A fronteira entre Serra Leoa e Libéria teve um pouco mais de burocracia do que as que atravessamos até agora, mas, em contrapartida, pudemos percorrer todo o percurso entre Bo e Monróvia em apenas um carro, sem ter que fazer baldeações. Isso é um luxo na África Ocidental, em que muitas vezes precisamos dividir uma viagem em vários trechos.
Para chegar a Bo, saímos da capital, Freetown, apertados em uma minivan —eram 2 passageiros no assento ao lado do motorista, mais 4 em cada um dos 2 bancos em que cabiam 3— por 90 leones (R$ 27) a vaga mais 15 leones (R$ 4,50) a bagagem. A estrada era boa assim como a que liga o país à Guiné, então levamos menos de 4 horas na viagem.

Como estávamos em Bureh Beach, em Freetown, bem longe da estação de onde saem os veículos, decidimos dividir o percurso até Monróvia em 2 dias, para não chegarmos tarde à fronteira e à capital liberiana. Em Bo, nos hospedamos no hotel Sahara por 250 leones (R$ 76). Hospedagem simples, mas com ar-condicionado, Wi-Fi e café da manhã.
O britânico James Smith, do Only by Land, site que usamos como guia nas travessias da África Ocidental, viajou de Bo até a fronteira e de lá pegou outro veículo para Monróvia. Nós conseguimos um six-places —carro velho com normalmente 2 passageiros no assento ao lado do motorista e outros 4 no de trás, mas, neste caso, o enorme liberiano da frente pagou o dobro para ficar sozinho— que fez tudo numa tacada só, por 300 leones (R$ 91). Pelas nossas contas, saiu um pouco mais caro, porém a praticidade falou mais alto.
Foram algumas barreiras até a fronteira, em que todos tínhamos que descer para apresentar os documentos. Facilitou a nossa vida que um dos colegas viajantes era um simpático oficial aposentado, o que acabava agilizando em algumas paradas.
Após duas horas de estrada, chegamos à fronteira. No lado da Serra Leoa, nosso táxi precisou descer uma íngreme estrada de terra —e o medo dele não dar conta e despencar ladeira abaixo?— para entrar num grande galpão. Enquanto isso, fizemos a rotina de praxe, de entregar os passaportes brasileiros e ter nossos dados anotados num caderno. Foi ali que um jovem nos abordou para trocar leones por dólares liberianos, a uma cotação fidedigna à do Google.
Finalizado o procedimento serra-leonês, hora de atravessar a pé uma grande ponte para o lado liberiano. Na primeira parada, apresentamos nossos certificados internacionais de vacinação contra a febre amarela e a Covid-19. Em seguida, mostramos os vistos para ganhar o carimbo de entrada.
Algo inédito foi abrir nossas mochilas para uma oficial inspecioná-las. Escutamos que há muitas mulheres trabalhando na polícia liberiana, mas, no fim, vimos mais agentes masculinos do que femininos por lá. Por causa dessa inspeção de bagagem, tivemos que esperar um tempo até o motorista apresentar tudo o que estava no carro. Ao menos há muitas barracas de comida no entorno. O difícil, porém, foi encontrar água gelada.
O trâmite burocrático de fronteira levou cerca de 40 minutos e, de lá até a capital, passamos ainda por algumas barreiras para mostrar documentos. Após 2h30 em boas estradas, chegamos ao congestionado Duala Market, em Monróvia. Como é mais afastado da rica e central Tubman boulevard, onde se concentram os caros hoteis, apelamos a um tuktuk e, mesmo assim, ainda levamos 1h10.















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