As fronteiras da Ásia Central são, para dizer o mínimo, complicadas. Pensadas para serem divisas das repúblicas da União Soviética, o desenho intrincado que se mantém até hoje se torna um desafio para quem quer cruzar de um país para o outro. Adicione a isso o fato de Uzbequistão e Quirguistão terem assinado um tratado delimitando seus territórios de vez apenas em 2022 e, pronto, a aventura está feita.
Assim, para sair de Tashkent, capital uzbeque, e chegar a Bishkek, capital quirguiz, precisamos fazer um desvio entrando no Cazaquistão (incrivelmente, este é o caminho mais rápido). Isso significa muitas horas na fronteira e mais carimbos no passaporte —uma preocupação comum para quem viaja o mundo.
Partimos num ônibus noturno (so’m 295 mil/R$ 134,50) às 20h da rodoviária de Tashkent e em uma hora estávamos na fronteira. Em 30 minutos tínhamos saído do Uzbequistão, sem nenhuma pergunta nem o pedido do papel de registro nos hotéis (é sempre bom ter em mãos, então peça para ao menos uma hospedagem agilizar isso), e entrado no Cazaquistão.
Houve alguns questionamentos ao Faraó, que sempre vai primeiro por falar russo. O agente quis saber se ele falava o idioma, o destino e se era a primeira vez no país. Ao saber que sim, desejou efusivas boas-vindas e liberou. Para mim, nenhuma pergunta. Algo comum nos dois prédios da fronteira é a necessidade de passar as bagagens por um raio-x, mas a sensação é a de que ninguém presta muita atenção.
Ou seja, 21h30 estávamos liberados, tranquilos por termos sido céleres. Logo, não seríamos abandonados pelo ônibus, um medo que temos desde a passagem da África do Sul para Moçambique. Uma pena que o ônibus não tenha sido tão rápido assim e só tenha chegado à 1h para seguirmos viagem. Ao menos fizemos amizade com duas estrangeiras, uma de Singapura e outra da Malásia, que seguiam pelo mesmo trajeto.
Foram oito horas até chegarmos à fronteira com o Quirguistão, às 9h. Mais uma vez a saída foi sem perguntas, mais uma vez passamos por máquinas de raio-x sem muita supervisão e mais uma vez tivemos uma entrada tranquila. O agente quirguiz nada perguntou para o Faraó e apenas checou se brasileiro precisava de visto em uma tabela impressa e plastificada (não precisa).
Já para mim, que dei um sonoro “oi” em russo (zdrastvuytie, uma das poucas palavras que sei), ele perguntou se eu entendia russo. Deduzi o que ele falava a partir do meu rudimentar conhecimento e soltei um niet, com sorriso amarelo. Liberada sem mais sustos.
A fronteira parecia ainda fechada para veículos e, com a expectativa de ter que aguardar mais não sei quantas horas pelo ônibus, os passageiros locais se organizaram para fretar uma van, na qual também embarcamos nós e as moças do Sudeste Asiático (157,50 soms quirguiz/R$ 11,50).
Em pouco mais de uma hora estávamos em uma das rodoviárias de Bishkek (que mal parecia ter qualquer construção), onde subimos em um ônibus urbano, indicado pela hospedagem. Pagamos os 20 soms (R$ 1,50) por pessoa ao simpático motorista e partimos para a nossa hospedagem. Assim começava a nossa aventura pelo terceiro país da Ásia Central.















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