Largar tudo pra ficar viajando é uma ideia que muita gente tem, principalmente no estressante dia a dia. Mas colocar em prática esse sonho demanda uma série de coisas: planejamento financeiro, vontade, desapego e uma boa dose de privilégios —afinal, sabemos que toda uma história favorece ou não essa decisão.
A história desta viagem —e de tudo que ela envolve, inclusive este site— começa basicamente como qualquer outra: e se? O comum, depois disso, seria escolher um destino, talvez EUA, Indonésia, Egito ou França, definir uma data, provavelmente durante as férias, estipular um orçamento e começar o planejamento (compra de passagens, reserva de hospedagens etc.). Aqui não foi muito diferente, exceto que as proporções aumentam.

Pesou também na decisão uma insatisfação nossa com a situação no emprego (dentro de um jornal, setor eternamente em crise) e as perspectivas que tínhamos para esse futuro, além do contexto social e político brasileiro. Para nós, isso não seria o suficiente –afinal, quantas pessoas não se encontram nessa situação? Entra então uma grande vontade nossa de conhecer lugares, pessoas e culturas. Assim, em 2015, decidimos o nosso “e se” e começamos a pensar na nossa volta ao mundo.
Foi uma longa conversa sobre duração (5 anos? 2 anos? uma vida inteira?), trajeto, até hoje em aberto, a quais países iríamos (não, dificilmente iremos para Tonga, Tuvalu e Vanuatu), se e com o que trabalharíamos na estrada, o orçamento da viagem toda…
Passamos a acompanhar nas redes sociais vários viajantes com o mesmo estilo que o nosso, investimos em livros, filmes e podcasts para nos informar e, após inúmeras pesquisas na internet, estipulamos um orçamento diário de US$ 75 para nós dois, tendo em vista tanto gastos cotidianos quanto deslocamentos e seguro de saúde, por exemplo.

Para a duração, definimos três anos divididos em três temporadas, com intervalos entre elas para visitar famílias e amigos e dar um refresco para o cotidiano de intensas tomadas de decisões, que já começaram na preparação.
Pensamos desde qual mochila escolher, o que vamos colocar nelas, quais vistos serão necessários —e quando podemos obtê-los—, quais as precauções de saúde necessárias e, o principal, guardar dinheiro. Essas decisões estão diretamente ligadas ao roteiro da viagem, o que leva a mais uma escolha.
Decidimos, então, começar logo de cara pela África, um continente que demanda mais empenho do viajante, já que há menos informações disponíveis, mais conflitos e menos infraestrutura de turismo. Para um mochileiro estreante, a região pode trazer mais desafios. Nós, porém, já fizemos dois mochilões cada pela Europa e pela América do Sul, o que nos proporciona mais experiência nesse estilo de viagem.

Em um trabalho que já dura anos, temos debatido o que vem depois. Na primeira temporada, ficou África e Oriente Médio; para a segunda, Ásia, Oceania e Américas; e a terceira, Europa —um descanso em um lugar já conhecido. A ordem dos países e onde começa e termina cada uma ainda pode variar. O que temos certo, hoje, é que partimos no dia 31 de outubro para a Tunísia e damos início à nossa jornada.
No meio dessa história teve, é claro, o nervosismo de contar para famílias e amigos, além de percalços em alguns momentos do planejamento (alô, Covid-19). Mas tudo isso iremos compartilhar em outros posts com vocês.















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