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Cara, Arábia Saudita atrai o viajante com modernidade, história e religião


A Arábia Saudita, o maior país do Oriente Médio, nos exigiu grandes deslocamentos para visitar importantes pontos turísticos, como Hegra e Gidá. Para a alegria do viajante, o turismo interno é bem desenvolvido e há uma boa infraestrutura nas grandes cidades e no interior. Isso não significa, porém, que é um destino barato. Afinal de contas, a nação facilitou a entrada de visitantes estrangeiros apenas em 2019 e, por ora, quem mais aproveita são os endinheirados.


Informações práticas*:
  • Média hospedagem: SAR 141,75 (R$ 197)
  • Média café da manhã: SAR 39,70 (R$ 53,50)
  • Média almoço: SAR 36 (R$ 48,50)
  • Média jantar: SAR 43 (R$ 57)
  • Visto: é necessário para brasileiros, inclusive com ida a embaixada. Como temos passaportes europeus, conseguimos tirar o documento na fronteira.
  • Moeda: rial saudita (R$ 1 = SAR 1,34)
  • Dica: Se você está viajando em duas pessoas ou mais, vale a pena pesquisar o aluguel de carro para viajar entre cidades, pois muitas vezes sai mais barato do que circular de ônibus.

* valores para dezembro de 2023 para duas pessoas


A moderna Riade

Riade é imensa, a tal ponto que levamos 1 hora de Uber entre a rodoviária, aonde chegamos após 22 horas de ônibus vindos de Amã, e nossa hospedagem, o Hostel Tuwaiq. Até onde sabemos, esse é o primeiro empreendimento do gênero na capital. E tem muito ainda a se adaptar ao viajante estrangeiro.

Ao chegar ao endereço, o primeiro desafio: encontrar o hostel. Os comerciantes da região não tinham a mínima ideia do que estávamos falando. Após entrar num prédio e subir as escadas, encontramos adesivos nas portas. Tocamos a campainha e um homem indicou o apartamento ao lado. Lá, um outro sujeito nos pediu para esperar, enquanto iria acordar o proprietário. Já falamos que era 11h da manhã?

O saudita, com sua cara de sono e vestido com um roupão, descobriu ali que tínhamos uma reserva, mesmo que ela fosse de dois dias antes. Havíamos escolhido o quarto misto mais barato (SAR 57,50/R$ 77 por pessoa), mas o proprietário nos disse que aquele apartamento era apenas para homens, e nos colocou em um mais caro, com divisórias nas camas, sem cobrar a mais. Outra diferença entre o oferecido pela internet e o que acontecia de fato presencialmente era a forma de pagamento: em vez de usarmos cartão, precisamos dar dinheiro em espécie.

As ruas em volta não eram nada promissoras, com muitos homens e nenhuma mulher nas calçadas e nos restaurantes. Assim, nos organizamos para ficar no hostel apenas uma noite e mudar de endereço na manhã seguinte. Ao menos dividimos quarto com um saudita muito gente boa, de Medina, qua trabalha numa locadora de carros e nos deu várias sugestões do que ver ou fazer na capital e no interior.

Migramos para o hotel Muhaidib, mais próximo do centro e bem mais caro (SAR 300,50/R$ 436) descobriríamos depois que é uma rede com várias filiais pela cidade e pelo país. O quarto não é muito grande, mas tem café da manhã. O único problema é que, dos 3 dias em que lá ficamos, em 2 precisamos esperar até vagar mesa pro desjejum. Pelo menos a região oferece muitos restaurantes, cafeterias e até um shopping.

Por falar nisso, esse é um empreendimento bem comum na Arábia Saudita, onde muitos moradores passeiam enquanto fogem do calor. Geralmente são locais com diversas lojas estrangeiras, restaurantes de várias origens comemos em um com pratos do Iêmen e bastante gente circulando. Não somos frequentadores assíduos de lugares assim, mas foi reconfortante andar em um ambiente não dominado por homens.

Como já falado antes, Riade é enorme e precisa ser, pra dar conta de seus cerca de 7,5 milhões de habitantes. Além dos táxis e do Uber, os ônibus são uma boa opção de transporte. Só precisa entender suas rotas e aproveitar as comodidades do veículo, como ar-condicionado (os abrigos que servem de parada também são refrigerados) e pagamento por cartão de crédito dentro do veículo o bilhete custa SAR 4 (R$ 5,50). Não sabíamos disso e compramos um cartão (SAR 10/R$ 13,50), que se mostrou útil apenas porque o Faraó estava sem internet.

As atrações turísticas estão espalhadas pela capital, e concentramos esforços na área em volta do forte Al Masmak, hoje um museu que conta a história do país. Construído em 1865, o edifício foi fundamental na unificação da Arábia Saudita, quando serviu de palco pra batalha de Riade. Com visita gratuita, é possível percorrer várias salas e tentar entender a árvore genealógica da família do rei Abdulaziz, que governa a nação desde 1932.

Ao lado do forte está a praça Alsafat, palco de execuções oficiais até um certo tempo atrás o país continua com essa prática, mas não mais ali. Hoje, o local tem alguns cafés e lanchonetes, além de bancos para o viajante sentar e ver a vida passar. Falando nisso, a cidade abriga calçadas largas e assentos públicos, mesmo que seja difícil encontrar pessoas passeando a pé durante o dia.

A cultura do carro é tão entranhada no país, o segundo maior produtor de petróleo do mundo, que fizemos uma cotação de preços para avaliar se valia mais a pena alugar um automóvel ou viajar de ônibus há 3 grandes empresas que operam em regiões diferentes: North West, Darb Al Watan e Sat.

Eis que, estando em duas pessoas, o investimento seria o mesmo. E ficou mais fácil tomar essa decisão após o desconto de 40% que ganhamos na locadora onde trabalha o saudita que conhecemos no hostel. Até nos lembramos da vez que viajamos com um carro alugado pela Namíbia, com uma alemã, e por Botsuana e África do Sul, com o mineiro Henrique.

A histórica Hegra

No noroeste do país, a cerca de 1.050 km de Riade, está um destino histórico pouco frequentado, mas com uma infraestrutura de dar inveja: Hegra, patrimônio da Unesco desde 2008. Construída pelos nabateus, essa cidade milenar muito lembra Petra, na vizinha Jordânia. Mas com menos turistas e mais mordomia.

O sítio arqueológico fica próximo a AlUla, que tem uma gama considerável de hospedagens, todas elas com preços nada amigáveis aos mochileiros. Lá, ficamos no Pérola de AlUla (SAR 360/R$ 488), onde o quarto tinha móveis novos e o banheiro era bem moderno. O problema foi descobrir o jeito certo de ligar o chuveiro e não ter funcionários a quem recorrer.

Nitidamente AlUla tenta investir em um centro histórico, completamente vazio nas duas manhãs em que passamos por lá. Há casas construídas à maneira antiga, com tijolos que parecem de lama, e onde não é possível entrar. Uma parte do centro está fechada para veículos, mas é possível estacionar em uma das áreas reservadas e ganhar uma carona em um carrinho elétrico de golfe.

Além de uma mesquita em restauração e um centro de artes chamado Art SQ, o centro histórico abriga várias cafeterias e restaurantes. Chegamos a tomar café da manhã com quitutes de uma padaria e café de um food park em frente, que tinha ares de bombar à noite. Por serem muito quentes, os países da Península Arábica possuem uma vida noturna agitada, quando está mais fresco.

Mais para o norte de AlUla está Hegra, a “cidade rodeada de montanhas”, cuja visita só é possível com guia. O site é bem completo e exemplo de como o país tenta movimentar o turismo. Entre os muito tours, optamos pelo de duas horas, que inclui o deslocamento do Winter Park até a entrada do sítio arqueológico e ônibus lá dentro na Arábia Saudita ninguém anda a pé.

A chegada às portas de Hegra é em um pequeno complexo com água e petiscos de boas-vindas e uma cafeteria o café não está incluído. A cidade é menor que Petra, mas possui origem parecida: foi construída pelo mesmo povo (os nabateus que falamos antes), por volta da mesma época (entre o fim da era ac e o início da dc) e na mesma estrutura, com tumbas incrustadas nas montanhas.

A opção pela região de AlUla se deu por esta fazer parte da rota de comércio e possuir solo fértil, devido a um lençol freático presente na região. Para quem visitou Petra, Hegra traz bem menos das construções magníficas, mas a paisagem não perde em nada para a vizinha jordaniana.

A sagrada Medina

Após ver um tanto de história, mudamos de endereço para observar mais da religiosidade que permeia a cultura saudita. Assim, fomos para Medina, uma das duas cidades sagradas para o islamismo, ao lado de Meca.

Quando tentamos obter o eVisa, veio a orientação de que estrangeiros não podem ir a essas duas localidades. Ouvimos diversos relatos sobre elas e ficamos na dúvida se podíamos ou não visitá-las. Por fim, o saudita que conhecemos no hostel em Riade, que era de Medina, nos garantiu que a cidade transpira tranquilidade e que é um ótimo destino para turistas. Reforçou, porém, para não irmos a Meca.

Reservamos um dia para Medina e, como estávamos de carro, nos hospedamos mais longe do centro, no Al Aman. O quarto (SAR 110/R$ 147) não era lá essas coisas e o Wi-Fi funcionava apenas perto da porta. Infelizmente não fizemos registro do Faraó em pé, tentando mexer na internet, mas já ficamos em situação pior, como em Madagascar, em que a conexão era melhor ao lado da privada.

A cidade recebe muitos viajantes muçulmanos, e percebemos isso pela variedade de vestimentas, de mulheres usando burqas pretas e outras com lenços coloridos, além de pessoas negras ou com feições asiáticas.

Dentre as inúmeras mesquistas que há em Medina, ao menos três são muito importantes para o islamismo. Na de Al Qiblatayn, o profeta Maomé, acreditam os muçulmanos, recebeu o comando para mudar a direção das orações, de Jerusalém para Meca.

No moderno e movimentado centro da cidade está a mesquita An Nabawi, a terceira mais antiga do mundo e onde está enterrado Maomé. Não muito longe dali está a mesquita de Quba, a mais antiga. Ela foi construída em 622 pelo profeta e seus companheiros.

Já entramos em algumas mesquitas nessa nossa viagem, em Acra e em Cairo, mas sempre fora do horário das rezas. Desta vez, mesmo perguntando a muçulmanos, não nos sentimos à vontade em visitar esses lugares sagrados, em respeito aos seguidores do islamismo.

A litorânea Gidá

História, religião, está faltando uma prainha, né? Apesar de ser um país muçulmano mais rígido nas vestimentas do que os vizinhos Egito e Jordânia, a Arábia Saudita possui áreas em que é possível aproveitar as águas do mar Vermelho como estamos acostumados no Brasil ou quase.

Passamos alguns dias pela cidade de Gidá, a segunda maior do país e que abriga seu maior porto. Tínhamos ouvido falar como esta seria um Rio de Janeiro, enquanto Riade seria São Paulo, ou como é muito mais flexível à religião. Claro, se você for homem. Vimos muitos de bermuda e até alguns de regata. Na convidativa orla tinha alguns outros correndo.

Mas as mulheres… não há grandes diferenças. Elas mostram mais o rosto, mas esqueça mostrar pernas ou braços. O único local em que se pode usar roupas com mais liberdade são os resorts à beira do mar. Fomos a um, que talvez seja Sheraton ou Marriott (havia uma placa do lado de dentro com o nome do primeiro, mas a rede de Wi-Fi é do segundo), em Silver Sands. Havia o Faraó e muitas mulheres, de biquíni, aproveitando o mar.

Isso, porém, tem seu preço: 125 riais (R$ 169) por pessoa. O valor inclui uma garrafa de água de 1,5L e… só. Além dos resorts, Gidá reúne vários cafés e shoppings, assim como Riade. Queríamos ter aproveitado para passear pelo bairro de A-Balad, como indicou o português Filipe Morato Gomes, do Alma de Viajante, mas o prazo do livro estava apertado e precisamos fazer escolhas. Fica para uma próxima visita a este país distinto.

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