GOSTA DE LEITURA DE VIAGEM? TEMOS LIVROS SOBRE ÁFRICA+ORIENTE MÉDIO E ÁSIA+OCEANIA

Em voo de Omã ao Qatar, agente de imigração encrencou com a gente


Quem disse que só fronteira terrestre dá trabalho? Eu achava que a nossa última viagem de ônibus entre países —no caso, dos Emirados Árabes a Omã— desta primeira temporada teria encerrado a tensão de entrar numa nova nação, mas estava sumariamente enganado. Praticamente o meme do Chico Buarque. O agente de imigração do Qatar me ensinou que sempre é possível ter perrengue, mesmo voando por aí.

Após 9 dias aproveitando as belas paisagens de Mascate e cercanias e escrevendo o nosso primeiro livro, o “Aventuras Sem Chaves”, chegou a hora de pegar estrada, ou melhor, os ares, e seguir viagem para a reta final da primeira temporada. Destino: Qatar.

O enorme Aeroporto Internacional de Mascate nos surpreendeu, mostrando ser o que possui o saguão mais bem estruturado do Oriente Médio —pelo menos daqueles por onde passamos. São ao menos 3 andares, com várias mesas, cadeiras e sofás públicos, sem estarem relacionados a restaurantes ou cafeterias. A única reclamação foi não conseguirmos nos conectar ao Wi-Fi do prédio.

Após horas off-line, entre trabalho e leitura, passamos rapidamente pela oficial de fronteira, que mal nos olhou e colocou o carimbo de saída nos passaportes. Ficamos um tempo na sala VIP, com direito a comilança e nada de álcool, e rumamos para o embarque no avião da SalamAir, uma companhia low cost omani.

A empresa área é boa, e a tensão ficou por conta da compra da passagem. Monitoramos os preços por um bom tempo e a poltrona sempre estava a 55 riais (R$ 764,50), não importava se para o dia ou a semana seguinte. Quando fomos comprar, ela aumentou para 75,89 riais (R$ 1.055), nos gerando um vazio no coração e no bolso.

Chegada ao Qatar

Após um voo sem incidentes, chegamos ao Aeroporto Internacional Hamad, em Doha. Muito bem sinalizado, tudo corria bem, até chegar ao guichês de imigração do Qatar. Tanto brasileiros quanto poloneses (eu) e italianos (Pati) são isentos de visto, então imaginávamos que a burocracia seria simples e rápida.

Para início de conversa, como Doha é um dos hubs da região, a fila era bem grande. Por azar, ficamos atrás de um casal com 3 filhos pequenos. Quando chegou a nossa vez, entreguei nossos documentos ao agente e assumi a dianteira nas perguntas.

O oficial estranhou a foto do meu passaporte, de quando eu ainda tinha dreads. Ele desconfiou, naturalmente, e me perguntou quando o documento foi feito. Eu não entendi o inglês dele e olhei para a Pati pedindo ajuda. Ela havia compreendido e me falou 2020, ao que virei para ele e repeti a informação. O sujeito se mostrou enfezado e questionou rudemente a Pati se ela havia feito o meu passaporte.

Em seguida, ele me perguntou onde ficaríamos e, como foi a Pati que fez a reserva, ela disse o nome do hotel. Mais uma vez o homem se mostrou descontente e passou a olhar de mim para o passaporte e do passaporte para mim, várias vezes, comparando a foto ali com o meu rosto. Para checar a veracidade do documento, perguntou meu nome completo e a data do meu nascimento.

O sujeito ainda mostrou meu documento para o colega do lado, mas, no fim, colou o selo de entrada do Qatar. Como na África foi meu passaporte polonês que deu trabalho —em Angola, em Moçambique e no Camarões tive problemas—, achei que seria fácil a liberação da Pati. Mas não foi.


Se você é descendente de poloneses e quer saber se é possível ter sua cidadania reconhecida e o passaporte europeu, o Eduardo Joelson faz esse serviço burocrático. Em 2019 o Faraó o contratou e conseguiu rapidamente a documentação. Caso você o procure por meio da gente, ganhamos 5% de comissão.


O oficial disse que o computador não estava lendo o chip do passaporte e chamou um superior para afirmar que o documento devia ter molhado, o que fez esse homem levar a Pati para outra área. Ele perguntou se o passaporte tinha molhado e ela respondeu que não. Ele ainda insitiu, questionando se tinha ido para a máquina de lavar, e ela, incisivamente, negou de novo.

Ela teve que aguardar sentada, ainda na área de imigração, e eu fiquei esperando antes do raio-x. Um funcionário me perguntou se estava tudo bem e avisei que aguardava minha esposa. Depois de alguns minutos, outro funcionário me questionou a mesma coisa e, assim que respondi, ele gentilmente me expulsou dali.

Após 10 minutos de espera, a Pati conseguiu seu selo de entrada, com outro oficial, que também não foi nada gentil, mas apenas perguntou onde ficaria hospedada. O comportamento dos agentes de imigração deram a impressão de que não gostaram de que uma mulher respondesse a seus questionamentos. Estranho, pois o país sediou a última copa do mundo de futebol e recebeu milhares de estrangeiros. Talvez só tenhamos dado azar de alguns homens com pequenos poderes não terem dormido bem naquele dia.

Com a entrada do Qatar liberada, pegamos nossas mochilas na esteira de bagagens e saímos da área de desembarque. Do lado de fora, havia um metrô ligando o aeroporto ao centro da capital. Difícil voltar a se acostumar com essas modernidades, após tantos meses viajando pela África.

Você conhece nossos livros?

Aventuras Sem Chaves – Parte 1

Uma jornada de 14,5 meses por 43 países de África e Oriente Médio contada em relatos e crônicas recheados de dicas e informações

456 páginas | lançado em mar.24 | Editora Comala | 1ª ed.

Aventuras Sem Chaves – Parte 2

A segunda etapa de uma volta ao mundo, passando por 34 países de Ásia e Oceania em 15,5 meses, ilustrada em belas imagens

436 páginas | lançado em dez.25 | Sem chaves | 1ª ed.


Dicas Sem chaves

Já pensou em receber dicas fresquinhas na sua caixa de e-mail toda semana? Inscreva-se na nossa newsletter e conte com informações de quem já viajou por mais de 70 países por África, Ásia e Oceania, além de outros 30 entre Europa e América! Por menos de R$ 3 por semana, receba um conteúdo informativo, participe de uma live mensal exclusiva e ainda ganhe desconto nos nossos produtos e serviços!


Deixe um comentário