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Com grande desigualdade social, RD Congo deixa lembranças ruins e rombo no orçamento


Viajar pela África é mudar constantemente os parâmetros, e cada vez mais o nível de perrengue desce. Até chegarmos à República Democrática do Congo (aqui chamada de RD Congo), o país que menos tínhamos gostado era a Guiné, muito devido a sua caótica capital, Conakry. Tudo mudou ao entrarmos na ex-colônia belga.


Informações práticas*:
  • Média preço almoço: US$ 12 (R$ 64,50)
  • Média preço hospedagem: US$ 52 (R$ 276)
  • Deslocamentos: barco, ônibus, táxi compartilhado, táxi
  • Visto: é necessário para brasileiros
  • Moeda: franco congolês (R$ 1 = 417 francos congoleses) e dólar americano (R$ 1 = 5,36)
  • Dica: o Wise não funciona na RD Congo, então é preciso usar alternativas como Western Union, que tem inúmeras agências, para conseguir dólar americano. Também é possível recorrer aos cambistas espalhados pelo centro para obter franco congolês.

* valores para maio de 2023 para duas pessoas


A chegada, em si, foi tranquila, como já contamos aqui. Os problemas vieram depois. Havíamos reservado um quarto pelo Hoteis.com e, supreendentemente, deu tudo certo. O preço original era de 68 euros, mas tínhamos um desconto e conseguimos pagar 24 euros (R$ 133,50). Com Wi-Fi problemático e limpeza longe da ideal, vimos que pagar o preço cheio (US$ 70 / R$ 375,50) não valeria a pena, então fomos atrás de outros hotéis.

Mas, antes, fomos sacar dinheiro. Havíamos trocado os XAF que tínhamos do Congo por franco congolês ainda no porto em Kinshasa, mas aquilo daria para pagar apenas algumas refeições (o hotel fora pago no cartão).

Havia muitos caixas eletrônicos, mas nada de o Wise funcionar —descobrimos depois que tanto Congo como RD Congo estão na lista de países nos quais o cartão não funciona. Deixamos para tentar com Sicoob no dia seguinte. Detalhe: tanto o franco congolês quanto o dólar americano são usados no dia a dia.

Os hotéis ali da região de Gombe, a mais recomendada pela segurança, eram todos absurdamente caros, de US$ 90 (R$ 483) para cima. Fomos pesquisar, então, um Airbnb. Achamos um a cerca de 2 km de onde estávamos, por US$ 50 (R$ 268) a noite. O apartamento era bom e anunciava um gerador, item importante numa região em que a rede de energia elétrica é falha.

Da escolha do quarto ao fim da hospedagem foi literalmente o meme “início de um sonho / deu tudo errado”. Chegamos e não tinha água no banheiro —e ela ia e voltava durante todo o período. O gerador caía o tempo todo, assim como a luz. O fogão precisava desligar na força porque as bocas, de indução, não desligavam sozinhas. O pior mesmo foi quando a energia oscilou, não ligaram o gerador e os nossos carregadores de notebook queimaram.

Após reclamarmos com o proprietário, ele repôs o do Faraó, um Dell, com um usado e comprou pra Pati um novo e “original” (spoiler: não era e queimou em dez dias, já em Angola). Ele ainda foi bem rude quanto à reposição da peça.

Além da hospedagem

Falar tanto dos problemas relacionados à hospedagem serve para pontuar duas coisas: como é difícil achar algo com o mínimo de conforto e segurança a um preço acessível em Kinshasa e o pano de fundo estressante das nossas andanças pela cidade. E elas não foram das melhores.

Para começar, a capital congolesa possui uma desigualdade gritante: são muitos moradores de rua, que em sua maioria estão no seu canto tentando sobreviver, e crianças pedindo dinheiro —estas mais insistentes, literalmente pulando no braço para conseguir algo.

Não à toa o país ocupa a 179ª posição no ranking de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento). Além disso, é o quinto país com a maior população de rua do mundo, somando uma média diária de 5 milhões de pessoas sem abrigo.

Mas isso é só parte do cenário. Essa desigualdade é infraestrutural também: ou você come muito bem e paga muito caro por isso, ou come na rua (o que se torna um risco devido aos problemas ligados à higienização dos alimentos); ou você está em um boulevard amplo e bem asfaltado ou está em ruas enlameadas.

Ruas enlameadas e trânsito pesado são comuns perto do centro financeiro

Por fim, há também o assédio. A Pati não podia andar na rua com uma blusa regata que vários homens passavam batendo no peito e fazendo comentários para lá de desrespeitosos —isso da parte que a gente entendia. Tudo isso formou um contexto extremamente estressante durante a nossa visita por lá e, por isso, não levamos boas lembranças do país.

Tudo ruim?

E só tem coisa ruim no segundo maior país da África (o primeiro é a Argélia)? Não. Visitamos o Museu Nacional, que, até agora, se mostrou o com melhor estrutura para guardar artefatos históricos no continente. E olha que também fomos ao Museu das Civilizações Negras, em Dacar, outra preciosidade quando se trata desse tipo de passeio.

Mais afastado do centro, o museu deu certa dor de cabeça para entrar, já que informava que aceitava cartão, mas, como o funcionário que sabia mexer na maquininha não estava, tivemos que pagar em espécie. Enquanto a entrada do visitante congolês é 3.500 francos (R$ 8,50), a do estrangeiro custa US$ 10 (R$ 53,50). Uma forma de incentivar que o morador conheça a história de seu país e, ao mesmo tempo, cobrar de quem tem mais dinheiro.

Artefatos expostos no Museu Nacional da RD Congo

Achávamos que, por ser manhã de um sábado, o local estaria vazio, mas encontramos algumas turmas de crianças uniformizadas e também de jovens que pareciam universitários. Nossa guia, aparentemente, fazia passeios em francês e inglês.

O prédio de dois andares tem enormes salas com os artefatos antigos, de povos que habitavam a região antes da presença dos colonizadores. É possível ver trajes festivos, máscaras e utensílios domésticos, assim como as rústicas armas tribais, como arco e flecha, e as potentes carabinas dos europeus que aportaram no local. Difícil combater o invasor assim, não? Entre as peças do museu, há uma enorme máscara que foi devolvida há poucos anos pelo governo belga.

O boulevard du 30 Juin é a versão congolesa da avenida Paulista

Outro passeio interessante, voltado aos mais urbanos, é andar pelo boulevard du 30 Juin. Seria como caminhar pela avenida Paulista, em São Paulo. Assim como na via brasileira, você pode ver vários prédios enormes, alguns modernos e outros mais antigos, e pessoas pedindo dinheiro. Mas há algo peculiar na versão africana: um campo de golfe.

Nas ruas paralelas é possível encontrar uma filial do Paul, conhecida e cara rede francesa de padarias, restaurantes com menus ocidentais e shoppings.

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