A Geórgia tem um ótimo conceito na comunidade viajante, e tantos elogios nos fizeram ansiar por chegar ao país. De fato, ele merece o carinho. Adoramos a capital, Tbilisi, e exploramos o interior com um carro alugado, o que nos permitiu visitar algumas vinícolas e locais históricos, como o museu dedicado a Josef Stalin e sanatórios soviéticos abandonados, um desejo antigo do Faraó.
Informações práticas*:
- Média hospedagem: 101,50 ₾ (R$ 220,50)
- Média almoço: 47 ₾ (R$ 102)
- Média jantar: 31 ₾ (R$ 66,50)
- Visto: brasileiros não precisam de visto
- Moeda: lari (R$ 1 = ₾ 0,46)
- Dica: Alugamos o carro pelo Local Rent, e nos pareceu ser um Airbnb de veículos. Ao retirarmos o automóvel, num endereço bem distante do centro, um homem fardado, que parecia estar no horário de trabalho, entregou as chaves e pegou o dinheiro vivo. Para devolver, encontramos o mesmo sujeito, agora com roupas civis, num endereço mais central. Ele não cobrou a taxa de lavação e apontou que havíamos recebido uma multa por não termos feito uma conversão obrigatória. O interessante é que ele entrou num site e mostrou o vídeo da nossa contravenção, com dia e horário condizentes com a nossa viagem.
* valores para junho de 2025 para duas pessoas
Na capital e maior cidade do território, onde vive um terço da população georgiana, ficamos num hotel perto da importante e central avenida Rustaveli. Enquanto ela é plana e agradável de se passear, o entorno é cheio de morros, e tínhamos que subir um tanto para nossa hospedagem. Pelo menos o café da manhã tinha uma vista panorâmica.





















A avenida Rustaveli, além de ser o endereço de restaurantes e cafeterias —adotamos a Chika como escritório, pois há uma área voltada a quem está com notebooks—, abriga o Teatro de Ópera e Balé, o Parlamento, a Galeria Nacional e o Museu Nacional.
Nesse último (40 ₾/R$ 85,50), animais empalhados apresentam a fauna georgiana, enquanto pinturas e artefatos mostram um pouco da história do território, que fez parte de vários impérios, como o Mongol, o Otomano, o Persa e o Russo.
A Geórgia chegou a ser independente por três anos, e há uma sombria ala dedicada ao período em que o país fez parte da União Soviética, de 1921 a 1991, com relatos e imagens de como as tentativas de resistência foram violentamente controladas.
Seguindo pela avenida Rustaveli, chega-se à Praça da Liberdade, uma enorme rotatória, e à cidade antiga, uma região bem arborizada e com várias lojas de suvenir, assim como restaurantes típicos. É possível saborear o khachapuri, um dos mais famosos pratos georgianos, em vários lugares por ali.
De carro pelo interior da Geórgia
Assim como no norte do Cazaquistão, alugamos um carro para explorar o interior da Geórgia. E foi uma sábia decisão, pois pudemos ver de perto paisagens deslumbrantes e prédios históricos.
Aproveitamos o carro para fazer um bate e volta para Kakheti, no leste, que concentra diversas vinícolas. Se você for a esmo, será difícil escolher, pois as placas indicando os locais de produção parecem ser infinitas —são mais de 3.000 empresas registradas e 49 mil hectares, segundo o site Wines Georgia.
O país tem uvas exclusivas, como a líder do país, saperavi, de vinho tinto, mas são mais de 500 espécies locais. A tradição da produção é antiga —mesmo. Há registros de 6.000 AEC (antes da era comum) do plantio de uvas e do método de fabricação artesanal, que consistia em enterrar um jarro de cerâmica para a fermentação.






Aprendemos um pouco sobre essa história na visita à cave da Khareba, em Kvareli, um complexo de 7,7 km de túneis, construídos ainda na era soviética. Outra particularidade da produção georgiana é o fato de fermentar a uva com folhas, galhos, semente e casca, o que dá mais consistência e encorpa o vinho, além de deixar o vinho branco com uma cor âmbar única.
Lá a Pati já fez uma degustação (30 ₾/R$ 64) de três vinhos, acompanhados de queijo, pão e azeite feito a partir da semente da uva. Até tentamos almoçar no restaurante local, porém havia uma reserva para um grande grupo. Comemos um shawarma no caminho, mas poderíamos ter almoçado na segunda vinícola do dia, a Giuaani.
O local tem quartos a US$ 100 na alta temporada, restaurante e, claro, o tour com degustação (35 ₾/R$ 75). Lá, foram quatro produções locais a serem provadas, além da chacha, um destilado forte, que lembra a grappa italiana. Tudo acompanhado de uma tábua de queijos locais e churchkhela, um doce de nozes com gelatina de uva.
No segundo dia, partimos em direção a oeste e paramos em Mtskheta, a antiga capital do país, para tomar um café e passear pela Catedral Svetitskhoveli.






De lá, rumamos para Gori, a cidade-natal de Josef Stalin, o longevo governante da União Soviética (1924-1953). O museu dedicado a ele (30 ₾/R$ 64) abriga algumas de suas poucas e remanescentes estátuas e conta, por meio de muitas fotos e pinturas, a trajetória do homem responsável por controlar com mão de ferro o território. Durante sua gestão, os gulags, campos de trabalho forçado, tiveram um crescimento exponencial e foram palco de centenas de milhares de mortes.
Dormimos em Chiatura e no dia seguinte dirigimos até Khvanchkara, passando pela estrada mais linda e sinuosa que vimos, cercada de paredões. Vimos os pilares Sairme e fomos à Piscina Secreta, um reservatório que aproveita uma das muitas quedas d’água da região. Não entramos lá, mas a vista panorâmica valeu a visita.









Na sequência, partimos para Tskaltubo, uma charmosa cidade que abriga muitos sanatórios, os spas da época da União Soviética, abandonados. O Faraó adora ver vídeos nas redes sociais sobre lugares antigos e em desuso e se esbaldou ali.
Um dos prédios que visitamos é central, a uma caminhada de restaurantes, e totalmente aberto, sem cerca ou muro. Nos cômodos vazios, muitos restos de reboco. Do lado de fora, a grama era bem aparada, o que mostra que o governo tenta manter o lugar bem cuidado.















Fomos a outro mais afastado, mas com um intenso ir e vir de curiosos. Exploramos mais esse e andamos pelas escadas sem corrimão, observando como as árvores tomaram conta do lugar. O andar subterrâneo, totalmente escuro e com um grande vazamento d’água, era aterrorizante.
Também tentamos ir à datcha —casa de veraneio comum na Rússia— de Stalin, mas essa estava com os portões fechados. O interessante é que não encontramos sujeira nos prédios que visitamos, apenas o resquício de tempos melhores. Há uma proposta de reavivar essas construções faraônicas, o que deve consumir muito dinheiro e colocar a cidade na rota dos turistas. Quem sabe um motivo a mais para você ir à Geórgia?















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