Dos três países do Cáucaso —Azerbaijão, Geórgia e Armênia—, este foi o que menos exploramos, mas isso não impediu de termos uma boa impressão de sua capital, Ierevan. A simpatia das pessoas e o movimento das ruas nos deu vontade de ficar mais e viajar pelo interior.
Informações práticas*:
- Média hospedagem: ֏ 10 mil (R$ 150)
- Média almoço: ֏ 6.880 (R$ 103,50)
- Média jantar: ֏ 5.805 (R$ 87)
- Visto: brasileiros não precisam de visto
- Moeda: dram (R$ 1 = ֏ 0,02)
- Dica: Como o metrô não abrange muito da capital, é bom prestar atenção onde se hospedar, para seu dia não envolver muita caminhada até as estações.
* valores para junho de 2025 para duas pessoas


Por causa dos preços dos hotéis mais centrais, nos hospedamos num endereço mais afastado, o Santorini Hostel, com dormitórios e quartos privativos (֏ 10 mil/R$ 150). O que a senhora que gerencia o lugar não falava de inglês, esbanjava em simpatia. Quando a comunicação em russo com o Faraó não dava certo, ela apelava para algum hóspede como intérprete.
Um dos motivos para escolhermos essa hospedagem foi a proximidade com o metrô, um sistema público que adoramos e adotamos no dia a dia. Mas, mesmo que Ierevan tenha cerca de 1,1 milhão de habitantes —um terço da população armênia—, a malha ferroviária não é tão vasta: são apenas dez estações e 13 km de extensão. Isso afetou nossos passeios pela capital.
O centro é pujante, e vimos muita gente circulando por lojas, restaurantes e cafeterias —batemos ponto diariamente no Ground Zero, um lugar voltado a quem gosta de trabalhar com uma xícara de café do lado, tamanha a quantidade de pessoas com notebooks.




Não muito longe está a agradável Praça da Liberdade, com vários bancos em volta do lago artificial —é preciso ser forte para não se jogar ali numa tarde quente de junho. Ela fica numa das pontas da movimentada avenida Northern, uma via destinada a pedestres.
Por ali também está a monumental Cascata de Ierevan, uma enorme escadaria com quase 600 degraus que abriga o Museu de Artes Cafesjian, vários jardins e esculturas. Haja fôlego para chegar ao topo e ter uma vista ampla da cidade. Na base desse complexo, pode-se aproveitar os bancos para descansar e ver a vida passar.
Assim como seus vizinhos do Cáucaso, a Armênia fez parte da União Soviética, de 1920 a 1991, quando obteve sua segunda independência. A herança desse período pode ser vista pela capital, na arquitetura e nos monumentos, como o da Mãe Armênia, no Parque da Vitória, que fica no topo da Cascata. Essa enorme estátua substituiu, na década de 1960, a do líder soviético Josef Stalin —restaram poucas dele pelo mundo, e a maioria está na georgiana Gori, sua cidade-natal.




Outro fato histórico eternizado em Ierevan é o genocídio armênio, no gratuito Complexo Memorial Tsitsernakaberd —infelizmente, é preciso caminhar bastante para chegar lá a partir do metrô. Com vários painéis e imagens, o prédio aborda o período em que, segundo estimativas conservadoras, entre 600 mil e 1 milhão de pessoas foram mortas pelo governo da Turquia.
Durante a Primeira Guerra, o governo turco instituiu uma deportação em massa dos armênios que viviam em seu território, o que gerou o extermínio de cerca de 90% dessa etnia.




Esse fato é um dos motivos de a fronteira entre Armênia e Turquia estar fechada até hoje. A principal razão, porém, é que os turcos apoiaram o Azerbaijão na primeira guerra de Nagorno-Karabakh, no início dos anos 1990. Essa região está dentro do território azerbaijano, mas a maior parte de sua população é armênia. A luta por independência gerou o confronto armado e aumentou as tensões no Cáucaso.
Mesmo com esses conflitos com os vizinhos, o cotidiano em Ierevan pareceu ser bem tranquilo. Quem sabe não voltamos um dia para aproveitar mais as mesas de restaurantes e cafés nas calçadas?















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