Para ir da Coreia do Sul ao Japão, optamos por um modal diferente do tradicional avião: viajamos de barco! Queríamos fazer essa jornada de dia, mas o nosso ferry teve algum problema sério e todas as travessias com ele foram canceladas por um mês, nos deixando como única opção passar a noite sobre a água.
E, assim, foi dada a largada de viajar de barco entre países nesta segunda temporada da nossa volta ao mundo. Na primeira, fizemos isso da Mauritânia ao Senegal —a fronteira de Rosso foi a mais conturbada de todas até hoje!—, do Congo à RD Congo e do Egito à Jordânia, quando deixamos a África e entramos no Oriente Médio.
Após passarmos alguns dias na ilha de Jeju, uma das sete maravilhas modernas da natureza, voamos para Busan para pegar o ferry até a japonesa Fukuoka. Lá, compramos passagem no JR Beetle, que faria o trajeto das 15h às 18h30, por 12.400 ienes (R$ 427,50).
Na véspera, recebemos um e-mail informando que havia algum problema com o barco —não explicaram o que aconteceu— e ele ficaria inoperante por um mês inteiro. Para nossa surpresa, além de sermos ressarcidos, ganharíamos no balcão da empresa um valor pelo inconveniente.
Pesquisamos alternativas e vimos que havia um ferry noturno de outra companhia, a Camellia Line, para o mesmo trajeto, mas, por ser tão em cima, não era possível comprar passagens pela internet. Pelo horário, resolvemos deixar para o dia seguinte descobrir no guichê do porto se ainda havia vaga.
De manhã, fomos já com nossas mochilas ver as passagens e talvez outras opções que não achamos nas pesquisas on-line. Enquanto as demais companhias marítimas estavam fechadas, a JR Beetle funcionava, muito provavelmente para atender os passageiros afetados. Como taxa de inconveniente, recebemos por pessoa 100.000 wons (R$ 392,50) —praticamente o valor da passagem.
Além da Camellia Line, com seu barco para Fukuoka (22h30-7h30), há a Kampu Ferry, que leva até Shimonoseki (21h-7h45), um pouco mais ao norte de Fukuoka, e a Panstar Cruise, com ligação a Osaka (15h-10h).
Com passagens aéreas, para aquele mesmo dia, custando a partir de US$ 200 (R$ 1.070) por pessoa, avaliamos que seria mais barato viajar com o ferry noturno, nem que tivéssemos que pernoitar em Busan e adiar em 24 horas a ida para o Japão.
Por sorte, quando os funcionários da Camellia Line chegaram, por volta das 16h, havia vaga para aquela noite e ainda nos deixaram pagar as passagens e as taxas em dinheiro, com a quantia que recebemos da JR Beetle, e com cartão —não tínhamos mais cédulas de won. Ao todo, cada bilhete custou 108.000 wons (R$ 424). Há três categorias de alojamento e optamos pela mais barata, com 10 camas. As mais caras têm quatro e duas vagas.
O ferry noturno entre Coreia do Sul e Japão
O controle de fronteira para sair da Coreia do Sul é muito rápido e simples, assim como a entrada no país. O ferry parte às 22h30, mas entre 19h e 19h30 o passageiro deve estar na área de embarque, onde estão uma loja duty-free e um café, que fechou minutos antes de começar nossa ida ao barco.
No ferry, há uma loja de conveniência e máquinas de bebidas geladas. Enquanto as máquinas aceitam apenas dinheiro vivo, na primeira pode-se pagar também em cartão. Infelizmente, dentro do barco só circula iene, a moeda japonesa. Há um guichê de informações onde as funcionárias trocam wons, mas não outras moedas estrangeiras. Havíamos gastado nossas últimas moedas sul-coreanas, então ficamos reféns dos cartões.
O restaurante só funcionava no café da manhã, mas as mesas podiam ser usadas pelos passageiros. Muitos embarcaram já com seus macarrões instantâneos, mas também era possível comprar na conveniência a bordo.
O quarto mais simples é amplo e, em duas paredes opostas, tem cinco divisórias cada. Enquanto no chão há futons dobrados que viram a cama, na parede em si há um espaço para colocar sua bagagem. Perto da porta, há uma cortina onde o passageiro pode trocar de roupa e uma estante para guardar os sapatos.
Mesmo que o futon seja fino, pudemos deitar e esticar o corpo, algo impensável ao se viajar de carro ou ônibus. Nos lembrou até a jornada pela Transmongoliana. O grande problema ali foi um colega de quarto roncar mais que Fusca com escapamento aberto. Mesmo com tampões de ouvido, era possível escutar a respiração pesada da outra pessoa.
Chegamos ao porto de Fukuoka por volta das 6h, mas precisamos esperar até as 7h30 para o desembarque propriamente dito. Enquanto isso, vimos o restaurante abrir e pouquíssimas pessoas comerem o café da manhã —era vendido na noite anterior, em dinheiro vivo, no guichê de informações.

Entrar no Japão foi muito simples burocraticamente. Desde setembro de 2023 brasileiros não precisam de visto de turismo para o país da Ásia. Optamos, no entanto, por entrar com nossos passaportes europeus —a Pati tem cidadania italiana, enquanto eu possuo a polonesa—, já que entramos com eles na Coreia do Sul para evitarmos pagar o K-ETA, a autorização de viagem exigida de quem é do Brasil.
Para o oficial de fronteira japonês, entregamos um pequeno formulário preenchido com informações do passaporte e da travessia. Não houve perguntas. Apenas o agente da alfândega, para quem entregamos outro formulário, quis saber quanto tempo ficaríamos no país. Tudo muito simples e rápido.
Se você é descendente de poloneses e quer saber se é possível ter sua cidadania reconhecida e o passaporte europeu, o Eduardo Joelson faz esse serviço burocrático. Em 2019 o Faraó o contratou e conseguiu rapidamente a documentação. Caso você o procure por meio da gente, ganhamos 5% de comissão.
















Deixe um comentário