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A saga para obter o visto para a Costa do Marfim em 3 países da África Ocidental


O que você precisa saber

Embaixada em Brasília
SEN Avenida das Nações, Lote 9 – Brasília/DF
CEP: 70800-919
Telefones: +55 (61) 3321-5206 | +55 (61) 3321-4656 | +55 (61) 3321-7320
Emails: cotedivoire@cotedivoire.org.br | secretaria@cotedivoire.org.br | ambacotedivoire.bresil@yahoo.fr

Embaixada na Libéria
Warner avenue, próximo à esquina com a 17th street
Telefone: +231 77 838 4237 (WhatsApp)

Documentos necessários

Custo: US$ 80, pagos em espécie

* na época da nossa viagem, era preciso obter um outro documento para viajar por terra; como conseguimos de outra forma que não pela embaixada, exigiram a passagem aérea


Conseguir o visto para a Costa do Marfim não foi tarefa fácil. Nossa saga começou em Conacri, capital da Guiné, e só foi terminar em Monrovia, na Libéria, nossa última chance. Mas por que tão difícil? A resposta está em uma palavra bem francesa: burocracia.

Nós queríamos muito ir para lá. Eu tinha uma sensação de que iria gostar do país e realmente não estava nos meus planos pulá-lo. Faraó, tão teimoso quanto eu, também queria insistir. Por isso, não desistimos quando o representante da embaixada em Conacri nos disse que, de transporte público, não seria possível atravessar por terra.

O país havia fechado suas fronteiras em maio de 2020 devido à pandemia de Covid-19, e desde então elas estavam oficialmente fechadas —destaque no oficialmente. Isso não quer dizer que não seria possível atravessá-las por terra, apenas que seria necessário um documento a mais, chamado laissez-passer.

Normalmente, esse papel é uma formalidade exigida apenas para quem possui veículos, mas que estava sendo demandada de todos os viajantes por ser a única forma de controle de um país com fronteiras fechadas. Faz sentido para você? Também não faz para mim. Segundo o representante da embaixada, esse documento só é emitido para quem tem carro —o que não é verdade.

Deixamos para lá e seguimos em direção a Freetown, na Serra Leoa. Lá não há embaixada, mas um consulado. Já havíamos lido no grupo do Facebook West Africa Travellers que era possível obter o tal do laissez-passer mesmo viajando de transporte público, mas a representação ali só poderia emitir visto para quem entrasse de avião. Nos restou, então, a Libéria —e é aí que a dificuldade começa.

Chegamos em uma quinta-feira em Monrovia e deixamos a segunda seguinte reservada para ir à embaixada. Saímos cedo e demos de cara na porta —para o visto, só com hora marcada no WhatsApp. Nós queríamos obter informações também sobre o laissez-passer, mas era impossível falar cara a cara com alguém além do segurança.

No WhatsApp, a representante consular que respondia às mensagens passou a lista de documentação necessária incluindo uma reserva de passagem aérea. Expliquei que viajávamos por terra, e ela disse que não emitia visto sem ser via aérea. Insisti para tentar conversar e nada.

A única informação foi a de que, para obter o laissez-passer e o visto para viajar por terra, seria possível somente por meio de uma agência de viagens, mesmo os dois sendo emitidos pela própria embaixada. Mais uma vez: faz sentido para você? Também não faz para mim.

Fomos a uma agência indicada no aplicativo iOverlander. Primeiro, ele tentou nos dizer que o visto e o laissez-paser custavam para mais de US$ 200 (R$ 1.060) por pessoa, mas nós havíamos visto a tabela em frente à embaixada que dizia US$ 80 (R$ 424) o visto e US$ 30 (R$ 159) o laissez-passer. Ele confirmou com a agente consular —que passou o preço do laissez-passer como US$ 50 (R$ 265)— e “abateu” do valor total, que incluía ainda US$ 75 (R$ 398) de uma carta dele e U$ 95 (R$ 503) de uma carta do Ministério do Interior marfinense. Total da brincadeira: US$ 300 (R$ 1.590) por pessoa. Sem condições, pensávamos.

Acionamos a administradora daquele grupo do Facebook, Chloe, que havia falado sobre o laissez-passer para quem viaja de transporte público. Ela confirmou que era possível obter por lá, que era gratuito e que só haveria alguns custos para a ida de um contato dela a Abidjã (ela mora na região metropolitana, mas essa história se desenrola depois).

Tentamos ainda ver se era possível obter o visto por lá. Era, mas para isso seria necessário enviar nossos passaportes brasileiros pelo correio para alguém que nunca vimos na vida. Melhor não.

Nesse meio tempo, a agência de viagens nos procurou para perguntar se seguiríamos com o processo. Dissemos que estava muito caro, e ele questionou quanto estávamos dispostos a pagar. Nossa resposta: nada. Assim, ele baixou o custo das cartas para US$ 100 (R$ 530) por pessoa. Avisamos que faríamos o laissez-passer de outra forma e demos entrada no visto.

Mas justamente como faríamos o documento que nos permitia viajar por terra “por fora”, ele precisou reservar uma passagem aérea como parte do procedimento. Era só uma reserva, não compra, mas algo que poderíamos ter feito nós mesmos, como já fizemos para a Argélia.

Ter contratado a agência, no entanto, não foi completamente um desperdício. Com data marcada na embaixada, fomos dar entrada no procedimento. A agente consular foi muito rude. Ao apresentarmos o comprovante internacional da vacina contra a febre amarela, ela pediu o original —o original é a nossa carteira de vacinação amarelada totalmente em português, com tantas outras imunizações, que deixamos no Brasil.

Aquele comprovante, apesar de parecer uma cópia, é o original impresso, já que o 100% original está no computador, pois a emissão ocorre online. Como diz o Faraó, podemos até imprimir colorido, mas vai ser o mesmo documento. Foi o que explicamos para ela (exceto esta última parte), que aceitou relutantemente.

Passado isso, veio a saga do formulário. Nos entregou e mandou preencher fora da sala dela. Preenchemos, tiramos umas dúvidas com o cara da agência de turismo, e entregamos. Ela olhou, e mais uma vez de maneira ríspida nos indicou que isso está mal preenchido, que era para fazer assim ou assado —nem detalho aqui o quê, pois não vale a pena.

Corrigimos e voltamos. Para fechar a visita, ainda encrencaram que não éramos moradores da Libéria e que, para emitir o visto, era preciso ser de múltiplas entradas (não me perguntem o porquê) e ter uma carta do cara da agência de turismo que seria meio como um responsável por nós, algo que inglês chamam de sponsor. E foi por isso que o serviço contratado valeu a pena.

Feito isso, seguimos para o pagamento, no andar de cima. Os dois funcionários eram extremamente simpáticos, mas ainda assim saímos de lá nervosos. Isso era uma sexta-feira, e o visto ficaria pronto na terça.

Terça-feira estávamos de volta. A agente consular parecia outra. Nos atendeu rápido, com um sorriso e desejou boa viagem. Ficamos sem entender nada.

Fim… Mentira

O laissez-passer

O que é o laissez-passer? Resumidamente, é uma carta toda pomposa destinada ao ministro do Interior e da Segurança informando que você, viajante, vai entrar por um lugar, a partir de ou em uma data específica. Esse documento é carimbado pelo ministério e, nesta época que viajamos, levava até uma semana para chegar às fronteiras.

A Chloe fez a carta em seu nome, mas o contato que iria levá-la deu o cano. Ela acionou outra pessoa, que viu a questão do visto e também fez a carta —mas sem as datas. A partir daqui, falamos diretamente com esse contato, pois Chloe iria passar a semana fora.

Finalmente, em uma segunda-feira, a carta ficou pronta, com a data certa, só que também dizia quando iríamos sair, mas não por onde, o que exigiria a emissão de uma nova carta de saída.

Questionamos se tudo bem ter feito só na segunda, já que ela havia falado do prazo de uma semana e ali dizia que cruzaríamos na quinta-feira. Ele disse que tudo bem, e o valor do corre: 43.000 XOF (R$ 393). Estranhamos muito, pois o documento, em teoria, era gratuito e Chloe havia falado em pequenos custos de deslocamento —sem falar que ela já havia dado 10.000 XOF (R$ 91) adiantados.

Pagamos, pois dependíamos dessa pessoa. Mas depois, já em Abidjã, vimos o absurdo que foi, pois fomos nós mesmos emitir um laissez-passer de saída, com todas as informações corretas. Gastamos 2.500 XOF (R$ 22) de táxi para ir e 200 XOF (R$ 1,80) de impressão das duas cartas. O carimbo, de fato, era gratuito. Tudo bem que ainda teve o táxi da volta e ele foi duas vezes por causa do visto e da falta de data na primeira carta, mas daí a chegar a 43.000 XOF (R$ 393) é um pouco demais.

Para fechar com chave de ouro, precisamos reembolsar Chloe dos 5.000 XOF (R$ 46) que ela havia gastado com o primeiro contato, que deu o cano, e os 10.000 XOF (R$ 91) para este segundo. No fim, apenas para entrar na Costa do Marfim foram necessários US$ 180 (R$ 954) de visto e cartas na Libéria mais 29.000 XOF (R$ 263) por pessoa, um total de R$ 1.217, a documentação mais cara da viagem até agora.

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2 respostas para “A saga para obter o visto para a Costa do Marfim em 3 países da África Ocidental”.

  1. Atualização:
    Em fevereiro de 2024 a embaixada da Costa do Marfim na Monrovia NÃO ESTÁ MAIS EMITINDO VISTOS PARA TURISTAS. No mural continua o mesmo número de WhatsApp sugerindo que agendamento para vistos devem ser feitos através desse número, mas quando enviei uma mensagem solicitando informações disseram que a embaixada emite vistos apenas para estrangeiros residentes na Libéria que queiram ir à Costa do Marfim. Fui até a embaixada, expliquei que eu estava fazendo uma volta ao mundo a pé e se poderiam abrir uma exceção para mim. Levaram uma semana para dizerem NÃO.

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    1. Avatar de Patricia Pamplona e Wesley Faraó Klimpel
      Patricia Pamplona e Wesley Faraó Klimpel

      Que absurdo!!! Agradecemos imensamente a atualização!

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