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Moscou transborda história em museus, prédios e parques


Se a ideia que você tem de Moscou é uma cidade cinza, de tons sóbrios, ao velho estilo de Hollywood, repense. Nos dias em que passamos na capital da Rússia, vimos muitas cores, principalmente nos jovens e nos parques. Afinal de contas, é primavera e a neve está quase toda derretida.

“E a guerra?”, você deve estar se perguntando. Observamos poucos sinais de que o palco dela é logo ali, no vizinho. Há bem menos turistas estrangeiros quando comparamos com nossas duas outras visitas a Moscou, em 2013 e em 2019, a Praça Vermelha está totalmente cercada e com checagens policiais –não sabemos se por causa do conflito ou do atentado terrorista de dias antes–, e vários homens fardados e com mochilas cheias aguardam por trens nos terminais que ligam a capital a outras cidades.


Informações práticas*:
  • Média hospedagem: 2.200 rublos (R$ 121,50)
  • Média café da manhã: 650 rublos (R$ 36)
  • Média almoço: 1.813 rublos (R$ 100)
  • Visto: não é necessário para brasileiros
  • Moeda: rublo (1₽ = R$ 0,055)
  • Dica: Na atual conjuntura, com guerra na região, é preciso levar euro ou dólar em espécie para trocar por rublos. Conseguimos uma ótima cotação numa casa de câmbio num shopping moscovita, se compararmos com a negociação que fizemos num aeroporto de Istambul.

* valores para abril de 2024 para duas pessoas


O que mais afeta o turista, no entanto, é a questão financeira, pois cartões das bandeira Visa e Mastercard não funcionam no país após as sanções de governos estrangeiros. Por essas e outras, estimamos uma média de dias e de gastos, acrescentamos 50% e sacamos em euros ainda na Europa, antes de voarmos via Turquia para Moscou. Na cidade, buscamos casas de câmbio para ter rublos em mãos.

Há a opção de obter um cartão de bandeira nacional, o MIR, mas nossa tentativa de conseguir um exemplar foi infrutífera. Pelos preços que encontramos no dia a dia de um viajante, como hospedagem e alimentação, a vida está bem mais confortável do que quando viajávamos pela África e pelo Oriente Médio.

O que fazer em Moscou

Como estivemos na capital russa outras duas vezes, em 2013 e 2019, e com medo de gastar todos os euros antes de terminar a jornada pelo país, optamos por passeios gratuitos. Isso significa que fomos à Praça Vermelha –ok, também batemos ponto no tradicional ponto turístico nas outras visitas– e admiramos de perto a Catedral de São Basílio, o Museu Histórico do Estado, a muralha do Kremlin e o GUM, o luxuoso shopping que completa o quadrilátero.

A diferença deste ano, além dos gradis por toda a área e a forte checagem policial, foi a visita ao Mausoléu de Lênin, que estava em manutenção nas outras passagens por Moscou. Esperamos 25 minutos antes de passarmos por duas checagens, uma delas com detector de metal, e finalmente andar pela Necrópole da Muralha do Kremlin, onde estão vários nomes importantes da história russa, como o líder soviético Josef Stálin, o primeiro homem a viajar pelo espaço, Iuri Gagárin, e John Reed, estadunidense autor de “Dez dias que abalaram o mundo”.

No mausoléu propriamente dito está o corpo embalsamado de Vladimir Lênin, cuja morte completou um século em janeiro deste ano. Não se pode entrar com mochilas (são permitidas apenas bolsas pequenas), qualquer item sobre a cabeça e óculos de sol, e também é preciso ser respeitoso –logo, não ria ou faça gracinhas diante do líder soviético que ali repousa há tanto tempo.

Se o corpo do mais famoso símbolo da URSS fica ao lado do Kremlin, sua imagem está espalhada por toda a cidade. Há um enorme busto dentro da antiga biblioteca com seu nome –hoje chamada de Biblioteca Estatal Russa–, estátuas no Muzeon, um lugar que abriga réplicas em mármore do período soviético, e murais em várias estações de metrô.

Por falar nisso, o sistema subterrâneo é um grande museu de artes. Entre idas e vindas de passeios, contemplamos mosaicos, murais, estátuas, pinturas e muito mármore. É possível passar o dia todo circulando pelos trilhos e fazendo paradas estratégicas para admirar a decoração.

Sem falar que esses lugares tiveram sua importância histórica durante a Guerra Fria, já que algumas estações foram projetadas como abrigos nucleares, como a VDNKh, que, de tão profunda, a escada rolante leva 2min30seg para levar o passageiro de uma ponta a outra.

Cronometramos essa subida quando visitamos o enorme VDNKh, um complexo com dezenas de pavilhões voltados aos feitos da ex-União Soviética e às suas repúblicas, como Armênia e Cazaquistão. As construções são enormes, e vimos até um foguete Vostok no prédio voltado aos cosmos. Pelo menos há vários estandes de comida para quem se cansar de andar tanto por lá. Estivemos lá num sábado e percebemos vários grupos escolares circulando pelo lugar.

Outro passeio gratuito que fizemos pela capital russa foi ir em busca das sete irmãs de Stálin –e não, não são corpos, criptas ou mausoléus. São sete arranha-céus erguidos entre 1947 e 1957 a mando do então líder soviético. Ele queria rivalizar com as metrópoles do Ocidente e, por incrível que pareça, usou como referência o Empire State Building, de Nova York.

Nossas visitas anteriores a Moscou

Como já falamos, por termos passado em duas outras oportunidades pela capital russa, deixamos de lado alguns passeios pagos. Em 2013, por exemplo, entramos no Kremlin e vimos suas igrejas –mas pulamos os museus lá dentro. Kremlin significa fortaleza, e muitas cidades possuem um (Moscou tem até dois), mas cada lugar terá uma característica diferente. Por ser tão emblemático, achamos que vale a pena o passeio lá dentro, ainda mais se for guiado.

Também daquela vez, passamos pelo Museu Histórico do Estado, na Praça Vermelha, que dá um bom panorama da formação da hoje Federação Russa. Na lista entrou ainda a patinação no gelo no Parque Górki, que repetimos em 2019 e só não fizemos agora por já ser fora da temporada. É a maior pista da Europa (não vamos entrar aqui na questão geográfica) e é sensacional desbravar o parque sobre o gelo –só é preciso atenção, pois os russos voam nos patins.

Entrando na nossa passagem de 2019, com os pais da Pati, incluímos no roteiro alguns pontos que valem a pena. A começar pelo Bunker-42, que data da Guerra Fria e possui tour guiado em inglês, às vezes com um guia defensor fervoroso de Stálin. É um dos passeios mais caros (2.200 rublos /R$ 121,50 por pessoa), mas imersão (literal, pois descemos 17 andares para o subsolo) é algo que realmente leva o visitante algumas décadas para o passado, até com simulação de lançamento de bomba.

Para se manter no clima, o Museu dos Cosmonautas (350 rublos/R$ 22), perto do VDNKh, narra a corrida espacial do ponto de vista soviético. Fala da Laika, a cadela que não voltou viva do espaço, mas tem Belka e Strelka, que sobreviveram, empalhadas. O acervo inclui uma cápsula Soyuz e uma réplica de uma estação espacial, onde se pode entrar.

Já se você quiser voltar ainda mais no tempo, a Casa de Campo de Liev Tolstói é aberta para visitação e conta a vida do autor russo e de sua grande família. O museu fica mais afastado do centro, assim como o Kremlin Izmaylovo –que é ainda mais longe. A estrutura é toda branca, com alguns detalhes em cor, e traz em seu interior a melhor feira de suvenir da capital. É bom guardar os rublos para gastar lá.

Por fim, uma extravagância de 2019 foi ir a um espetáculo de balé no Teatro Bolshoi. Ele é grandioso por fora (afinal, bolshoi significa grande), mas nem de longe demonstra o que há por dentro. São seis andares em formato de U, fora as cadeiras de frente para o palco. Se tiver orçamento (e conseguir comprar, já que muitos sites russos estão inacessíveis atualmente), vale incluir no roteiro. Mas lembre-se de levar uma roupa de gala.

E São Petersburgo?

Se Moscou guarda muito do passado soviético, cabe a ex-Leningrado ficar os palácios e suntuosidades –não que falte isso na capital russa. A verdade é que não gostamos muito de lá após nossa passagem de 2019, mas não é por isso que não vamos deixar aqui os pontos altos do nosso roteiro.

Assim como em Moscou, tudo é enorme e é bom reservar um bom tempo para visitar o Hermitage, o Peterhof e o Tsarkoye Selo, até porque os dois últimos ficam mais afastados do centro da cidade. A Fortaleza de Pedro e Paulo pode ser um passeio rápido, mas vale dispensar uma hora para admirar a Igreja do Sangue Derramado (a mais famosa) e a Catedral de Santo Isaac, que dá um banho de mármore de tudo quanto é cor.

Mas atenção! A cidade tem muitos pickpockets (os batedores de carteira) e é bom ficar atento aos bolsos e bolsas –a mãe da Pati que o diga.

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