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Burundi é pedaço da África Ocidental perdido entre Tanzânia e Ruanda


Diante de tantos perrengues na África Ocidental, muitos viajantes nos acalentaram o coração ao promoverem a facilidade de percorrer a costa leste do continente. Burundi, no entanto, está longe de ser tranquilo para o turista, seja pela dificuldade em pagar com cartão, seja para achar caixa eletrônico com saques do Mastercard.


Informações práticas*:
  • Média hospedagem: US$ 22,50 (R$ 114)
  • Média almoço: 44.000 francos (R$ 65)
  • Média jantar: 16.000 (R$ 22)
  • Visto: é necessário para brasileiros, e pode ser tirado na fronteira ou no consulado em Kigoma
  • Moeda: franco do Burundi (R$ 1 = 732 francos)
  • Dica: o Wise não opera no país e é difícil encontrar caixas eletrônicos que aceitem Mastercard, então é melhor ter um cartão Visa ou levar dólares para trocar no mercado paralelo, mais vantajoso que fazer saques.

* valores para setembro de 2023 para duas pessoas


Cientes de que o Wise não opera no país, fomos para a fronteira da Tanzânia munidos de xelins tanzanianos o suficiente para trocar pela moeda local, o franco do Burundi. Infelizmente, o mercado paralelo não é tão favorável assim a esse câmbio, ao contrário do dólar.

Com carimbo no passaporte e dinheiro no bolso, negociamos um táxi até Mabanda e depois um micro-ônibus para Bujumbura, a capital econômica. Após superarmos as péssimas estradas do sul do país, tivemos que barganhar um táxi até nossa hospedagem, afastada do centro.

No Maison D’Accueil Fondation San Filippo Neri, hospedagem gerida por um grupo católico, nosso quarto (US$ 25/R$ 126,50) não tinha água quente, ar-condicionado ou ventilador, mas, com o calor do dia, não foi problemático o banho morno. Testemunhamos várias quedas de energia, o que fazia oscilar a internet. Ainda assim, tinha café da manhã honesto e era mais em conta do que as demais opções do Booking. E, ali perto, há um bom restaurante, também administrado pela fundação.

Enquanto a região da hospedagem é menos favorecida, Bujumbura possui áreas bem verdes e algumas ruas charmosas no centro. Por falar nisso, assim como em Monróvia (Libéria), os tuktuks não podem circular por essas vias mais favorecidas, o que faz o turista apelar para táxis ou motos.

O centro da cidade possui algumas praças que celebram conquistas burundesas, como a praça da Independência, o Mausoléu dos Heróis da Democracia e a praça da Revolução. Esses espaços, no entanto, ou estão fechados com grades ou cordas, ou com militares em volta, o que inibe o viajante fotógrafo –mais uma lembrança da África Ocidental.

Assim, nosso passeio de um dia se resumiu a descobrir o que mais Bujumbura teria a oferecer, e podemos dizer que ficamos satisfeitos com o resultado. Se na costa oeste, de maneira geral, as melhores opções se limitavam a locais mais caros que, com muita sorte, teriam Wi-Fi, esse não foi um grande desafio na capital econômica dessa ex-colônia alemã e belga, que obteve sua independência em 1962.

Começamos nosso dia no Bujacafe, que possui boa conexão e diversas tomadas –tanto que reunia várias pessoas com notebooks, muitas delas locais (via de regra, lugares assim se limitam aos imigrantes brancos). Pedimos um cappuccino, um americano e uma porção de batata frita que saíram por 16.500 francos (R$ 22,50).

Outra opção agradável é o Zion Beach, à beira do lago Tanganyika, que banha também a RD Congo, a Tanzânia e a Zâmbia. Ele caberia muito bem como um beach club no Brasil, pois oferece uma boa gama de bebidas (alcoólicas e não alcoólicas), bufê, pratos e porções. Há ainda um espaço para ver animais e bangalôs individuais para passar o dia. Um refrigerante e uma cerveja custaram 10.500 francos (R$ 15,50).

Por fim, seguimos uma das indicações no iOverlander para o nosso almoço, o restaurante Waka Waka (This Time for Africa –se não pegou a referência, volte para a Copa do Mundo de futebol de 2010). Ao contrário do que o nome faz crer, é gerido por um italiano com um ótimo cardápio de massas. Comemos um prato cada (22.000 francos/R$ 32,50 cada) e afirmamos sem medo nenhum que foi o melhor macarrão que comemos em terras africanas.

Uma hora ia acontecer

Mas a vida não é feita apenas de bebidas à beira do lago e boa comida. Passamos por uma situação que saberíamos que iria acontecer em algum momento da viagem e ficamos muito tristes de ter sido justamente no Burundi, o país com menor PIB per capita do mundo (considerando a paridade do poder de compra), sendo que poderia ter sido em qualquer lugar.

Do que raios estamos falando? Fomos furtados. Ao chegarmos do nosso dia de passeio, Faraó foi fazer a conferência diária de gastos e do dinheiro que tinha sobrado –ainda mais que não tínhamos conseguido fazer saques e estávamos avaliando como pagar a hospedagem. Faltavam 30.000 francos do Burundi (R$ 44), e ficamos refletindo onde poderíamos ter gastado essa quantia.

Não descobrimos. Desconfiado porque a porta estava trancada com duas voltas, quando normalmente só dá uma, Faraó questionou: “será que alguém entrou aqui?”. Não faria sentido isso, pois os francos estavam na pochete da Pati, que tinha ficado dentro da mochila pequena, junto de dólares. Ninguém pegaria só francos, pensamos. Na hora de contar os dólares, faltavam US$ 100.

Em um relaxamento nosso recente, temos deixado de colocar cadeado na mochila em que deixamos os pertences mais valiosos. Alguém aproveitou a ocasião e pegou parte do dinheiro, o suficiente para se perceber apenas depois de ter deixado a hospedagem, o que faríamos no dia seguinte. Sabíamos que tinha sido lá o furto justamente por causa da conferência diária.

Pedimos para chamar a gerência, que demorou algumas horas para aparecer, mas prometeu discutir com os outros gestores e vir com uma resposta sobre o reembolso no dia seguinte, após constatar que nada foi dito sobre avisar os funcionários se havia pertences valiosos (temos a opinião de que isso é pior), muito menos havia a informação de que a hospedagem se isenta de sumiços que poderiam ocorrer (não vamos nem comentar).

Frustrados, fomos dormir, mas, para a nossa surpresa, às 7h a representante da gerência e o responsável legal vieram com o reembolso do nosso dinheiro. Disseram ainda que fariam uma apuração para descobrir o responsável, fazendo com que saíssemos com uma lembrança menos ruim do país.

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