Com uma gama de praias lindas, a península de Freetown, na Serra Leoa, conta ainda com um passeio em meio à mata: o Santuário de Chimpanzés de Tacugama. O acesso é relativamente fácil, e é possível agendar diferentes passeios além do tour básico pelo local, que fizemos.
Informações práticas*:
- Entrada: 200 leones (R$ 60)
- Como chegar: em Lumley Beach é possível pegar um kekê (tuktuk) por 70 leones até a entrada da estrada que leva para o santuário, mas eles conhecem como “zoo” (zoológico em inglês) e vão querer cobrar mais caro; até 100 leones é justo pagar
- Duração do tour: 1 hora
- Dica: há uma hospedagem no local, que serve café da manhã e almoço. É possível agendar também trilhas de duas ou três horas, que valem mais a pena durante a temporada de chuva (de junho a outubro) para aproveitar as cachoeiras.
- Visto: é necessário para brasileiros, e conseguimos o nosso na embaixada em Conacri
- Moeda: leones (R$ 1 = 3,80 leones)
* valores para janeiro de 2023
Sobre o santuário
Criado em 1995, o local abriga pouco mais de cem animais, divididos em grupos e áreas diferentes. A inspiração para o santuário veio de Bruno, um chimpanzé comprado por um casal que o viu à venda, ainda bebê e debilitado.
Ao estudarem a espécie, encontraram outros animais em Freetown, alguns inclusive continuavam a ser comercializados. Após consultarem uma especialista britânica, Jane Goodall, chegou-se à conclusão que o melhor era construir um santuário para resguardar os chimpanzés ameaçados, mas que não poderiam simplesmente serem soltos na floresta.

As principais ameaças aos primatas são caça ilegal e desmatamento —nos anos 1970, um levantamento apontou que haviam cerca de 20 mil chimpanzés, número que caiu para 5.500 no mais recente estudo, de 2008. A caça, após a educação da população local, diminuiu consideravelmente, segundo os guias, e apenas moradores de áreas mais rurais ainda a praticam.
Hoje, o santuário é financiado por instituições governamentais, principalmente da Europa, e empresas, além das visitações, estes dois últimos impactados pela Covid-19. Também é possível adotar um chimpanzé e fazer doações pelo site.
Como vivem os chimpanzés
Com 98,4% da genética compartilhada com humanos, há muita similaridade entre as duas espécies. Eles tretam e elegem líderes, algo como as eleições de 2022 no Brasil.
No santuário, há três principais áreas: a de reintegração, para onde são encaminhados depois da quarentena e readaptação, a em que começam a se adaptar à vida selvagem e uma última onde ficam bem mais livres, mas ainda em uma área delimitada.
Em nenhuma delas deveria haver bebês, mas contraceptivos, até mesmo o dado aos símios, falham. Na área de readaptação, como eles estão mais limitados, é possível observar melhor a dinâmica. O bebê não é responsabilidade do casal que o concebeu, mas de todos. Há uma pequena confusão, e o líder do grupo já vai lá mostrar sua voz.
Aliás, os diferentes sons, segundo os estudos do santuário, têm significados. Até tiramos uma foto da placa, mas eles não recomendam tentar se comunicar com os primatas, pois pode haver uma falha de comunicação —se uma vírgula já muda sentido, imagina barulhos.

Nessa primeira etapa, eles recebem alimentação seis vezes ao dia e se habituam a subir e se balançar por aí, antes de avançar para a segunda fase, em uma floresta controlada. Como têm acesso a algumas árvores frutíferas, eles recebem comida quatro vezes ao dia.
Nesta etapa, os chimpanzés estão divididos em dois grupos, após a morte do antigo líder. Como ninguém ocupou o cargo, os quatro machos se dividiram em duplas, que brigam uma com a outra se colocada em convívio. Ali também há bebês não planejados.

Já a terceira fase é uma floresta mais aberta, mas ainda cercada, com alimentação três vezes ao dia. Dali, eles poderiam partir para a floresta, mas ainda não foi encontrado um local adequado. Há uma reserva nacional perto, mas já habitada por chimpanzés que provavelmente matariam o grupo “invasor” —colocando fim a um trabalho de anos. Eles também estudam uma ilha ao sul da Serra Leoa, mas, como há humanos, existe o risco de caça.


E se você está se perguntando sobre Bruno, ele infelizmente não vive mais no santuário. Ao completar 21 anos (e chegar à maioridade, pelo menos nos EUA), ele decidiu viver uma vida mais livre. Organizou uma fuga com outros chimpanzés e nunca mais foi visto.

















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