Os tunisianos fumam —e muito. Isso nos incomodou durante a viagem toda, em especial a Pati, que tem alergia e fica com o nariz (mais) trancado. Nos trens, há um vagão para as pessoas fumarem, mas a porta que separa das demais áreas não fecha direito, então é bom estar preparado para passar algumas horas como se estivesse em um cinzeiro.
Além dos trens, o cigarro também está presente desde a van que nos levou de Kalâa Sghira até Sousse (o motorista fumou durante o trajeto) até as mesas dos cafés e restaurantes. Ou seja, é difícil estar em um lugar e não sentir aquele cheiro de fumaça.
Junto com o cigarro, algo que também nos incomodou foram as moscas. Mesmo em lugares limpos, como no restaurante em Djerba, foi só o peixe chegar para algumas nos cercarem. Na maioria das refeições ou chás sentados à mesa dos lugares, elas sempre se faziam presente.
Outra característica que nos chamou a atenção foi o fato de não haver papel higiênico nos banheiros tunisianos. Assim como em muitos países africanos, o hábito aqui é utilizar um chuveirinho para se limpar. Nos hostels era comum ter papel, e também na casa do Achraf, mas, nesse caso, imaginamos que estava lá por nossa causa. Nos banheiros públicos, no entanto, é bem difícil encontrar. Por essas e outras que sempre levamos um rolo na mochila.
Falando no Achraf, as duas noites que passamos em sua casa nos mostraram como é uma família tunisiana. E é igual no Brasil, com todo mundo discordando durante o jantar sobre qual é a melhor maneira de fazer algo. Eles ainda nos disseram que não são uma família típica, já que bebem durante o jantar e não seguem todos os ritos religiosos.
Junto com os cigarros, outro ponto negativo é o trânsito —se você reclama da sua cidade, sugiro dar uma volta pelas ruas tunisianas. Os motociclistas raramente usam capacete, e é comum que vias de duas pistas passem a ter três a depender do motorista. O uso de celular enquanto dirige é normal, e atravessar a rua foi um dos nossos desafios diários.
Soma-se a esse caos a quantidade de lixo no chão. Infelizmente, os tunisianos consomem muito plástico —é comum ver as pessoas andando com garrafas de 1,5 L ou 2 L de água embaixo do braço. Além disso, em Sfax, os lixeiros estavam em greve, e havia mais dejetos acumulados do que nas outras cidades, já que a coleta estava irregular.
Outra observação nossa das ruas tunisianas é que pouquíssimas pessoas pediam dinheiro —onde mais vimos foi na rodoviária ou na estação de trem. O mais comum era gente vendendo pequenos pacotes de lenços de papel.
E se no Brasil há um horário aceitável para apreciar uma cervejinha, na Tunísia isso vale para o chá. Tentamos tomar no café da manhã, por volta das 8h, mas nos disseram que era muito cedo. Descobrimos, depois, que o hábito é beber depois de comer, a partir de umas 10h, e que de manhã o comum mesmo é café —normalmente um espresso bem forte.
Por fim, vale falar sobre a esperteza do tunisiano (que deu azar de lidar com dois brasileiros). Como já falamos no texto sobre Tunis, conseguimos negociar e pagar menos no táxi do que nossos colegas de hostel. Outra situação envolvendo esse transporte foi entre as rodoviárias Tunis Sud e Tunis Nord.
Precisamos nos deslocar entre elas quando estávamos a caminho de Tabarka, vindo de Djerba. Era 5h da manhã e perguntamos para o funcionário da rodoviária quanto sairia o táxi: 4 dinares tunisianos (R$ 7) no máximo. Ao sairmos, um taxista nos abordou e queria cobrar 20 dinares (R$ 35).
Recusamos prontamente, e ele nos ofereceu outro, a 5 dinares (R$ 9) por pessoa. Também recusamos. Somente quando íamos para a rua veio um terceiro taxista oferecendo o preço justo: 5 dinares (R$ 9) no total. Ele foi com o taxímetro ligado, que marcou 6,14 dinares (R$ 10,80), e nos cobrou 7 dinares (R$ 12). Tendo em vista os 20 dinares (R$ 35) do início da negociação, está tudo bem.
E houve ainda uma situação em que o idioma fez diferença. Na Medina de Sousse, em um lugar que nada tinha de espetacular, o garçom tentou nos cobrar 6 dinares (R$ 10) por dois espressos. Isso depois de chegarmos dando bom dia em francês, ele decidir falar em inglês e perguntar de onde éramos. Quando, em francês, a Pati questionou o valor —“3 dinares cada café?”—, ele saiu e voltou com um recibo de 4 dinares (R$ 7) falando que em francês o valor é este. Isso que dá lidar com brasileiros.















Deixe um comentário