Nossa primeira visita ao Zimbábue foi para ver a Victoria Falls, num bate-volta de Kasane, no norte de Botsuana, na metade de julho. Agora, vindos de Moçambique, concentramos nossa rápida estadia na capital, Harare.
Informações práticas*:
- Média hospedagem: US$ 25 (R$ 134)
- Média almoço: US$ 20,50 (R$ 106)
- Visto: é necessário para brasileiros, e contamos aqui como tirar na fronteira
- Moeda: dólar do Zimbábue e dólar dos EUA (R$ 1 = US$ 0,20)
- Dica: há uma forte inflação no país, e a moeda americana é amplamente usada, o que é uma boa oportunidade para o viajante sacar notas atuais nos caixas eletrônicos. As pessoas só não aceitam dólares de antes de 2009, e cartões internacionais não funcionam em máquinas que cobram no dólar do Zimbábue.
* valores para agosto de 2023 para duas pessoas
Nossa chegada à cidade foi conturbada, já que estávamos atordoados com o som alto e o calor do ônibus. Para completar o cenário, caminhamos ainda 5 km até nossa hospedagem, Grand View Lodge.
O local fica no subúrbio de Harare, em meio a várias casas grandes e muradas. O hostel é um casarão adaptado, com um enorme e convidativo jardim, e nossa suíte era bem confortável (US$ 25/R$ 134). Mas nem tudo são flores e, após um longo dia de estrada, só queríamos comer e dormir.
O proprietário nos sugeriu jantarmos ali, mas uma das funcionárias disse que não tinham comida. Quando falei em irmos a pé a um KFC, a cerca de 1 km, nos desencorajaram fortemente, já que a região não conta com iluminação pública e o forte tráfego poderia ser perigoso.
Apelamos, então, para o celular de um hóspede e pedimos pizza. Quando chegou, a primeira surpresa: por algum problema da internet, o pedido veio em dobro. Até aí tudo bem, porque pizza nunca é demais.
A crise mesmo foi pagar, já que a máquina não aceitou nosso cartão e tínhamos apenas dólares americanos, uma das moedas aceitas no país. Como a conta veio em dólar do Zimbábue, era preciso converter, mas o entregador não conseguia contatar o restaurante para saber o valor a ser cobrado.
Após uns 20 minutos e a ajuda do outro hóspede, conseguimos finalmente pagar, deixando gorjeta para o entregador, já que ele não tinha troco. Depois disso, nos restou comer a pizza morna enquanto a raiva diminuía, tomar banho e dormir. Avaliamos que o lugar é uma ótima pedida para quem tem carro, e não para mochileiro pão-duro que não quer gastar US$ 10 (R$ 53,50) em táxi para sair dali.
Na manhã seguinte, mudamos para o It’s A Small World Backpackers, outro local também distante do centro de Harare e também sem iluminação pública, mas com um shopping próximo, com direito a dois supermercados, caixa eletrônico e cafeteria.
A ida ao café nos salvou em momentos de fome e de Wi-Fi aceitável, já que a internet da hospedagem não era das melhores. Por falar nisso, o hostel é agradável, com piscina e área comum verdejante, além de bar, e nosso quarto com banheiro coletivo custou US$ 25 (R$ 134).








E o que tem para fazer em Harare?
A capital do Zimbábue com certeza está longe de ser a principal atração turística –tudo bem que competir com uma das 7 maravilhas da natureza (a Victoria Falls) e os parques de vida selvagem é injusto com qualquer cidade. Ainda assim, para o viajante que, como nós, gosta de conhecer a história do país por meio de museus e marcos na cidade, essas atrações são raras.
Mas isso não quer dizer que a cidade seja péssima. Longe disso. Apesar de poucas calçadas, há diversas ruas arborizadas, em maior número nos subúrbios, como na região do Grand View Lodge, mas as mais próximas do centro também são agradáveis.
Há também opções de parques e praças. Um deles é o Harare Gardens, uma quadra verde no meio do centro da cidade, com poucos bancos, mas com um gramado convidativo para passar algumas horas sob a sombra das árvores, que ajudam a abafar o barulho da rua.
E para dizer que não tem museu na cidade, Harare abriga o Museu de Ciências Humanas, que pulamos, pois preferimos estabelecimentos com foco histórico.
Outra característica da cidade são as opções de restaurantes e cafés, ainda que existam áreas apenas residenciais, como já falamos no início do texto. No shopping próximo ao hostel, o Café Nush oferece um menu com boas opções em um preço justo. Também fomos ao China Garden, restaurante asiático com porções bem servidas a um ótimo valor.
Isso sem falar nas redes que estão espalhadas por diferentes países da África: Chicken Inn, Pizza Inn e Nando’s (há filiais perto do It’s A Small World Backpackers também).
Ainda que nossa visita tenha sido rápida, foi o suficiente para discordarmos fortemente do ranking de cidades menos habitáveis da revista britânica The Economist. Com tanta infraestrutura –apesar da falta de calçadas–, não faz sentido, para nós, que Harare conste na lista, mas cidades como Brazzaville e Kinshasa, não. Pior ainda é estar Argel, capital da Argélia, que até metrô tem.















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