Até agora, na nossa passagem pela África, o roteiro já sofreu diversas alterações: ou o destino era muito caro (ainda mais se considerar que alguns exigiam visto) ou a questão de segurança era periclitante. Houve ainda o caso da Nigéria, que, devido a problemas com visto, deixamos de lado.
O que eu não esperava era ter de abrir mão do Lesoto, um reinado incrustado no meio da África do Sul –país este que possui uma política de entrada bem flexível. Estamos viajando com os passaportes europeus, então havia uma diferença: italianos, o meu caso, poderiam entrar visa-free, mas poloneses precisariam de um eVisa (assim como brasileiros, caso do Henrique, o mineiro com quem estamos viajando de carro).
Pessoalmente, eu estava ansiosa para conhecer o país, pela peculiaridade de ter mantido sua independência, ser ilhado e tão pequeno. A expectativa (sempre ela) aumentou ainda mais quando planejamos sair de lá pelo Sani Pass, a passagem mais alta da África e onde fica o pub mais alto do continente –já tinha imaginado vários conteúdos. Para completar, a previsão era de nevasca.
Uma semana antes, Faraó começou a pesquisa pelo eVisa, e o site estava muito estranho, pois o endereço oficial direcionava para uma página com anúncios. Insisti na busca por uma forma de obter o visto e todas davam no mesmo site. Apelamos, então, para um grupo de Overlanders (que viajam de carro) no WhatsApp, e houve apenas uma resposta: é visto na chegada. Opa, beleza, vamos para lá então.
Esticamos a perna entre Bostuana e África do Sul para dormir em uma cidade ao lado do Lesoto. Mais precisamente, a 14 km da fronteira, o que nos garantiu viver uma noite em um filme terror (pelo menos eu me senti assim). Carimbamos a saída da África do Sul e partimos em direção ao reinado e… luz vermelha.
Muito simpática, a agente disse que Henrique precisaria de visto, assim como o Faraó. Nos levou para uma salinha, pois, em teoria, o carimbo é feito sem você sair do carro, como se fosse um pedágio.
Lá explicou que o eVisa não funciona mais há um mês ou dois, que é preciso ir à embaixada, que o preço é de US$ 150 (pois é) e que leva por volta de um mês para ficar pronto. Até existe um visto de trânsito, de três dias, mas eles não emitiam ali, pois estavam sem recibo.
Entre idas e vindas –que geraram um pouco de estresse na outra agente que acompanhava a simpática–, tivemos que largar o osso e ir embora. Derrotados, carimbamos novamente a entrada na África do Sul (eu ainda tive que marcar a saída do Lesoto, pois haviam dado entrada), e ficamos amargando esse impedimento durante uns bons quilômetros.
Assim, o Lesoto vai continuar no meu imaginário, pois pagar US$ 150 para passar duas noites em um lugar e ainda esperar tantos dias pelo visto (tempo que não temos mais) não está nos nossos planos.















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