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Detalhes do Marrocos: a arte de negociar e o medo constante de golpe


Uma coisa que marroquino gosta (e tem facilidade) é de se comunicar. Então, não se surpreenda se, ao andar pelas ruas e dizer que é brasileiro, você se pegue conversando em português com seu interlocutor. Em Tétouan, nossa primeira parada no Marrocos, caminhamos pela Medina enquanto falávamos em nosso idioma natal com um senhor que disse ter amigos em Portugal e Brasil.

Como o norte do país tem influência espanhola (assim como mais turistas de lá), é comum que os comerciantes abordem o estrangeiro em castelhano. Já em Marrakech, a maior cidade marroquina, o primeiro contato é em francês —a não ser que você esteja com uma camiseta da Catalunha ou do Brasil. Enfim, eles sabem observar os detalhes para tentar te fazer parar e comprar algo.

Falando nisso, os marroquinos adoram negociar. O primeiro valor oferecido costuma ser bem acima do que o item vale, e aí vai de você dançar conforme a música e sugerir uma quantia menor do que está disposto a pagar. Um exemplo: nossa hospedagem em Marrakech.

No booking.com, o quarto custa 55 euros, mas o atendente disse que ao vivo, sem as taxas do site, sairia 50 euros. Respondemos que o nosso orçamento era de 30 euros e, após ligar para o gerente, ele afirmou que podia fazer um valor intermediário para ambas as partes, de 40 euros. Como não incluía café da manhã, recusamos a oferta e partimos.

Já do lado de fora do hotel, enquanto olhávamos o mapa para escolher o próximo destino, o jovem saiu e ofereceu o quarto por 35 euros. Cansados para fazer cotação entre vários endereços, topamos. E se nosso primeiro valor fosse 25 euros, será que o preço final seria menor? Fica a dúvida.

Essa facilidade de comunicação também é usada na hora do golpe. Jovens, em duas cidades, nos disseram que o caminho que escolhêramos estava fechado. E aí eles nos “ajudariam” a chegar ao destino, cobrando algo em troca. Em Fès, um marroquino nos fez andar à noite pela Medina labiríntica —uma das maiores do mundo árabe, segundo a Unesco.

Mesmo sendo enfáticos ao dizer que saberíamos chegar ao endereço desejado, o jovem citava a hospitalidade marroquina. O engraçado é que, após nos acomodarmos no hotel, ele continuava nos esperando na entrada. Será que queria um abraço de despedida?

Uma das vielas da Medina de Fès

Como essa experiência ruim foi nas primeiras horas em Fès, a partir de então passamos a nos sentir acuados a todo aviso de “vista grátis do terraço” ou “a mesquita fica para lá”. Inclusive, deixamos de visitar a Universidade de Al-Karaouine, considerada a mais antiga em funcionamento contínuo no mundo, porque não a localizamos e não queríamos perguntar para algum morador, para evitar uma possível armadilha. O constante medo de sermos vítimas de um golpe nos fez também deixar de falar com marroquinos em Marrakech.

Agora, se você quer ver o epicentro do golpe na cidade, é só ir à praça Jemaa el Fna, onde se concentram músicos e homens com cobras ou macacos acorrentados, ávidos por cobrar pela foto, e também mulheres que fazem tatuagem de hena a 40 euros —não se surpreenda ao verem elas levarem uma turista pela mão.

E, se achávamos que o trânsito já era complicado nas cidades mais ao norte, foi na mais conhecida de todas que vimos que pode piorar. Algumas vielas da Medina de Marrakech são tão estreitas que não se consegue abrir os braços sem encostar nas duas paredes. Mas, mesmo assim, é possível que uma moto passe por você, a uma velocidade perigosa. Na rua Derb Dabachi, uma das mais movimentadas da Medina, na hora do rush você se estressará com grupos de turistas, motociclistas e homens empurrando carrinhos de pão. E tudo acompanhado de buzinas constantes.

Rua Derb Dabachi, uma das mais movimentadas na Medina de Marrakech

No Marrocos, assim como nos muçulmanos Tunísia e Argélia, é muito comum observar mulheres com diferentes vestimentas, desde roupas ocidentais e cabelo à mostra até túnicas cobrindo todo o corpo e luvas nas mãos.

Outra semelhança é que os homens (dificilmente as mulheres) fumam em todo canto, mesmo em ambientes fechados, como em rodoviárias e cafeterias. Por isso, é muito comum ficar fedendo a cigarro ao beber chá, bebida tradicional do país e conhecido por uísque marroquino.

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Uma resposta para “Detalhes do Marrocos: a arte de negociar e o medo constante de golpe”.

  1. Se é pra fazer um review carregado exclusivamente de adjetivos negativos, melhor nem fazer. Fica claro que não gostaram, mas também tem o lado bom – as vezes também é só trocar a lente com que enxerga tudo.

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