Era uma vez 3 brasileiros que se encontraram ao acaso em um país muito, muito distante (do Brasil). Com um carro, fiel escudeiro de um deles, e muita vontade de cruzar fronteiras, traçaram uma rota para chegar ao outro lado do continente africano.
Ao contrário de Cinderela, que assistiu a uma abóbora se transformar numa carruagem, os amigos viram o carro se tornar um imóvel numa loja mecânica. E, assim, o sonho de desbravarem juntos terras longínquas precisou ser adaptado. Inúmeras vezes.
Nos nossos primeiros dias na Namíbia, antes de viajarmos de carro pelo sul do país, recebemos o convite de um experiente viajante, Henrique Fonseca, para visitar a litorânea Swakopmund, onde ele estava hospedado.
O mineiro está viajando desde 2016 com seu Defender, o Mochileiro, um carro 4×4 equipado inclusive para acampamentos selvagens, longe de mordomias como chuveiro e privada.
Ao sentarmos em um café —o primeiro de muitos—, logo constatamos que nossos próximos destinos coincidiam e as conexões se formaram. Assim, a equação foi simples: 1 viajante motorizado + 2 mochileiros = altas aventuras pela África.

Com desejos expostos e rota traçada, logo resolvemos os problemas burocráticos e compramos os itens necessários para os primeiros dias de estrada. Inclusive uma cafeteira italiana tamanho família, para dar conta da nossa sede por esse manjar dos deuses.
O sonho virou pesadelo
Chegou o dia acertado para começarmos nossa aventura africana, e logo estávamos todos felizes dentro do barulhento carro. Foram muitas conversas, risadas e até uma soneca da Pati na saída de Swakopmund a caminho do Etosha, um parque natural no norte namibiano, residência de incontáveis animais selvagens.
Nossa aventura sobre rodas durou exatos 45 km e 50 minutos, até o motor do carro fazer um barulho inédito, soltar fumaça e deixar de funcionar.
O Mochileiro é da safra de 2003 e rodou a América e a Europa antes de percorrer quilômetros africanos, entre Marrocos e Costa do Marfim, quando precisou ficar parado por causa da pandemia.
Assim como muitos viajantes afetados pela crise sanitária, o Mochileiro não digeriu muito bem essa pausa forçada. Nos últimos 3 meses, ele passou grandes temporadas em oficinas mecânicas para revisões necessárias após quase 3 anos parado. E foi para um endereço desses que ele retornou, guinchado.
Passamos da esperança de que o conserto levasse 1 ou 2 dias para a ansiedade por boas notícias dos mecânicos, até chegar à frustração de ver que o Mochileiro não estava mais tão seguro para nos acompanhar por uma dezena de países.

E assim afogamos nossas tristezas em americanos, capuccinos, chocolates quentes e uma gama de bebidas com café —sem falar nos muitos docinhos. Ao menos Swakopmund nos ofereceu uma bela paisagem e um frio suportável para voltarmos a correr. A boa e velha positividade de ver o copo meio cheio.
No fim das contas, aumentamos nosso visto namibiano por mais 1 mês e, após 3 semanas de planejamentos, esperanças e frustrações, vimos que nosso destino não mais seria compartilhado com o Mochileiro.
O pesadelo virou sonho
Estávamos tristes, desolados até, porque teríamos que abdicar dessa oportunidade de viajar o sul e o leste africano com um novo amigo e um carro equipado. A Pati, então, deu uma última cartada.
“Até fiz uma rápida pesquisa sobre alugar um carro aqui e entregar na África do Sul”. E não é que desse despretensioso comentário surgiu um novo roteiro?
Agora, vamos viajar por duas semanas por vários locais, com o objetivo de ver animais selvagens e belezas naturais e, assim, completar nossa rota Tunis to Cape. Para saber quais os nossos destinos, só acompanhando os próximos posts.















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