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Detalhes da Argélia: da simpatia do povo à forte presença francesa


Viajar para Argélia foi ter uma surpresa a cada cinco minutos —e isso que já havíamos passado pela Tunísia, o que tirou o impacto de estar em um país muçulmano pela primeira vez. Se já estávamos acostumados com muitos fumantes em tudo o que é lugar, descobrimos uma maneira muito estranha de contar dinheiro, banheiros diferentes e um povo muito simpático e solícito (assim como sua embaixada, como contamos aqui).

Esta, aliás, foi uma das características que mais nos chamou a atenção, ainda mais depois da nossa traumática experiência na fronteira. Em poucos dias, os argelinos já nos mostraram toda a sua receptividade e não era estranho andarmos pelas ruas e ouvir um “welcome to Algeria” (bem-vindos à Argélia). Isso sem falar na estudante de medicina que encontramos no táxi coletivo de Constantine para Batna que, além de nos ajudar a pegar um ônibus para o centro —e pagá-lo—, chamou um táxi e pagou um suco. Uma fofa.

Sarra, a jovem que nos ajudou na nossa chegada a Batna

Outro traço importante dos argelinos é sua honestidade. Diferentemente da Tunísia, não havia a sensação de que queriam nos passar a perna ou ganhar em cima de turistas (excluindo-se os taxistas). Como tínhamos dificuldade em entender como contam o dinheiro, muitas vezes mostrávamos nossas moedas, e eles pegavam o valor certo.

Nossa dificuldade com o dinheiro está relacionada à maneira como se referiam a ele. O dinar argelino não tem centavos, e há moedas de 5 até 200 dinares, depois cédulas de 500, 1.000 e 2.000. Mas eles não falam como você deve estar lendo: cinco, duzentos, quinhentos etc. Isso seria fácil demais. Às vezes, 80 dinares eram 8. Outras, 8.000 —nesse caso, eles “contavam” os zeros dos centavos inexistentes. Para complicar ainda mais nossa cabeça, na sequência de 9.000 não vem 10 mil, e sim 1 milhão.

Algo que começou a dar as caras na Argélia foi a presença da latrina, em vez de uma privada. Encontramos o assento sanitário em todos os lugares em que nos hospedamos, mas em cafés e rodoviárias nos deparamos com o buraco no chão. E dá-lhe ginástica para se agachar, acertar o alvo e se limpar. Como essa experiência será corriqueira em terras africanas, já começamos a nos alongar diariamente para as perninhas darem conta do recado.

A presença de privada no banheiro mostra como a herança francesa ainda é forte no país, que foi invadido de 1830 a 1962. A depender da cidade, há ruas e mais ruas com fachadas de prédios que nos fazem pensar que estamos em Paris. Segundo nosso anfitrião em Batna, Zinou, os europeus se dedicaram a esconder os edifícios otomanos nas cidades em que se faziam mais presentes.

Outro resquício dos colonizadores é grande quantidade de boulangeries e patisseries, mesmo mais ao sul. As vitrines estão cheias de croissants, pains au chocolats, éclairs e por aí vai.

Mesmo com essa presença tão evidente, a relação do argelino com os franceses não é nada boa, e o atual governo tenta se afastar ainda mais do seu colonizador europeu. Isso se reflete na população, que nos grandes centros ainda falam francês, mas no interior o árabe predomina e muitas vezes recorremos à mímica para nos comunicarmos.

Por falar no interior, as estradas que ligam as cidades nos lembraram as rodovias privatizadas do Brasil, com um ótimo asfalto. E, como a Argélia tem grandes reservas de petróleo, a gasolina lá é muito barata. O preço do litro se aproxima do custo de uma garrafa de 1,5 L de água.

Também chama a atenção nas estradas o forte policiamento —que se faz igualmente presente nas cidades. Em um trecho de cerca de 2 km vimos três agrupamentos diferentes, com fardas distintas, sendo uma da polícia nacional.

E se as estradas são boas, o trânsito, por sua vez, é caótico, ainda mais do que na Tunísia. Preferência em rotatória parece ser inexistente, assim como a faixa de pedestres —é preciso se atirar e torcer para não ser atropelado.

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