GOSTA DE LEITURA DE VIAGEM? TEMOS LIVROS SOBRE ÁFRICA+ORIENTE MÉDIO E ÁSIA+OCEANIA

Timgad, a segunda Roma na Argélia


A expansão do Império Romano se faz presente em diferentes partes do Norte da Áfricajá contamos aqui sobre o incrível anfiteatro de El Djem, na Tunísia, que em nada perde para o Coliseu na capital italiana.

A Argélia também guarda seu pedaço de história desta época, e de forma extremamente bem preservada, em Timgad, a 35 km de Batna, no leste do país. Chamado de segunda Roma, o local começou a ser construído em 100 AEC, inicialmente com 12 hectares, mas se estabilizou em 90 hectares por volta de 100 EC.

A história de Timgad

A cidade foi concebida para abrigar os militares da terceira legião, formada em um acampamento a poucos quilômetros dali. Para garantir que eles permanecessem no local ao se aposentarem —e não se mudassem para Roma, onde integrariam o Senado e encheriam a cidade—, o Império ergueu, então, Timgad.

O que os romanos não contavam é que o local se expandiria de tal forma que ultrapassaria seu traçado original. As cidades romanas, tradicionalmente, possuíam dois eixos que ligavam as quatro portas direcionadas aos pontos cardeais: norte, sul, leste e oeste. Como Timgad cresceu demais e exigiu a construção de um fórum fora de seus muros, foi preciso deslocar um dos eixos e colocar uma quinta porta.

A cidade era dividida originalmente em quatro eixos

Além do fórum, também havia lá três mercados (o do Leste, o do Oeste e o de Sirius), latrinas públicas (onde ficava-se lado a lado para fazer as necessidades e também continuar as negociações), piscinas, templos, biblioteca, oficinas e as residências padronizadas com 20 m por 20 m. Há ainda um arco em homenagem ao imperador Trajano (98-117 EC), que viu a maior expansão do Império durante o seu reinado.

Toda essa rica história permaneceu escondida durante centenas de anos. Apenas no fim do século 19, após a invasão francesa, foi que os europeus localizaram a cidade e começaram a escavação, já que somente o arco de Trajano era visível (as colunas do fórum, como vemos hoje, foram reconstituídas).

Eles chegaram, inclusive, a construir o museu em cima de alguns escombros, já que acreditavam que a cidade crescia para um lado, quando, na verdade, o prédio estava sobre ela. Seu estado de conservação é tal que Timgad é a segunda maior cidade, após Roma, que tem o legado daquela época preservado.

A visita à cidade romana

As ruínas estavam no nosso radar após ler sobre elas no livro de Guilherme Canever, “Destinos Invisíveis”, e no blog do português Filipe Morato Gomes, o Alma de Viajante. Para nossa sorte, nosso anfitrião em Batna, Zinou Yahoui, também é guia turístico e conhece muito bem a região.

Guia experiente, Zinou nos explicou muito sobre a história de Timgad

Partimos por volta das 8h30 de Batna e em uma hora estávamos lá. O ingresso para o sítio arqueológico custa 130 dinares (R$ 5,43), assim como o do museu, que guarda inúmeros mosaicos que ornavam as casas da cidade antiga, assim como vasos e esculturas encontrados na região.

Como as ruínas são conservadas, o visitante consegue ver os muros dos prédios, entendendo a planta das casas e a organização da cidade. Um dos edifícios mais bem preservados é o teatro, onde ainda hoje é possível testar a acústica do local —há uma flecha no chão sinalizando onde a pessoa pode falar e escutar sua voz reverberar.

Flecha que sinaliza o local da melhor acústica no teatro

O prédio, que comporta até 3.600 pessoas, chegou a receber um festival anos atrás, mas a Unesco disse que, se houvesse ali um novo show, Timgad perderia o título de patrimônio mundial. Foi construída, então, uma réplica fora das ruínas.

A nossa experiência, no entanto, só foi rica graças à presença de Zinou, já que não há informações no local —o passeio com um guia dura cerca de duas horas.

Sem o acompanhamento de um profissional, andaríamos pelas ruas e entraríamos em um ou outro resquício de prédio, mas não saberíamos onde ficavam a latrina pública, os mercados ou a zona meretrícia, por exemplo.

Aviso sobre a região meretrícia

Bem relacionado, Zinou nos contou que está em contato com o Ministério de Turismo para implementar totens com QR Code, pelo meio do qual o visitante poderia acessar um mapa e informações históricas em vários idiomas.

Durante nosso passeio, vimos cerca de 30 visitantes —apenas dois, além de nós, pareciam de fora do continente. Como tem ônibus que liga Batna ao local, o número de visitantes poderia ser maior.

E, apesar de funcionários cuidarem da limpeza das ruínas, vimos muitas garrafas plásticas e outros itens jogados pelos cantos. É possível que tenham chegado ali pelo vento, mas pareciam estar havia muito tempo no local.

O sítio arqueológico não fica no meio do nada, então não se preocupe sobre levar água/comida. Há um hotel na entrada das ruínas, o Timgad Trajan, e a cidade tem restaurantes e mercadinhos.

Você conhece nossos livros?

Aventuras Sem Chaves – Parte 1

Uma jornada de 14,5 meses por 43 países de África e Oriente Médio contada em relatos e crônicas recheados de dicas e informações

456 páginas | lançado em mar.24 | Editora Comala | 1ª ed.

Aventuras Sem Chaves – Parte 2

A segunda etapa de uma volta ao mundo, passando por 34 países de Ásia e Oceania em 15,5 meses, ilustrada em belas imagens

436 páginas | lançado em dez.25 | Sem chaves | 1ª ed.


Dicas Sem chaves

Já pensou em receber dicas fresquinhas na sua caixa de e-mail toda semana? Inscreva-se na nossa newsletter e conte com informações de quem já viajou por mais de 70 países por África, Ásia e Oceania, além de outros 30 entre Europa e América! Por menos de R$ 3 por semana, receba um conteúdo informativo, participe de uma live mensal exclusiva e ainda ganhe desconto nos nossos produtos e serviços!


Uma resposta para “Timgad, a segunda Roma na Argélia”.

  1. Estou adorando acompanhar esses destinos nada comuns que estão percorrendo. Parabéns e obrigada pelo trabalho!

    Curtido por 1 pessoa

Deixar mensagem para Ana Luiza Cancelar resposta