamentos preventivos possíveis, só que eles envolvem uso de medicamento que, para nós, seria contínuo. Isso porque nosso planejamento inclui entrar e sair de zonas de risco com frequência, e o uso prolongado significaria riscos à nossa saúde.

Outro aconselhamento foi com relação à diarreia –famoso piriri do viajante. É quase certo que isso acontecerá com os dois, já que a comida por si só é diferente, sem falar que é possível algum tipo de contaminação. Para isso, recomendaram antibióticos e falaram sobre os sinais de alerta para procurar um atendimento médico.

Quanto à contaminação da água, a recomendação, além das citadas antes no texto, é utilizar hipoclorito caso a procedência não seja confiável.

Os médicos também falaram sobre o risco de contrair raiva. Neste caso, é preciso ficar atento a qualquer contato com saliva de animais silvestres, tanto por mordida quanto lambidas, por exemplo. Caso haja acidente, é preciso tomar a vacina após a exposição, mas doses de prevenção também estavam no nosso rol de picadinhas.

Vacinas

No fim da consulta, os profissionais nos passaram quais vacinas são recomendadas de acordo com nosso roteiro. E, como o ambulatório do viajante do Hospital das Clínicas integra a área de imunizações, na hora recebemos as vacinas disponibilizadas pelo SUS –a Pati inclusive tomou sua dose atrasada, alguns anos, contra o tétano.

Nossa lista de destinos tem Afeganistão e Paquistão, área onde a poliomielite é endêmica, e por isso fomos imunizados contra essa doença –a recomendação é que tomemos outra dose em um ano.

Outra picada aconselhada foi contra a raiva, para já estarmos prevenidos em um possível contato com animal infectado. São duas doses, com intervalo de uma semana entre elas, e como viajamos até São Paulo para essa consulta, a imunização complementar foi em Florianópolis. Simples, não? Não.

Nas Clínicas, nos indicaram o Centro de Referência de Imunobiológicos Essenciais (Crie) para o reforço. Não era lá, e nos passaram para o Hospital Nereu Ramos, ao lado –que até tinha o imunizante, mas só para casos de exposição. Deveríamos ir, então, a um posto de saúde.

No local em que fomos, levamos uma hora e meia para dizerem: 1) em SC não existe preventivo para raiva; 2) na verdade, até existe, mas para estudantes de veterinária ou casos muito específicos; 3) são quatro doses aplicadas, não duas apenas; 4) e, por acharem que ainda morávamos em São Paulo porque a primeira dose foi nas Clínicas, não poderiam aplicar, mesmo sendo SUS, mesmo o U significando unificado.

Por fim, voltamos ao Nereu Ramos e, quatro horas depois do início da saga, conseguimos nosso reforço. Essa história toda tem um propósito: faça esse corre da saúde com antecedência, porque há vacinas que irão exigir reforço –além da raiva, há hepatite A, com três meses de intervalo, mas que não precisamos porque já tivemos contato com a doença– e você pode precisar desse tempo.

No caso da raiva e da poliomielite, como já falamos, a imunização foi pelo SUS. Já as outras recomendadas para nós –hepatite A, febre tifoide, meningite B e meningite ACWY– estão disponíveis apenas na rede privada. Entre essas, optamos por tomar a ACWY, pois essas vacinas são caras, e os médicos nos sugeriram optar pela de mais amplo espectro. A da febre tifoide, por sua vez, não conseguimos encontrar em Florianópolis.

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