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Animais no Kruger e Joanesburgo são atrações do leste da África do Sul


Inspirados com duas viagens de carro nas semanas anteriores, pelo sul da Namíbia com a alemã Katrin e pelo norte namibiano, Botsuana e oeste da África do Sul com o mineiro Henrique, alugamos outro veículo para visitar Essuatíni e desbravar com mais independência o Kruger, popular parque sul-africano com inúmeras espécies de animais selvagens. E, não muito longe dali, aproveitamos alguns dias de história em Joanesburgo, a maior cidade do país.


Informações práticas*:

  • Aluguel do carro: R1.146,50 (R$ 313,50) por dia**
  • Média hospedagem: R520,50 (R$ 141,50)
  • Média almoço: R124 (R$ 34,50)
  • Visto: não é necessário para brasileiros
  • Moeda: rand (R$ 1 = R3,68)
  • Dica: se possível, durma dentro do Kruger, já que os animais se concentram no interior do parque e não se perderia tanto tempo na locomoção

* valores para julho/agosto de 2023 para duas pessoas
** preço do carro alugado inclui devolução em outra cidade e cruzamento de fronteira


A nossa experiência no parque namibiano do Etosha nos ensinou que o melhor seria dormir dentro do Kruger, para aproveitar as primeiras e últimas horas de portões abertos, quando alguns animais ficam mais ativos –principalmente os felinos.

Entretanto, nos desacostumamos a atrações turísticas cheias, e assim achamos que seria mais fácil conseguir hospedagem dentro do Kruger. Queríamos ficar no Satara ou no Skukuza, campings nas regiões dos felinos, mas, como contatamos o parque 14 dias antes de nossa visita, esses dois complexos estavam sem vagas. Nos restou, então, ficar no Mopane, mais ao norte.

No nosso roteiro, a ida ao parque sul-africano vinha na sequência à visita a Essuatíni. Assim, passamos a noite no Kruger Allo B&B, em Komatipoort, uma cidade na fronteira entre África do Sul e Moçambique. Fomos recepcionados com muita simpatia e até uma bandeira do Brasil pelo casal Bern e Michelle, além de seus 3 cachorros. O local é aconchegante e o quarto, bem confortável –o farto café da manhã está incluso na diária (R475/R$ 137).

1º dia no Kruger

A hospedagem em Komatipoort fica a 10 km do portão Crocodile Bridge, por onde entramos no Kruger. Nem havíamos passado pela ponte e já avistamos hipopótamos e, obviamente, crocodilos. Um sinal de que valeria a pena pagar pelo ingresso (R306,50/R$ 91,50 para quem se hospeda no interior).

Da entrada ao Mopane são 250 km, que, numa estrada brasileira, seriam facilmente percorridos em 2 horas. Mas não numa reserva natural, onde elefantes e outros bichos costumam transitar de um lado para o outro. Como o objetivo era chegar ao destino às 17h30, quando fecharia o portão do camping, nos organizamos para aproveitar o dia nas estradas do caminho.

Nesse primeiro dia, avistamos inúmeros antílopes, zebras e até dois leões muito distantes de nós. O ponto alto, porém, foi quando uma manada de búfalos expulsou 2 elefantes de um rio. Até então, só havíamos visto búfalos à noite, no norte de Botsuana.

Nosso cottage, como são chamados chalés com cozinha e sala, não era dos melhores. O local tinha 3 quartos (um é suíte) com 2 camas de solteiro cada, além de um banheiro comum, sala e cozinha. E morcegos. Um cartaz na porta avisa que o animal não é perigoso, mas fica o medo, né? A facada foi grande (R2150,50/R$ 579,50), mas pelo menos dormimos dentro do parque.

2º dia no Kruger

Para o 2º dia, ficamos na dúvida entre explorar o norte do parque ou tentar mais uma vez a região dos felinos, mesmo que não tenhamos tido sucesso na véspera. Apostamos no repeteco e saímos do camping às 6h15 –o portão abria às 6h.

Nos embrenhamos por algumas estradas laterais e esbarramos em 13 girafas, a maior quantidade que avistamos. Durante a manhã e o início da tarde, encontramos algumas zebras, macacos e antílopes.

Tudo mudou por volta das 14h, quando notamos uma grande quantidade de carros parados –sinal de que há animais em volta. Eram 5 leoas, caminhando calmamente ao longe. Partimos quando já ficava difícil observá-las.

No regresso ao Mopane havia outro aglomeramento de carros, e o motivo era justíssimo: um leopardo estava no acostamento, em meio ao mato. Paramos e esperamos a figura aparecer.

O animal não só deu as caras como andou em meio aos veículos, atravessou a estrada algumas vezes e, após 1 hora, deitou numa pequena muralha, como um grande gato.

Preocupados com o fechamento do portão, às 18h (o horário muda de acordo com o mês), tivemos que deixar o bichano para trás. No fim, foi até bom termos estendido o período com o leopardo, já que tivemos outro encontro mais à frente.

Havia uma nova concentração de carros e, desta vez, o motivo era um grupo de leões. Mas chegamos atrasados e eles estavam andando no meio da floresta, onde mal os víamos.

A nossa sorte, porém, foi que um grande leão estava atrasado e, depois que todos os veículos partiram, ele surgiu para seguir seu grupo. Pudemos acompanhá-lo por vários minutos enquanto desfilava seu corpanzil pela estrada, com direito a inúmeras fotos e filmagens. O encontro nos fez chegar ao camping no limite do horário, às 17h50. Mas convenhamos que valeu a pena a correria.

3º dia no Kruger

Para o último dia do parque, entusiasmados com a quantidade de felinos que vimos na véspera, decidimos apostar novamente no sul do Kruger, principalmente na rota entre Satara e Skukuza e no trecho de lá até Lower Sabie, onde chitas e leões haviam sido avistados.

Desta vez fomos pontuais e deixamos o Mopane às 6h, mas, ao contrário dos primeiros dias, estava chovendo. A nossa sorte mudou quando encontramos ao acaso uma hiena, caminhando pela estrada. A espécie ainda era inédita para nós e, assim, ficamos mais próximos de completar o elenco de “O Rei Leão” –ainda falta o suricato.

Buscamos pelo grupo de leões que tínhamos visto no dia anterior, mas não o encontramos, muito menos o grande animal retardatário. Bola pra frente que ainda tínhamos estrada para percorrer.

Como sabíamos onde havíamos visto o leopardo, diminuímos a velocidade e procuramos por ele no meio da vegetação. Eis que ele estava ali, à nossa espera, no acostamento. Ok, o bicho estava era de olho em animais para seu café da manhã.

Éramos os primeiros a avistar o felino e ali ficamos. Por 2 horas vimos o leopardo cruzar a estrada por um túnel e também por cima, à vista de todos, cheirar os carros e até tentar abrir a porta de um deles.

Aprendemos a rastreá-lo enquanto se embrenhava no mato e acompanhamos sua caçada a galinhas de Angola e a 2 javalis –para tristeza do felino, todos escaparam.

Deixamos nosso amigo bichano para trás para buscar outros animais, mas acabamos não encontrando as 5 leoas da véspera. Chegamos a nos unir a carros parados e vimos a ponta da cabeça de um felino, sem descobrir qual era sua espécie. Uma chita? Um leopardo?

Durante nosso caminho para o Crocodile Bridge ainda encontramos elefantes, antílopes, búfalos e macacos. Mais uma vez aproveitamos o dia o máximo possível e chegamos ao portão de saída às 17h55, já na escuridão. Não seria desta vez que dormiríamos ao relento no Kruger. Como gostamos tanto do casal Bern e Michelle, voltamos à sua hospedagem em Komatipoort.

A cosmopolita Joanesburgo

Depois de dias intensos no Kruger, hora de voltar para a civilização –e foi aquela mudança drástica. Nosso último destino na África do Sul foi a cosmopolita Joanesburgo, que dependendo da esquina pode lembrar Nova York ou São Paulo.

Dividimos nosso tempo na cidade entre descansar dos dias intensos de estrada e visitar alguns dos seus marcos. Por ser uma cidade muito grande, acabamos ficando mais concentrados na região do CBD, local onde é preciso atenção, pois apenas uma parte foi revitalizada.

Escolhemos o Mapungubwe Apartments (R520,50/R$ 139), que fica na região mais segura. É um flat, com cozinha no apartamento e serviço de lavanderia, além de um ótimo Wi-Fi. O único pormenor é ter gerador apenas para horários específicos do dia, independentemente do horário marcado para o blecaute diário.

Dependendo da região em Joanesburgo, é possível se deliciar em cafés e restaurantes descolados. Fomos a Braamfontein Werf conhecer o Salvation Cafe e encontrar a Fifi, uma amiga da Pati. O local é charmoso, com bons preços e um ótimo cheesecake –o melhor da cidade, segundo o troféu mostrado pela garçonete. O complexo inclui ainda algumas lojas.

Também estivemos em Newtown, no Market Theatre, que mais lembra um shopping, mas com uma área externa bem agradável. Por lá, almoçamos no Capello, restaurante com diversas filiais espalhadas pela cidade e um bom lugar para comer massa ou carne.

A triste história do Apartheid

Por ser a maior cidade da África do Sul, não poderiam faltar museus que contassem a história do país, em especial o regime de separação racial que vigorou de 1948 a 1994. É bom se preparar para visitar os locais, pois as exposições são pesadas e descortinam um pouco do sofrimento que foi para a população negra.

O Museu do Apartheid (R150/R$ 41) oferece uma visita imersiva, com diversas imagens, placas e reproduções de celas da época do regime, além de uma exposição temporária sobre Nelson Mandela, o primeiro presidente negro do país. Já na entrada sente-se o clima do local, com uma porta para brancos e outra para não-brancos, que deve ser seguida de acordo com o bilhete de entrada.

A exibição principal poderia ser mais bem orientada com setas, pois ficamos um pouco perdidos no início, mas nada que atrapalhasse a visita como um todo.

Dentro da temática, também fomos ao Constitution Hill, um antigo complexo prisional que hoje abriga o Tribunal Constitucional da África do Sul e onde Mandela ficou preso por duas vezes (a prisão principal é a de Robben Island, perto da Cidade do Cabo). Há tours guiados de uma e duas horas –fizemos o primeiro (R120/R$ 32), que visita a prisão Number 4.

No complexo como um todo, a capacidade era para cerca de 900 detentos, mas chegou a abrigar mais de 2.000. O número assusta, mas quando negros eram presos por deixarem o passe que os identifica como negros em casa, a quantidade sobe facilmente.

O apartheid das ruas era reproduzido na prisão, com pavilhões diferentes segundo a raça, além da condições: enquanto um negro recebia dois colchonetes e três mantas, um branco ganhava ainda um colchão, um travesseiro, quatro lençóis e duas fronhas.

A comida também era diferente, e negros não recebiam itens como pão e café –a bebida estava entre os bônus de Natal. Além disso, quando em isolamento na solitária, o único alimento era a água do cozimento do arroz.

Em contraste a esse triste passado, a Corte Constitucional mostra o quanto o país evoluiu. A passagem é rápida, mas mostra a sala onde acontecem as decisões em sessões abertas ao público. Os juízes, por sua vez, são em 11, já que a África do Sul possui 11 idiomas oficiais.

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4 respostas para “Animais no Kruger e Joanesburgo são atrações do leste da África do Sul”.

  1. Avatar de Ângelo Medeiros
    Ângelo Medeiros

    No caso dos 11 juízes: são decisões colegiadas ou julga apenas aquele que fala/entende a língua do “cristão” ?

    Curtido por 1 pessoa

    1. Avatar de Wesley Faraó Klimpel
      Wesley Faraó Klimpel

      São decisões colegiadas, e o idioma comum adotado por eles é o inglês. De qualquer forma, há tradutores nos julgamentos para todos os idiomas da África do Sul.

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  2. Bom dia!
    Como ir de Skukuza para Jonesburgo de onibus?

    Curtido por 1 pessoa

    1. Avatar de Patricia Pamplona e Wesley Faraó Klimpel
      Patricia Pamplona e Wesley Faraó Klimpel

      Olá, Vilma! Apesar de haver muitos ônibus na África do Sul, não é possível entrar no Kruger com eles –o Skukuza fica dentro do parque. No caso de não puder/quiser alugar um carro, pode-se ir de ônibus até Komatipoort, perto de uma das entradas, e contratar um passeio de lá (acreditamos que de outras cidades que beiram o Kruger também ou até mesmo de Joanesburgo). Abraços, Pati e Faraó!

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