O pequeno Laos tem uma característica que o diferencia bastante dos vizinhos do Sudeste Asiático: não tem litoral. Isso, todavia, não o torna um destino a não ser visitado, pois há muitos passeios interessantes pelo interior —as belas cachoeiras que o digam. Viajamos de norte a sul e nos encantamos pela nação socialista e seu povo simpático.
Informações práticas*:
- Média hospedagem: ₭ 457.500 (R$ 133,50)
- Média café da manhã: ₭ 134.500 (R$ 40)
- Média almoço: ₭ 132.500 (R$ 38,50)
- Média jantar: ₭ 200.000 (R$ 57)
- Visto: brasileiros precisam de visto
- Moeda: kip laosiano (R$ 1 = ₭ 3461)
- Dica: As cidades têm uma boa oferta de ATMs e bancos, e as taxas variam bastante. A partir de nossos testes, avaliamos que a melhor opção é o Indochina Bank, pois cobra ₭ 40 mil e tem limite de ₭ 3 milhões por saque. O BCEL ficou em segundo lugar no nosso ranking, com taxa de ₭ 30 mil num saque de até ₭ 2 milhões.
* valores para dezembro de 2024 para duas pessoas
Já na entrada no território laosiano fizemos algo bem inusual para nós, ao passarmos dois dias navegando pelo rio Mekong. Compramos um pacote (฿ 2.400/R$ 415) que incluía uma van de Chiang Mai, no norte da Tailândia, até a fronteira, com direito a almoço em frente ao Templo Branco, em Chiang Rai. Após ingressarmos no Laos, dormimos em Huay Xai —essa hospedagem estava embutida no valor.
No segundo dia de viagem, subimos num grande barco, com mais uns cem estrangeiros, e navegamos por sete horas e meia até Pakbeng, onde pernoitamos. Na manhã seguinte, entramos em outra embarcação, com o mesmo grupo, e ficamos mais oito horas admirando a paisagem e a vida local até chegarmos a Luang Prabang.

















A cidade, no norte do Laos, é um dos destinos consagrados entre os mochileiros, pela grande oferta de passeios na região. As cachoeiras de Kuang Si, por exemplo, ficam a menos de uma hora de lá. No complexo (₭ 60 mil/R$ 17), além de belas quedas d’água, onde é possível nadar —apesar de ter muitos turistas ali, poucos se aventuraram na água gelada—, há um santuário com ursos-negros-asiáticos, alvo de tráfico animal.
Assim como na vizinha Tailândia, agências laosianas oferecem ida a santuários de elefantes, com direito a banho nos animais. Há um grande debate ético sobre o turismo envolvendo esse tipo de passeio e a responsabilidade ambiental dos empreendimentos. Por isso é importante pesquisar bastante antes de visitar um desses lugares. Preferimos não ir a nenhum para não cairmos em armadilhas.
Luang Prabang, como muitas cidades do Sudeste Asiático, tem uma pujante feira noturna, com barracas vendendo de artesanato a roupas, além de uma área destinada a comida, onde, naturalmente, pode-se encontrar pratos ou porções a preços baixos. Também vimos muitas cafeterias, com bons cafés e rápido Wi-Fi.












De lá, pegamos uma van para a capital, Vienciana. No caminho está Vang Vieng, outro destino famoso no meio mochileiro —em questão de minutos, vimos várias camionetes com turistas e caiaques na caçamba—, mas que deixamos para uma próxima visita ao país.
A capital, com mais de 550 mil habitantes, tem ares de cidades do interior brasileiro. Há pouquíssimos prédios com mais de seis andares, e é possível visitar as atrações, concentradas no centro, a pé.
Na avenida Lane Xang, por exemplo, estão o Palácio Presidencial e o Patuxay, monumento dedicado aos laosianos que lutaram por sua independência da França, país que colonizou no fim do século 19 a Indochina, região que abarcou também Camboja e Vietnã. Os europeus deixaram o lugar definitivamente em 1953 —o Laos chegou a ser invadido pelo Japão na Segunda Guerra e, após a derrota nipônica no fim do conflito, voltou a ser ocupado pelos franceses. Curiosamente, a construção lembra bastante o Arco do Triunfo, em Paris.
Por falar em história, o país foi palco, de 1959 a 1975, de uma guerra civil entre monarquistas —afinal de contas, era o Reino do Laos desde 1947— e comunistas. Estes venceram o conflito e desde então governam a nação por meio do Partido Popular Revolucionário do Laos.
A capital também abriga o Centro de Informações ao Visitante MAG e o Centro de Visitantes Cope, dois prédios que abordam um triste fato envolvendo o Laos: o de país mais bombardeado do mundo.












O que explica isso é que, durante a Guerra do Vietnã, de 1959 a 1975, os militares comunistas da porção norte da nação vizinha usavam a estrada de Ho Chi Minh, no território laosiano, para invadir a parte do sul. Para conter o movimento, aviões dos Estados Unidos lançaram ao menos 270 milhões de bombas de fragmentação, o que equivale a uma bomba a cada oito minutos por 24 horas durante nove anos.
Muitas munições não explodiram na queda e estão escondidas até hoje, gerando incontáveis acidentes quando são encontradas por agricultores. Enquanto a ONG MAG trabalha na desativação desses explosivos, o Cope atua com reabilitação das pessoas atingidas.
Apesar de ser um país marxista-leninista, o Laos tem 64% de sua população seguindo o budismo, o que justifica o tanto de templo espalhado pelo território. Em Vienciana, visitamos o Wat That Khao, onde está um enorme Buda reclinado, e o Wat Sisaket, que abriga mais de seis mil réplicas de Buda. O lugar, inclusive, foi o único lugar religioso que restou em pé durante a invasão tailandesa, em 1828.










Da capital, pegamos um ônibus noturno (sleeping bus) para Pakse, no sul. Foi nossa primeira viagem num veículo com camas, em vez de poltronas. Para quem foi noite adentro em uma van com som alto no Quênia, essa experiência laosiana pareceu uma lua de mel pela Suíça —baseado em acontecimentos reais.
A terceira maior cidade do país, com cerca de 90 mil habitantes, foi nossa parada estratégica antes de cruzarmos a fronteira com o Camboja. Até planejávamos perambular pelo lugar, mas o cansaço de muitos dias de passeios e estrada pesou no corpo dos 30+ aqui.
Na agência onde compramos a passagem da van para Siem Reap, no vizinho cambojano, vimos que há vários passeios de moto para explorar a região. A experiência ficou para uma próxima visita, que pretendemos fazer um dia, já que a simpatia do povo e a baixa concentração de turistas, quando comparamos com a Tailândia, tornam o Laos um destino a se voltar várias vezes.















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