A entrada na Nova Zelândia, tão rigorosa, nos deixou bastante ressabiados em relação à chegada à Austrália, ainda mais que o processo de obtenção de visto para brasileiro também é muito rigoroso. Qual não foi nossa surpresa que a travessia dessa fronteira da Oceania tenha sido muito simples e rápida.
Esse deslocamento começou ainda em New Plymouth, uma cidade com quase 50 mil habitantes no sudoeste da Ilha Norte da Nova Zelândia. Estávamos ali perto, em Stratford, trabalhando numa pousada em troca de hospedagem e alimentação, pela Worldpackers —temos US$ 10 de desconto para sua anuidade.
Precisávamos ir para Auckland e, apesar de a passagem de ônibus ser mais barata, pesou na equação a duração do traslado: mais de 11 horas por terra e menos de 60 minutos por ar. Assim, estávamos às 8h no pequeno Aeroporto de New Plymouth à espera de nosso voo.
Como o check-in foi feito pela internet, só precisamos nos entender com os totens para imprimir a identificação das mochilas —teve o suporte de uma funcionária da Air New Zealand. Burocracia resolvida, partiu para a área de embarque! Só faltou ela existir. Nem raio-x tinha ali. Para entrar no avião, apenas mostramos o bilhete. Após tanta fila na chegada ao país, era estranho ver essa simplicidade.
A Pati não é muito fã de voar, ainda mais quando é num ATR-72 —nossa viagem foi dias antes do trágico acidente entre Cascavel (PR) e Guarulhos (SP), em 9 de agosto, envolvendo o mesmo modelo. Para piorar a situação, o piloto nos informou que precisávamos aguardar alguns instantes até os ventos se acalmarem. Ao menos, o deslocamento foi sem sobressaltos.

Em Auckland, esperamos cerca de 8 horas até o próximo voo. Seria possível fazer um bate e volta até a cidade, mas o empenho não nos atraiu. Muitas dúvidas nos afligem em passeios assim: onde deixamos as mochilas? E se der algum problema no caminho e nos atrasarmos? O investimento financeiro, entre locomoção e alimentação, valerá a pena?
O segundo voo do dia foi pela australiana Jetstar Airways e novamente fizemos o check-in pela internet. Ao despachar as mochilas, a atendente quis o visto da Austrália, mas não pediu passagem de saída, algo comum em trajetos internacionais. Na imigração, o oficial comparou nossos rostos com as fotos do passaporte, não fez perguntas e liberou o caminho. Simples e rápido (e sem carimbo de saída).
Entrada na Austrália
O voo entre Auckland e Melbourne durou 4 horas e, como havíamos despachado bagagem, ganhamos lanches previamente escolhidos, enquanto os demais passageiros deveriam pagar pela alimentação.
Um pouco antes da chegada, uma mulher no banco de trás, acompanhada de duas crianças pequenas, recebeu formulários. Perguntamos a respeito para o comissário de bordo, que informou que ganharíamos na chegada. O pequeno papel veio apenas no momento em que esperávamos a abertura das portas. Fica a dúvida de por que não recebemos antes, quando podíamos preencher tudo com calma.
Pelo menos há vários formulários, em idiomas diversos, numa área um pouco antes dos guichês de imigração. O problema é que a combinação de muitos estrangeiros e poucas canetas deixam o espaço congestionado.
No papel, além de dados pessoais, de hospedagem e de voo, querem saber se fizemos nos últimos tempos trilhas ou se estivemos na natureza com calçados que levamos para a Austrália —sim, pois rodamos de campervan pelo sul da Nova Zelândia—, se transportamos grãos ou outros itens orgânicos. Assim como no território kiwi, estão preocupados com ameaças externas.
Papel preenchido, entramos na fila de imigração. O simpático oficial olhou o papel, fez algumas anotações nele e tentou cadastrar nossos passaportes. Deu certo com o meu, polonês, mas não com o italiano da Pati. Após tantas encrencas na África —apenas meu visto foi negado em Angola e em Moçambique— e no Oriente Médio —no Qatar, o agente dificultou minha entrada por causa da discrepância entre a foto e minha aparência atual—, será que finalmente terei meu momento de glória?
Se você é descendente de poloneses e quer saber se é possível ter sua cidadania reconhecida e o passaporte europeu, o Eduardo Joelson faz esse serviço burocrático. Em 2019 o Faraó o contratou e conseguiu rapidamente a documentação. Caso você o procure por meio da gente, ganhamos 5% de comissão.
Fomos então enviados a outro guichê, aparentemente de um funcionário superior, para checarem o passaporte da Pati. Enquanto isso, uma senhora e um jovem, aparentemente do Vietnã, passavam um aperto com o mesmo agente que nos atendeu, com perguntas sobre o motivo de retornarem ao país e onde estiveram nos últimos tempos. Por fim, o documento da Pati foi cadastrado e descobrimos, assim, que há um pequeno rasgo, que pode ter atrapalhado o processo inicial.
Liberados e sem carimbos, fomos atrás das bagagens. Com elas em mãos, nos dirigimos a um agente de controle sanitário. Ele nos pediu os formulários, passou o olho neles e perguntou sobre o item alimentício que levávamos. Ao saber que era café, nos liberou. Quando vimos, estávamos no saguão do Aeroporto Internacional de Melbourne.
Todo esse processo, de sair do avião e se ver oficialmente em solo australiano, levou menos de meia hora. Bem diferente da 1 hora e 30 minutos que enfrentamos na Nova Zelândia. Só espero que para sair do país seja tranquilo assim.















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