Antes de começarmos nossa viagem de volta ao mundo, queríamos incluir no roteiro plataformas que alegram e barateiam a vida do mochileiro, como Couchsurfing —conecta quem procura hospedagem com quem tem um sofá ou uma cama sobrando—, Worldpackers —viajantes trabalham em hostels, fazendas ou outros tipos de empreendimento em troca de hospedagem— e Trusted Housesitters —enquanto o dono da casa está fora por um período, o voluntário fica no lugar cuidando dos animais ou plantas.
Assim que finalizamos a primeira temporada dessa jornada, em que visitamos a África e o Oriente Médio, nos organizamos para uma dedicação total à escrita do nosso livro, o “Aventuras Sem Chaves”. Como seriam três semanas, avaliamos que seria muito tempo para ficarmos com amigos ou na casa de desconhecidos do Couchsurfing. Assim, a alternativa mais viável era nos cadastrarmos no Trusted House Sitters.
Há três planos disponíveis (US$ 129, US$ 169 e US$ 259) para quem se disponibiliza a cuidar dos animais, e escolhemos a intermediária, que garante auxílio de veterinários. Elaboramos um bom perfil, com fotos nossas com vários animais que interagimos nos últimos meses, e passamos ao desafio de buscar opções que casassem com nossas expectativas.

Queríamos algum lugar na Europa, já que de lá iríamos para o Brasil, e por três semanas, para não precisarmos trocar de endereço no período. Para o inverno, em janeiro, o que mais apareceu foram tutores no Reino Unido, e um ou outro na França. Escrevemos para um, que tinha uma data que caía como uma luva pra gente, mas fomos recusados.
Apelamos para o plano B, que queria alguém só por 10 dias. Caso ele aceitasse, tentaríamos outro perfil para o restante do nosso tempo ou procuraríamos algum amigo. Essa pessoa, no entanto, nos deixou em banho-maria, talvez avaliando outros pretendentes —é possível ver quando há mais interessados na vaga.
Como a Pati monitorava a plataforma diariamente, viu quando surgiu uma proposta na Suécia que coincidia perfeitamente como nosso período livre. Logo escrevemos e, por sorte, a Carmen, uma espanhola que vive por lá, nos aceitou. A partir daí, foram várias trocas de mensagens para nos falar como estava o rigoroso inverno e outros detalhes.
Voamos da Cidade do Kuwait, o nosso último destino no Oriente Médio, para Istambul e de lá para Roma, onde no dia seguinte pegamos um voo para Gotemburgo e um ônibus até a pequena Uddevalla. Carmen nos buscou e nos orientou sobre a rotina de suas três cadelas: Quintina, Julia e Mica.
Durante as três semanas, além de alimentar essas ferinhas, tínhamos que passear duas vezes ao dia e levá-las junto caso saíssemos —a espanhola deixou o carro com a gente. Como o foco era escrever o livro, passamos mais tempo dentro de casa, mas fomos algumas vezes ao mercado e a uma cafeteria —quem nos acompanha aqui sabe que somos apreciadores desse licor dos deuses.
O fato de não termos que pagar por uma hospedagem nesse período alegrou nosso orçamento, pois não é nada barato viajar por África e Oriente Médio. E, já que tínhamos uma cozinha, pudemos preparar nossa comida diariamente, o que barateou muito a estadia na cara Suécia.
O grande problema desse tipo de conexão é que você se apega demais aos bichos. Dormimos juntos todas as noites, e elas nos acompanhavam pela casa ou quando eu saía para buscar lenha do lado de fora —foi realmente um inverno rigoroso. Com essas carinhosas doguinhas, três semanas passaram voando.
Meses depois, em agosto de 2024, voltamos a usar a plataforma para ficarmos duas semanas em Melbourne, na Austrália, onde cuidamos de um labradoodle e de uma cobra.
















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