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Com floresta em 88% do território, Gabão reúne diferentes atividades


Pouco conhecido pelos brasileiros, o Gabão é um país coberto por floresta em 88% de seu território. Tanto é que fizemos trilha em um parque muito próximo à capital, Libreville. Mas, mais do que natureza, o que nos marcou foi o período de férias que passamos na casa de uma família gaúcha que nos adotou.


Informações práticas*:

  • Média preço almoço: 5.650 XAF (R$ 50,50)
  • Média preço jantar: 25.000 XAF (R$ 218)
  • Média preço hospedagem: 14.000 XAF (R$ 122)
  • Deslocamentos: avião, van, táxi compartilhado
  • Visto: não é mais necessário para brasileiros, mas não sabíamos quando tiramos
  • Moeda: franco da África Central (R$ 1 = 114 XAF)
  • Dica: ouvimos muitos relatos de pedidos de propinas por parte de policiais e que não se deve tirar fotos de prédios governamentais.

* valores para março e abril de 2023 para duas pessoas


Após 5 meses de muitos perrengues na África, corridas por vistos —que ainda não acabaram, infelizmente—, viagens em veículos apertados e comida apimentada, nos hospedamos com os brasileiros Tuany e Cristian, além do filho Matheus e o doguinho Marvin.

Os conhecemos por meio do casal Daniel e Aline (@diferentespoentes), que fez o meio de campo. O pedido de indicação do que ver em Libreville se tornou um convite de hospedagem e, quando percebemos, passamos quase 20 dias em cama confortável, com farta gastronomia brasileira e muito carteado e videogame.

Uma das muitas conversas na cozinha com o casal Tuany e Cristian (sentados) e Elilson, outro agregado da família

Mas o que tem para fazer em Libreville?

A capital gabonesa se divide em duas: uma moderna, com largas avenidas de asfalto bom, limpeza frequente e grandes prédios, e outra simples, de ruas esburacadas, muito comércio nas calçadas e casas.

Nem é preciso dizer que a parte mais “clean” integra o complexo governamental, né? O Poder Executivo fica à beira-mar, com três prédios enormes que possuem vigilância constante do Exército. Nem foto pode tirar, inclusive do mar em frente e da estátua Estela da Liberdade, que simboliza a abolição da escravatura e a criação de Libreville (que significa cidade livre, em francês), o que é uma pena. Roubamos um clique, no entanto, no carro em movimento.

Estela da Liberdade, que simbolizada a abolição da escravatura

A modernidade se estende à avenida onde estão concentrados os prédios do Poder Legislativo —Assembleia Nacional e Senado—, cuja função fica difícil entender, já que o comando do país pertence à mesma família desde 1967. Omar Bongo assumiu o cargo após a morte do primeiro presidente, Leon Mba (nome do aeroporto situado na capital), e nele permaneceu até sua morte, em 2009. Em seu lugar ficou seu filho Ali Bongo, o atual mandatário.

Isso não quer dizer que o país não tenha eleições. Este ano, inclusive, haverá um pleito, mas o voto é facultativo e o resultado, sempre o mesmo: família Bongo permanece no Palácio Presidencial —ainda que haja teorias da conspiração de que Ali Bongo já morreu e um sósia ocupa o seu lugar.

Mas além de conferir os enormes prédios do governo, não resta muito mais o que fazer em Libreville. Há a Catedral Sainte Marie, o Village des Artisans (para quem gosta de dar aquela conferida na arte local) e o Museu Nacional de Artes, Ritos e Tradições do Gabão. Ratos de museu que somos, não poderíamos ter deixado de fora do nosso passeio.

Quando visitamos, todo o espaço estava dedicado à recente exploração das grotas do país. Encontradas em 1992, só tiveram sua primeira expedição em 2018 devido à falta de financiamento. Esses espaços eram usados pelos povos originários como cavernas funerárias, então lá foram descobertas ossadas e diversos objetos.

Espaço do Museu Nacional do Gabão dedicado à exploração das grotas

A primeira parte simula a grota para explicar sua formação e sua função. O prédio principal, por sua vez, localiza o visitante com relação às grotas, já que são cinco principais espalhadas pelo país, e exibe o material por lá encontrado. É uma boa maneira de entender melhor a cultura e os ritos gaboneses.

O que mais nos surpreendeu foi o final da visita, acompanhada por guia francófono (entrada custa 4.500 XAF/R$ 40). Com realidade virtual, entramos na principal grota, Iroungou, e fizemos uma rápida exploração.

Aproveitamos a ida ao museu para comer no restaurante. Dividimos um prato de folha de mandioca e banana da terra frita (4.000 XAF/R$ 35). Mas, antes que os vegetarianos fiquem felizes, a folha de mandioca é cozida e servida com pedaços de peixe.

Fora isso, nosso passeio por Libreville incluiu a ida a restaurantes e cafés —há algumas unidades de Paul para se refugiar do calor e usar Wifi, apesar de preço ser meio salgado (o café custa 2.000 XAF/R$ 17,50)—, e o Faraó foi ao mercado de peixes, onde foi possível comprar o ingrediente principal para uma moqueca capixaba.

E a natureza?

Passamos um fim de semana em Akanda, a 30 km de Libreville, numa casa alugada à beira-mar. Entre as duas cidades, há o Arboretum Raponda Walker, um parque com várias trilhas.

O Faraó acompanhou o Cristian e dois de seus colegas de trabalho em uma dessas trilhas, de 12 km, que chega a uma praia —até onde viu, só é possível alcançar o lugar por ali. Ainda há um caminho maior, de 17 km, que ficou para outro dia, e também tem uma cascata no interior do parque.

Como há muitos morros, tem trechos bem difíceis para subir ou descer, principalmente em época de chuva —o que aconteceu, no fim do nosso percurso. A não ser que você seja o presidente da França. Oi? Emmanuel Macron visitou o local no início de 2023 e montaram um caminho de cimento para o moço.

Caminho de cimento feito para o presidente francês

Com uma porcentagem tão alta de cobertura florestal, não é de se surpreender que esse país da África Central tenha 13 parques nacionais —o local da trilha que o Faraó fez não é um deles—, criados em 2002 e 2003. Os mais próximos à capital são os de Akanda e de Pongara. É possível encontrar vários tipos de animais, inclusive gorilas e hipopótamos.

Mas nem só de floresta é feito o Gabão, e os atrativos naturais incluem boas praias. Além da praia na casa à beira-mar —que, apesar de agradável, era apenas ok para os brasileiros mais exigentes—, há a do fim da trilha que Faraó fez, já mais bonita, e outras duas que nos indicaram: Pointe Denis e a ilha de Mbanié.

Para ir a Pointe Denis é possível pegar um barco de Libreville, e custa 12.000 XAF (R$ 105) ida e volta. Se as praias da capital são de “mar de Toddynho”, como se fala em Florianópolis (ao menos na família da Pati), as de Pointe Denis possuem águas mais claras. Por lá, há caríssimos resorts, mas um bate-volta de um dia com um lanche na mochila torna o passeio mais acessível.

A ilha de Mbanié, por sua vez, é o paraíso no meio do Atlântico, com areia branca e água cristalina. O deslocamento até lá pode ser feito com a Ronda Tour, e a tarifa por pessoa custa em torno de 50.000 XAF (R$ 435).

Ambos os passeios acabamos não fazendo por diferentes motivos, mas fica a recomendação para os praieiros de plantão.

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Uma resposta para “Com floresta em 88% do território, Gabão reúne diferentes atividades”.

  1. Avatar de ANA CLAUDIA RAMOS SACRAMENTO
    ANA CLAUDIA RAMOS SACRAMENTO

    Boa noite, adorei seu relato, ficarei 2 meses estudando lá. Você poderia me indicar brasileiros morando em Libreville?

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