Cair na estrada sem data certa para voltar é realizar um sonho, mas também fazer escolhas. Nesta semana, começamos a nos despedir de família e amigos queridos e do nosso doguinho, o pug Café. E que momento difícil está sendo esse. Chegamos àquela fase de quase arrependimento de abrir mão da convivência com tanta gente querida.
Há seis anos, mesmo sabendo que um dia partiríamos, escolhemos ter um cachorro. A decisão foi ponderada exaustivamente –pegar e se apegar a um bichinho para depois viajar; com quem deixar durante esse tempo; ele estará lá quando voltarmos? Foram algumas das questões que levamos em consideração. Por outro lado, a Pati nunca tinha tido um doguinho, apesar de gostar muito, e o Faraó também é cachorreiro, mas já tinha convivido com os animais na infância.
Pesando tudo isso e mais um pouco, a balança pendeu para abrir nossos corações para o Café –nome escolhido antes mesmo de ele surgir. Por mais difícil que essa despedida tenha sido, não trocaríamos por nada todos os momentos que passamos com ele, em especial o seu apoio psicológico durante a pandemia.
Antes mesmo de compartilhar nossos planos com a família, começamos uma busca por quem seria o sortudo que ficaria com ele durante nossa viagem. Primeiramente, acionamos alguns amigos que já convivem com pugs –ô raça que precisa de atenção e cuidados. Depois, falamos com quem já tem um cachorro em casa, porque teria experiência e seu bichinho ganharia companhia –e não sentiria tanta falta após levarmos o nosso doguinho embora.
Por n motivos, os amigos que procuramos não toparam ficar com o Café. Sabemos que adotar um cachorro por cerca de três anos, se apegando a ele e depois dando tchau, não é fácil. Afinal de contas, estamos sentindo isso na pele agora.
No fim, optamos deixá-lo com a mãe do Faraó, que já teve vários cães e gosta da companhia do Café. Ela não foi a primeira escolha porque não queríamos dar trabalho, e o princeso –como também chamamos nossa ferinha, além de gordinho e burrico– demanda certa atenção. Como muitos pugs, ele tem problema de pele e volta e meia tem crises de coceira, ou seja, há todo um protocolo para seguir.
Café poderá fazer companhia em tempo integral durante o crochê da dona Cida e nos cuidados da casa, além de exercitar seu lado cão de guarda (alguns diriam que ele é fofoqueiro) ao latir no portão.
Por que não levar junto
“Ah, mas por que vocês não levam ele junto?” Seria a coisa mais legal do mundo, mas viajar com um doguinho não é tão simples assim. Há toda uma burocracia a mais –além das nossas vacinas, as dele, passaporte canino, em que países pode entrar, como viajar de avião com um focinho curto etc.– e, como vamos para regiões em que o clima é muito diferente daquele do Brasil, isso pode significar sofrimento para ele. Também vamos passar por regiões em que não há cultura de ter animais domésticos.
Por isso decidimos, como está explicado no post sobre nosso roteiro, levá-lo apenas na terceira temporada, que será pela Europa. O plano é viajar de motorhome, o que já facilita a questão da hospedagem com um pet. O clima também é mais ameno, e a burocracia não é tanta, por boa parte dos países fazerem parte de um bloco, a União Europeia.
E não se preocupem que também não largamos o cachorro assim do nada. Todos aqueles protocolos que precisa seguir por causa do seu problema de pele estão devidamente anotados, com toda a farmacinha equipada, além de camisetas com o nosso cheiro (Pati se acabou de chorar explicando para o Café que estava deixando para ele não sentir tanta saudade –acho que a ansiedade de separação pegou mais nela do que nele).
Também tivemos a sorte de encontrar a irmã do Café, a Helô das 3 Marias, que está sob o cuidado da Catarina e do Bruno, um casal de veterinários para lá de gente boa. Como eles atendem em casa, farão a aplicação da injeção do princeso a cada dois meses, aproveitando para dar aquele checkup. Além de, claro, serem uma segurança tanto para nós quanto para dona Cida acionar caso precise. Sem falar nos amigos e familiares, que formam uma ótima rede de apoio.
Como podem imaginar, esse texto foi escrito entre muitas lágrimas e pausas para nos recompormos. Mesmo com um arsenal de fotos e vídeos dele, e sabendo que o Café provavelmente está dormindo em algum dos muitos sofás da casa –assim como a Pati, ele adora se esparramar em um–, vai demorar até nos acostumarmos a viver sem ele. E nem queremos.





























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