Durante nossa viagem de 26 dias pela Transiberiana/Transmongoliana, visitamos sete cidades do interior da Rússia. A maioria delas nos mostrou que, de interior, só mesmo a localização, porque eram imensas e com várias atrações turísticas, principalmente as que envolvem história dos anos da União Soviética.
Gostamos tanto da experiência que produzimos um Diário da Transiberiana, no nosso perfil no Instagram e no nosso canal no YouTube. Já fica o convite para nos prestigiar por lá.
Informações práticas*:
- Média hospedagem: 1.800 rublos (R$ 99,50)
- Média café da manhã: 500 rublos (R$ 28,50)
- Média almoço: 790,50 rublos (R$ 45)
- Média jantar: 455 rublos (R$ 25)
- Visto: não é necessário para brasileiros
- Moeda: rublo (1₽ = R$ 0,055)
- Dica: Na atual conjuntura, com guerra na região, é preciso levar euro ou dólar em espécie para trocar por rublos. E encontramos hoteis e hostels no Ostrovok, o app russo de hospedagens.
* valores para abril/maio de 2024 para duas pessoas
Como a Rússia está sob sanções econômicas de alguns países e empresas internacionais por causa da invasão à Ucrânia, em 2022, precisamos nos adaptar. Visa e Mastercard não estão operando dentro do território, então sacamos euros, antes de viajarmos de avião para Moscou, e trocamos em bancos por rublos durante nossa estadia. Em vez de Booking, reservamos as hospedagens via Ostrovok. E também adotamos o Yandex para nos localizarmos nas cidades.
Apesar desses embargos, a vida cotidiana parece como a de qualquer cidade brasileira. Percebemos isso pela forte presença de cafeterias, e adotamos algumas redes por onde passamos: a Skuratov, em Kazan e Novosibirsk, a Traveler’s Coffee, em Irkutsk e Ulan-Ude, e a Simple Coffee, em Ecaterimburgo.
Kazan
Após ficarmos alguns dias em Moscou, viajamos de trem para Kazan, a 5ª maior cidade do país. Nos hospedamos perto do centro e assim pudemos aproveitar melhor os passeios. A rua Bauman, por exemplo, é uma importante via destinada aos pedestres, mas infelizmente boa parte dela estava em obras. Mesmo assim, vimos inúmeros restaurantes, cafeterias e lojas de suvenir, além das casas destinadas aos chack-chack, um doce típico da região.
O Kremlin –fortaleza, em russo– é uma das grandes atrações da cidade e tem entrada gratuita em seu complexo e em alguns prédios, como a Catedral da Anunciação e a Mesquita Kul Sharif. Outros edifícios, porém, são pagos.


























Visitamos o museu-casa Lênin (200 rublos/R$ 11 por pessoa), onde Vladimir Lênin, simbólico nome da União Soviética, viveu com sua família por alguns meses. Há reproduções dos quartos dele, de seus irmãos e de sua mãe, assim como registros fotográficos de sua juventude. Incluímos o endereço na nossa lista inspirados pelo roteiro da Transiberiana da Estrela Vermelha, agência de turismo que mescla história e destinos importantes para o socialismo.
Por falar em história, fomos a dois museus que retratam o cotidiano da época do comunismo, o Museu da Vida Soviética e o da Infância Feliz. Os prédios (750 rublos/R$ 41,50), quase vizinhos, são do mesmo proprietário e possuem um rico e amontoado acervo, com muitas roupas, brinquedos, instrumentos musicais e acessórios. Dá a impressão de que o empresário compra peças usadas e as guarda ou pendura onde dá. Apesar do ambiente meio caótico, gostamos bastante.
Ecaterimburgo
A próxima parada foi Ecaterimburgo, a 4ª maior cidade da Rússia e onde pudemos ver muito da história recente da Rússia, tanto do período soviético quanto de antes e de depois. Sobre a União Soviética, há o Museu de História Militar de Sverdlovsk (170 rublos/R$ 9,50 por pessoa), que apresenta de maneira interativa a vida do locutor Yuri Levitan, responsável pelos boletins da Segunda Guerra Mundial, ou Grande Guerra Patriótica, como é chamada por lá. Infelizmente, o passeio não conta com guia ou textos em inglês.
Já a Igreja do Sangue de Todos os Santos expõe grandes pinturas sobre os Romanov, família que estava no poder até ser destituída e morta pelos bolcheviques, em 1918, dando início à União Soviética. Czar Nicolau 2º, sua esposa e filhos foram assassinados no local, a casa Ipatiev, demolida em 1977 para evitar peregrinações. O templo foi erguido nos anos 2000 e tem uma linda decoração interna.




























E você sabe quem mandou destruir a casa Ipatiev? O então governador da região, Boris Ieltsin. Por falar nisso, há um museu (250 rublos/R$ 14 por pessoa) sobre ele, o primeiro presidente após o fim da União Soviética, que governou a Rússia de 1991 a 1999. A história do território e do político é contada por meio de um grande e interativo acervo dentro do moderno Centro Ieltsin.
Vale a pena também caminhar pela avenida Lênin, onde estão vários prédios importantes, como o Teatro, Ópera e Balé de Ecaterimburgo, em frente à Universidade Federal dos Urais. Na via está, inclusive, a enorme prefeitura e uma estátua de Lênin, obviamente.
Novosibirsk
O destino seguinte foi Novosibirsk, a 3ª maior cidade da Rússia –do top 5, ficou faltando só São Petersburgo, que visitamos em 2019. Após absorver tanta história nos dias anteriores, deu a impressão de não haver muito a ser visto por ali.













No centro está o Museu Kraievedtchesky, com exposições independentes (150 rublos/R$ 8,50 por pessoa). Optamos pela que conta a história da Sibéria e uma outra sobre Novosibirsk. Na primeira, roupas e acessórios mostram como era a vida de quem viveu ali nos últimos milênios. Na segunda, aprendemos sobre a importância da cidade no desenvolvimento da nação, desde a rota da Transiberiana até o período soviético, com o envio de soldados para as trincheiras e as grandes fazendas coletivas.
A região também concentra o Globus, um teatro com arquitetura diferente, e o Teatro, Ópera e Balé de Novosibirsk, o maior do país. Nos surpreendemos ao descobrir que o icônico Bolshoi, na capital, é menor.
Krasnoyarsk
Em Krasnoyarsk, a 8ª maior cidade russa, vimos neve em pleno abril! O centro parece bem planejado, com quadras do mesmo tamanho e calçadas largas, por onde é agradável caminhar. Mas, ao contrário das primeiras paradas da nossa viagem de trem, não há muitos museus que nos interessaram.
Por lá, passamos diante do Teatro, Ópera e Balé de Krasnoyarsk, da Filarmônica e da Catedral da Insurreição. Até cogitamos visitar a ilha Tatyshev, recomendada pela Carla Boechat, do @fuigosteicontei, mas estava muito frio para ficarmos ao relento.









Irkustsk
A cidade seguinte foi Irkutsk, e de cara percebemos uma grande diferença em relação às cidades anteriores: a estação de trem não fica numa região plana. Ao desembarcarmos, tivemos de andar morro acima com nossas mochilas nas costas.
O ideal lá é se hospedar no centro, perto da linha verde que conduz o visitante a 30 atrações da cidade –uma linha vermelha tem o mesmo propósito em Ecaterimburgo, mas não reparamos nela. Em Irkutsk, seguimos as marcações e vimos muitas igrejas, prédios públicos e algumas praças. Diante deles, há totens com informações, em russo, sobre a sua importância.










Listvyanka
Essa cidade não está na rota da Transiberiana, e a visitamos num bate e volta de dois dias (fomos de ônibus e voltamos de van) a partir de Irkutsk. O motivo principal era ver de perto o lago Baikal, o mais profundo do mundo. Pela primeira vez chegamos a um lugar sem reserva de hospedagem e, numa breve caminhada na principal via, à margem da água, achamos uma pousada familiar, com uma bela vista para o Baikal.
Como visitamos o local em abril, a água estava parcialmente congelada. Ainda assim é possível aproveitá-la, pois agências de turismo locais organizam passeios na região. Para visitar a ilha Okhlo, por exemplo, há a opção de um dia inteiro, e no verão é reativado um trecho por onde circula um trem.







Como não tínhamos tanto tempo disponível, fizemos um passeio de 40 minutos (15.000 rublos/R$ 82,50 por pessoa) de hovercraft, chamado de aerodeslizador no Brasil. O veículo, que desliza sob gelo e água, nos levou para um local com três navios abandonados e fez algumas paradas para vermos, bem de longe, focas. Foi uma experiência sensacional.
A cidade é bem pequena, mas atrai muitos turistas. Além das várias agências de turismo e de cafés e restaurantes, há uma roda-gigante e uma feira local, com muitos peixes do Baikal.

Ulan-Ude
Essa foi nossa última parada na Rússia, e lá vimos muitas pessoas com feições asiáticas, o que quebra totalmente o estereótipo de que russos são loiros de olho azul. Assim como Kazan, a cidade adota um alfabeto próprio –mas não se preocupe, pois as placas também têm informações em cirílico.
Um marco de lá é a enorme cabeça de Lênin, com 7 metros de altura, que fica diante de uma grande via, que provavelmente deve sediar apresentações militares em datas festivas. Próximo dali está o Teatro, Ópera e Balé de Ulan-Ude, com uma bela estátua de bailarinos asiáticos.













A principal via, sem surpreender ninguém, é a rua Lênin e, em certo ponto, ela passa a ser exclusiva de pedestres. Há várias lojas e até uma casa onde se hospedou Nicolau 2º, antes de virar czar, quando voltou de sua viagem pelo mundo. A cidade abriga alguns museus, mas, como já estávamos cansados de tanta caminhada pelo interior russo, deixamos a visita para uma próxima vez.















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