Sofremos com o calor de Togo, mas, quando chegamos ao vizinho Benim, percebemos que ali, sim, era quente. Ótimo exemplo de que, quando se viaja, os referenciais estão sempre mudando. Outra descoberta nada agradável foi ver/ouvir que há mais motos em solo beninês do que no país ao lado.
Informações práticas*:
- Média preço café da manhã: 3.000 XOF (R$ 26,50)
- Média preço almoço: 6.500 XOF (R$ 57,50)
- Média preço jantar: 5.500 XOF (R$ 49)
- Média preço hospedagem: 16.100 XOF (R$ 140)
- Deslocamentos: táxi compartilhado, táxi, moto
- Visto: é necessário para brasileiros, e fizemos o nosso eVisa pela internet
- Moeda: franco da África Ocidental (R$ 1 = 114 XOF)
- Dica: não visitamos, mas lemos muitos elogios sobre Grand-Popo, praia próxima à fronteira com Togo e a Aného, por onde passamos e achamos bem bonito.
* valores para março de 2023 para duas pessoas
Assim como Costa do Marfim, Benim tem duas capitais: Porto Novo, a oficial, e Cotonou, a econômica. Preferimos ficar na segunda por causa da tradicional via-crúcis de vistos, e é lá que estão as embaixadas dos países vizinhos. Apesar do grande número de motocicletas, há pouquíssimos táxis e kekês/tuktuks na cidade.
Nosso primeiro endereço na cidade foi em Fidjrossè, uma região mais carente, com muitas ruas de areia e pouquíssimo arborizada. Nosso intuito era ficar ali até obtermos nosso visto nigeriano, o que acabou se tornando uma semana —e mesmo assim não conseguimos a autorização.
Há muita oferta de hotéis/residences para Cotonou em plataformas de hospedagens, o que significa ter um pequeno apartamento, com cozinha e sala, inclusive. Pagamos 16.100 XOF (R$ 140), o que é um bom preço, diante de hotéis a 55.000 XOF (R$ 479) não muito longe dali.
Na região, apesar da pouca infraestrutura, encontramos boas opções gastronômicas, como o Le Lieu Unique, um restaurante/cafeteria com café saboroso e internet rápida, o King Food, que tem pratos árabes bem servidos, e Le Coquine, com gauffres em formatos genitais com muitas alternativas de recheio e nomes pra lá de adultos, como Sugar Daddy.
Num segundo momento, migramos para a região das embaixadas —o famoso mudar da água pro vinho. As ruas são mais silenciosas e as muitas árvores ajudam a aplacar o calor.
Por lá, ficamos alguns dias no Guesthouse Haie Vive e depois no Hôtel de la Haie Vive, ambos a 20.000 XOF (R$ 179). O quarto duplo é 16.000 XOF (R$ 143), mas é comum, na quente cidade, cobrar pelo ar-condicionado.
Como a região é mais desenvolvida, com enormes casas e diversas embaixadas, encontramos inúmeros restaurantes e cafeterias. Como apreciadores do licor dos deuses, mais conhecido como café, adoramos o Sprinkles 365, empreendimento libanês com fortes capuccinos e americanos e deliciosas pizzas —a melhor até agora que comemos na África—, e o Pura Vida Café, um misto de bar e cafeteria com ambiente agradável e música alegre, além de uma enorme prensa francesa, que serve 4 xícaras numa tacada só.

Também comemos no Le Livingstone, um restaurante cheio de expatriados com cardápio bem ocidental e chope gelado, o Karim 24, um dos muitos estabelecimentos da região com ótimos pratos libaneses, e o Restaurant Hai King, que possui uma ótima variedade da culinária chinesa.
Conexão Brasil-Benim
Além de mergulhar em diversas culturas por meio da culinária, é possível esbarrar com a brasileira pelo Benim. Ainda que mais de 6.000 km separem os dois países, o fato de escravizados terem sido enviados para o Brasil e, depois, retornado à África possibilitou esse intercâmbio.
Não é em Cotonou, porém, que a cultura beninesa e sua similaridade com o Brasil pode ser explorada. Para isso, é preciso andar cerca de 40 km, o que leva por volta de uma hora, para ir até Ouidah.
A pequena cidade de 100 mil habitantes, cujo nome original é Reino de Juidah, foi invadida por diferentes nações europeias: dinamarqueses, franceses, ingleses e portugueses. Cada um chamava de uma maneira —os lusos, por exemplo, falavam Ajudá—, mas, devido à colonização mais recente ter sido a francesa, ficou conhecida como Ouidah.
A cidade era um dos principais portos de saída de escravizados da África e, junto com Lagos, na Nigéria, viu 60% deles deixarem o continente. O triste marco histórico é lembrado com um monumento na beira da praia, no fim da Rota dos Escravizados: a Porta do Não Retorno.

Infelizmente, durante a nossa passagem por lá, um imenso complexo chinês estava sendo construído, e o monumento estava fechado por tapumes. Ali do lado há ainda a Porta do Retorno, que na verdade é uma construção em homenagem ao jubileu católico.
Seguindo pela Rota dos Escravizados é possível chegar ao centro da cidade. Lá está instalado o Museu da Fundação Zinsou (entrada gratuita), que reúne obras de arte de artistas africanos. Ali vê-se muito da representação da cultura vodum, cujos totens de proteção lembram aqueles utilizados por religiões de matriz africana no Brasil.

E se a religião foi levada pelos benineses para as terras canarinhas, os brasileiros mandaram de volta festa e culinária. No café do museu é possível comer feijoada, e a cidade de Ouidah comemora Carnaval —em dezembro.
O Brasil marca presença ainda em Ouidah com a Casa do Brasil (entrada custa 1.500 XOF/R$ 13,50) , um local que conta a história da cidade com peças do museu no Forte Português atualmente em reforma. A previsão é que fique pronto em 2024.
A visita é rápida, mas o guia ajuda a entender melhor a formação da cidade e também traços da religião vodum. Totens estão ainda espalhados pelo centro de Ouidah, onde é possível conhecer o Templo das Pítons —a cobra é sagrada para o vodum.

























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