A Malásia, para nós, era um país sem grandes promessas. O que víamos era, normalmente, sobre Kuala Lumpur, alguns de seus atrativos e meio que acabava. Até num livro que o Faraó leu a autora pouco ficou no lugar devido a uma situação desconfortável que passou.
Ao fazer uma pesquisa um pouco mais aprofundada e depois de ter visitado as duas principais porções que formam a Malásia, descobrimos que existem bem mais atrativos e passeios, mas eles acabam sendo mais nichados.
Assim, passamos alguns dias em Bornéu, explorando uma das principais atrações dessa ilha (o mergulho), e outros em Kuala Lumpur, já na parte continental.
Informações práticas*:
- Média hospedagem: RM 107,50 (R$ 143)
- Média café da manhã: RM 41,50 (R$ 54,50)
- Média almoço: RM 47,50 (R$ 62,50)
- Média jantar: RM 68 (R$ 90,50)
- Visto: brasileiros não precisam de visto
- Moeda: ringgit malásio (RM 1 = R$ 1,32)
- Dica: Os trens parecem ser uma boa alternativa para cruzar o país, mas os trechos que queríamos estavam esgotados, muito provavelmente por causa de um feriado hindu. Caso você queira viajar com esse tipo de veículo, compre com antecedência as passagens.
* valores para outubro de 2024 para duas pessoas
Mergulho na ilha de Mabul
Viajar para o Sudeste Asiático é ficar tentado a entrar para o mundo do mergulho com tanque –pelo menos foi assim com a gente. Nos países com acesso ao mar (ou seja, quase todos), os principais atrativos acabam sempre passando pelo mergulho, seja de tanque ou com snorkel.
Depois de descobrirmos que a ilha de Mabul, em Bornéu, era um desses points, fomos atrás dos preços, já que estávamos lá vindos do Brunei, após uma jornada de barco e ônibus que nos levou a Kota Kinabalu.
Apesar de ser a maior cidade da Malásia em Bornéu, só estivemos lá de passagem, pois nosso destino era Semporna —o ônibus custa RM 20 (R$ 26,50) por pessoa—, de onde partem os barcos para Mabul e Sipadan. Para a nossa estreia no mergulho com tanque, encontramos duas opções econômicas: Mabul Backpackers e Sphere Divers.
O Mabul Backpackers oferece pacotes que vão desde RM 480 (R$ 636) a RM 2.510 (R$ 3.324,50), por pessoa, que incluem três refeições, o barco de ida e volta e todo o equipamento. O que muda nessa ampla faixa de preço é o tipo de quarto em que vai se hospedar (dormitório, individual, com vista para o mar etc.), quantos dias vai ficar e quantos mergulhos quer fazer.
Mas atenção! Esses preços são para mergulhadores certificados. Devido uma chata falha de comunicação, descobrimos isso já estando em Mabul, e aceitamos os três mergulhos “Discover Scuba Diving”, a opção para quem não é certificado, que ofereceram com desconto. O preço normal é RM 240 (R$ 318) por mergulho.
Se você quiser obter seu certificado de Open Water Diver (Mergulhador de Águas Abertas) lá, também é possível. Nesse caso, o curso sai RM 1.510 (R$ 2000) por pessoa, no pacote mais barato –ou seja, uma cama em dormitório–, também com toda alimentação e equipamento incluídos.
No Sphere Divers, o curso é de, no mínimo, três noites e quatro dias, e o pacote sai RM 2.232 (R$ 2.956,50) por pessoa, em um quarto twin com banheiro compartilhado e apenas café da manhã.
Não pegamos dias de muito sol por lá, mas recomendamos com certeza a experiência de mergulho. O mar é lindo, e vimos muitos peixes diferentes, até um que se camufla, e algumas tartarugas bem pacíficas, na delas. Saímos com vontade de obter nossa certificação.







Já se você não tem a intenção de mergulhar, Mabul pode não ser tão atrativa. Há alguns resorts para ficar à beira da praia ou para fazer snorkeling (mas é preciso pagar se não estiver hospedado), e normalmente as hospedagens –construídas sobre palafitas, pois a maré varia muito– oferecem alimentação, pois não há muitos restaurantes.
Depois de três dias descobrindo o mergulho com tanque, regressamos a Semporna e depois a Kota Kinabalu para pegar um voo até nosso próximo destino: Singapura.
A cosmopolita Kuala Lumpur
Após alguns dias na cidade-Estado de Singapura, voltamos à Malásia, desta vez por ônibus. Tivemos um pequeno enrosco envolvendo nosso certificado de vacinação contra a febre amarela, na fronteira, e, resolvida a situação, entramos na enorme Johor Bahru. Com o histórico africano de chegarmos a tanto vilarejo na borda dos países, demos de cara com a segunda maior cidade malásia.
Ficamos apenas uma noite por lá, já que nosso objetivo era pegar um trem matinal (RM 50/R$ 66,50) para a capital. Quando descobrimos que o ônibus era mais barato (RM 30/R$ 40), mudamos os planos.
Em Kuala Lumpur, nos hospedamos no hotel Red M101 By Oak Tree, onde o espaçoso quarto (RM 107,40/R$ 143) tinha até uma mesa com abajur e cadeira de escritório, algo que não víamos há tempos.
Ele fica em Kampung, uma região com vários restaurantes e cafés moderninhos e outros bem locais, um incentivo a provar a culinária de várias origens. Não muito distante do hotel está uma das mais famosas atrações malásias, as Petronas Towers (ou KLCC Twin Towers), dois prédios gêmeos que, até 2004, formavam o edifício mais alto do mundo. Atualmente, o título está com o emirático Burj Khalifa, em Dubai. Há passeios para subir na construção e ver a paisagem lá do alto, mas não nos animamos.







A capital malásia conta com um amplo sistema de transporte público, mas não conseguimos nos entender com a diferença entre MRT, LRT, ERL KTM e BRT. Nos guiamos fortemente pelo Google Maps e deu certo em todas as tentativas. Mas é bom ter dinheiro vivo para pagar, nas máquinas, por fichas eletrônicas, como eram antigamente alguns ônibus no Brasil —os valores variam de acordo com a distância percorrida. Assim, você passa a moeda em uma catraca, que libera a passagem, e enfia na catraca da estação de saída.
Usamos o transporte público para irmos ao Museu Nacional, onde aprendemos mais sobre a história do território. Lá, vimos como a nação foi formada por sultanatos, que até hoje perduram, a depender da região. Inclusive, o governante da nação é eleito, a cada 5 anos ou quando a cadeira fica vaga, entre os líderes de 9 dos 13 estados. Como em 7 deles há sultões, é comum que a Malásia seja gerida por um sultão, mesmo que não seja um sultanato.
Com o acervo do prédio, aprendemos sobre a importância do Sultanato de Malaca para a região e como os europeus invadiram o território. Primeiro, os portugueses, em 1511; depois, os neerlandeses, em 1641; e, por fim, os britânicos, em 1786, que ficaram por ali até o século 20. Assim como na vizinha Singapura, o Reino Unido deixou o poder com a chegada dos japoneses, durante a Segunda Guerra. A independência, de fato, veio só em 1957.
Uma atração bastante conhecida da Malásia é Batu Caves, um grande monte com uma estátua de mais de 40 metros de altura e templos hindus na base e nas cavernas do topo —uma longa e colorida escada leva até lá.









Para quem gosta de observar detalhes, é uma perdição esse programa, porque as construções e as paredes internas das cavernas guardam muitas particularidades. O bom é que o lugar, além de gratuito, fica a poucos quilômetros do centro de Kuala Lumpur, o que torna o transporte público uma opção viável. E foi com esse passeio contemplativo que finalizamos nossos agradáveis dias na Malásia.















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