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Em Timor-Leste, vimos praia, história e simpatia, uma amostra do Sudeste Asiático


Nossa expectativa em chegar ao Sudeste Asiático, com suas praias lindas e seus preços baixos, foi respondida à altura nos dias em que passamos em Díli, a capital de Timor-Leste. Infelizmente, o país é pouco lembrado pelos viajantes brasileiros, mesmo que tenhamos o português como idioma comum.

Outra característica semelhante entre o brasileiro e o timorense é a simpatia. Ainda na Austrália, ao reservar o hotel, Chong Ti, éramos respondidos rapidamente pela equipe, que nos informou inclusive como chegar do Aeroporto Internacional Presidente Nicolau Lobato (nossa porta de entrada no país) por microlet –uma espécie de besta que atua no transporte público, com cores e números de acordo com a rota. No fim, ganhamos carona de uma portuguesa.


Informações práticas*:
  • Média hospedagem: US$ 30 (R$ 174)
  • Média café da manhã: US$ 11,40 (R$ 66)
  • Média almoço: US$ 15 (R$ 86,50)
  • Visto: brasileiros precisam de visto
  • Moeda: dólar dos EUA (US$ 1 = R$ 5,80)
  • Dica: Concentramos nossos dias na capital, Díli, mas há muito o que ver no interior. Para obter informações atualizadas sobre estrada e hospedagem, é bom procurar grupos de expats, como os imigrantes são chamados, no Facebook.

* valores para setembro de 2024 para duas pessoas


Bem localizado, o hotel (US$ 30/R$ 174) fica numa região de empreendimentos chineses. O quarto e o banheiro são amplos e o ar-condicionado é muito bom, ao contrário da internet, instável. Nada que um chip da Telemor, comprado no Hotel Timor, não resolvesse.

A uma pequena caminhada fica o Palácio do Governo e o pacato e arborizado calçadão à beira-mar. Ali, vimos algo inédito: uma área coberta com bancos de cimento e tomadas, e algumas pessoas aproveitavam o ambiente para mexer em seus notebooks. Tinha até banheiro público.

Na região também há cafeterias com cardápios ocidentais, como a Gloria Jeans e a Mehi. Nesta, encontramos até pão de queijo e pastel! Ela é vizinha ao Pro-EMA, uma ONG voltada à formação de jovens timorenses em áreas como cuidados pessoais, turismo e gastronomia. O restaurante do lugar conta com opções saborosas e muitos professores brasileiros.

Visitamos também o Dilicious, próximo ao porto, com um cardápio voltado a pratos tradicionais, como o saboko, um peixe envolto em folha de bananeira. Realmente, uma delícia.

As belas praias

Além dessas opções no centro de Díli, provamos bons pratos em dois restaurantes mais afastados, mas onde ficamos com o pé na areia: os vizinhos Caz Bar e Beachside. Na praia da Areia Branca, eles são o ponto de encontro dos estrangeiros que vivem na cidade, e um dos eventos de fim de semana é tomar café da manhã por ali ou ver o pôr do sol –às sextas e sábados, há sessão de cinema a céu aberto.

Na nossa primeira visita ao local, nos deparamos com a maré baixa, o que foi uma grande frustração. Mas, ao voltarmos na manhã seguinte, vimos a maré alta e uma paisagem totalmente diferente. Algo legal por ali é estrutura pública, com mesas e bancos de cimento e uma cobertura com folhas de bananeira, uma boa alternativa para quem não leva guarda-sol –esse não é um hábito comum por lá.

Ao continuar pela orla, chega-se à praia do Cristo Rei, onde alguns vendedores ambulantes salvam o turista, já que não há restaurantes por ali. A microlet nº 12 faz essa rota a partir do centro.

É possível ainda visitar a deserta Dolok Oan, que fica atrás do morro da grande estátua religiosa. Pode-se ir pela escadaria montanha acima e abaixo ou a pé pela estrada. Quando estivemos ali, a via estava em reforma, mas os funcionários nos liberaram a passagem. A quantidade de pessoas na areia é inversamente proporcional ao de lixo, infelizmente. Pelo menos não esbarramos em plástico dentro d’água.

A triste história do país

Somos fãs de história e adoramos ir a museus. Por isso, foi uma grata surpresa visitar o Arquivo & Museu da Resistência Timorense (US$ 1/R$ 5,80 a entrada), próximo ao Palácio do Governo.

O acervo mostra a colonização portuguesa, mas o foco é o período em que o país foi ocupado pela vizinha Indonésia, de 1975, quando Timor-Leste se tornou independente dos europeus, a 2002.

Imagens e painéis em português apresentam os horrores das quase três décadas em que milhares foram mortos pelos invasores, que proibiram o ensino do português, o que explica metade da população atual não falar um dos idiomas oficiais –o tétum, a grosso modo, é uma mistura de indonésio com português. Naquele período, houve uma forte resistência dos timorenses e, consequentemente, perseguição aos revoltosos.

Apenas no início do milênio o país obteve sua independência de fato, se tornando o caçula da Ásia. Por ter um território muito pequeno, há poucas indústrias e sua economia é dolarizada. Há moedas de centavos timorenses, que equivalem aos centavos de dólar. Enquanto estivemos lá, vimos apenas uma nota de US$ 5, e o troco, quando abaixo de US$ 10, era dado em moedas de 100 ou 200 centavos.

Entrada do Centro Nacional Chega!

Visitamos também o Centro Nacional Chega! (US$ 2/R$ 11,60 a entrada), mais afastado do centro. O prédio, uma antiga prisão de revoltosos contra a Indonésia, guarda painéis que mostram os documentos ali guardados. Mas, ao contrário do museu do centro, o acervo é mal organizado e a céu aberto, o que desestimula a visita em dias quentes.

Timor que não vimos

Por nossa limitação de tempo, acabamos ficando apenas em Díli. Até tínhamos plano de ir para a ilha de Ataúro, em frente à capital, mas os barcos não circulam diariamente. Na data da nossa visita, os ferrys saíam às terças, quintas e sábados, e a passagem custava US$ 5 (R$ 29) por pessoa no barco lento (terça e sábado) ou US$ 10 (R$ 58) na lancha rápida (quinta e sábado).

O principal atrativo da ilha é o snorkeling e o mergulho. Por isso, também é possível com empresas especializadas ou então com o táxi aquático, mas aí o custo vai de US$ 70 (R$ 406) o trecho, por pessoa, para cima.

A ilha é rústica, assim como todo o turismo da região (o que explica a limitação de barcos). Há alguns hotéis, mas os contatos normalmente são feitos diretamente. O Barry’s Place, por exemplo, tem site bem completo e informativo.

Devido a esse turismo ainda em estágios iniciais, conhecer os demais cantos escondidos de Timor pode ser um desafio. A paradisíaca ilha de Jaco e sua água azul-turquesa transparente, por exemplo, está a cerca de 8 horas da capital, mas é preciso um 4×4 para chegar ao porto que leva até ela, segundo uma brasileira que mora em Díli nos falou. Isso porque parte da estrada ainda não está em bom estado.

O mesmo vale para a montanha Ramelau, a mais alta da ilha com 2.963 metros e de onde dizem ser espetacular o nascer do sol. Mas chegar até ela só com carro privado e 4×4.

E como saber onde alugar um carro de confiança ou mesmo descobrir um grupo que esteja indo para esses lugares? O caminho mais certeiro parece ser o grupo de expatriados, que trocam informações das mais diversas sobre essas oportunidades.

Além disso, há promessas de um futuro mais fácil para quem visita o país. O governo promete investir mais no setor de turismo e há australianos mapeando as microlets (as rotas estão disponíveis no GitHub) e as trilhas que existem no país. É um primeiro passo.

Fato é que, se o viajante busca fugir do comum no Sudeste Asiático e escapar da muvuca de países como Indonésia e Tailândia, que viraram queridinhos por diversos motivos, visitar Timor-Leste pode ser uma saída. Só é preciso ir disposto a enfrentar os desafios de uma nação fora do mainstream.

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